Page 92 - Revista da Armada
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             Despedida do Pn'ncipe Regente antes de embarcar para o Brasil, em  2 7 de Novembro de
             Amónio Xavier, pordeferêllcia do Museu da Cidade de Lisboa),
             o bloqueio




             de uma esquadra russa em Lisboa





                Acerca da. invasões france ... em Portugal.      Dezembro, por se esperar que o czar viesse a declarar guer-
             é vasta a literatura 8l1:istenta DO paia. Porém, a   ra àlnglaterra.
                                                                   Navegando, portanto, para Cádis, passou ao largo da-
             maioria  doa  facto.  historiado.  relaciona-••
                                                                quele porto, em 19 de Outubro, sem ali entrar. Contornou
             com u  operações terrestres, sendo escas80s 08     depois a  costa de Portugal e, ao aproximar-se do paralelo
             corre.pondentes à parte naval.                     39°,  apanhou violento temporal, sendo forçada a arribar ao
                                                                Tejo. Era então constituida pelos navios  de linha  I<Twer-
                POI esta razão, t9m grande interesse o que tem escrito   dob,  uSkoroy",  "St. Helene»,  "Salafaeh,  KRatvizanll,  ~Sil­
             sobre Napoleão o professor universitário none-americano   noy »,  "MotchnoYIl,  «Iüldeynll,  "S.  Rafaeh ,  «Jaroslavll  e
             Donald Horward, radicado na Florida. Entre seis livros e nu-  «Koldun ».
             merosos artigos que publicou, destaco destes Ultimas "Por-  Entretanto, Napoleão tinha insistido com Portugal para
             tugaI and the Anglo-Russian Naval Criais (1808)., da Naval   que cortasse os laços politicos, económicos e diplomáticos
             Wsr College Review, de Maio/Junho de 1981. Com grande   com a Inglaterra, fechando-lhe os portos, e afirmava que, se
             minúcia e  clarividência, descreve o que se passou em Lis-  tal não fosse aceite até 1 de Setembro, um exército francês
             boa naquela época, destacando as relações entre os portu-  apoiado por forças militares espanholas invadiria o reino.
             gueses, as tropas invasoras francesas de Junot, a esquadra   Em Outubro, devido à impassibilidade dos portugueses,
             IUssa bloqueada no Tejo sob o comando do vice-almirante   e  depois de se saber que Bonaparte ordenara ao general
             Dimitri Siniavin, e  a esquadra inglesa inicialmente coman-  Andoche Junot para invadir Portugal, o Governo começou
             dada pelo contra-almirante Sidney Smith e depois, reforça-  a preparar apressadamente a  retirada da familia real para
             da com mais navios, pelo vice-almirante Charles Cottan que   o  Brasil,  tendo  o  visconde  de  Anadia,  encarregado  do
             fazia o bloqueio.                                  aprontamento dos navios, desenvolvido grande actividade
                                                                 nesse sentido.
                                                                   Em 20 de Novembro, o  contra-almirante Sidney Smith,
                                     *                          embarcado no «HibemiSII, mandou publicar e divulgar a se-
                Em 1807, os russos mantinham operações navais no Me-  guinte ordem: A  foz do Tejo é declarada num estado de for-
             diterrâneo contra a França e seus satélites. Mas, o Tratado   tebloquejo, enqusntodurarapresentesituaçdo.
             de Tilsit, de Julho desse mesmo ano, entre Napoleão e  o   Em 24 do mesmo mês, o Príncipe Regente D.  João criou
             czar Alexandre I, veio pôr termo a esses conflitos, deixando   um Conselho de Regênciapara o substituir e a 27 embarcou
             a Rilssia de ser aliada da Inglaterra e  passando a  sê-lo de   a família real. A 29 largou do Tejo a esquadra, composta de
             França.                                             B naus, 4 fragatas, 12 brigues e duas escunas, acompanha-
                A esquadra russa, que em principios de Setembro se en-  da de 40 navios mercantes. O  Príncipe Regente seguiu a
             contrava em Corfu, foi mandada seguir para Cádis, embora   bordo da nau  ~Rainha de Portugal •. Eram ao todo 15 mil
             ....                                               pessoas que seguiram na esquadra, pertencendo a  maior
             correndo o risco de ser interceptada por forças navaís ingle-
                                                                parte às classes maís abastadas do pais .
               Estava previsto que deveria alcançar o Bãltico antes de   Muitos outros navios ficaram em Lisboa, uns por falta de

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