Page 5 - Revista da Armada
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& Nota de Abertura









                    Juramentos de bandeira





                 ertamente que poucos leitores se lembrarão já
                 do dia 31  de Outubro passac!o. Mas eu lembro-
           C -me pe:"feitamente.  Manhã radiosa.  céu de um
           azul puríssimo, temperatura amena ... um daqueles dias
           que são quase um exclusivo  português e  constituem
           agora uma das poucas riquezas  que nos  restam, das
           muitas que tivemos e não soubemos aproveitar!
              Convidado para assistir a um juramento de bandeira
           no Grupo D. 1 de Escolas da Armada, levantei-me bem
                     O
           cedo a pensar no tempo que poderia perder na barafun·
           da do trânsito. E estava cheio de razão, pois, de Benfica
           ao Edificio da Marinha levei uma hora, de carro, e  dali
           a  Vila Franca de Xira,  mais outra!  Mas valeu a  pena,
           como vão ver pelo que segue.
              Há quem pense que as cerimónias de juramento de
           bandeira são todas iguais a, por isso, não têm interesse.
           Puro engano. Para mim há sempre, em cada uma, qual-
           quer coisa de novo ou, pelo menos, um ou outro porme-
           nor que nos  prende a  atenção.  E  foi  realmente o  que
           aconteceu.
              Quando cheguei à  tribuna de honra o cenário estava
           montado. Formados em frente, na parada, mais de 700
           recrutas da 3.- incorporação de 1986, com Bandeira Na-
                                                               Dá gosto vê-los marchar naquele passo miudinho e
           cional e  Guião da Unidade. Do lado esquerdo a  Banda
                                                            gingão que é  tradicional  na  Marinha e  espero nunca
           da Armada e  do direito outra tribuna com convidados.
           A toda a volta, a  moldura humana de familiares e  ami-  mude.
                                                               Foi uma festa bonita, com o Tejo - o rio que está no
           gos do pessoal em serviço no Grupo e dos recrutas que
                                                            coração de todos os marinheiros portugueses -a servir
           juraravam bandeira, os verdadeiros reis da festa.
                                                            de pano de fundo, correndo manso e  azul em direcção
              E a cerim6nia começou. À hora exacta. O programa
           foi-se cumprindo, esse sim, mais ou menos igual ao de   ao mar.
                                                               Mais  uma fornada de futuros  marinheiros  que  vai
           todos os juramentos de bandeira -  impoSição de con-
                                                            .  agora frequentar as escolas de especialização, orgulho-
           decorações e distribuição de prémios escolares; exorta-
           ção aos recrutas e  leitura dos deveres militares;  com-  sos  do  seu  alcaxa,  honrado  e  glorificado  por  muitas
                                                            gerações no mar, em terra e no ar.
           promisso  solene de  juramento  perante  o  Estandarte
           Nacional; Hino Nacional executado pela Banda e canta-  A Academia da Leziria,  como ê  conhecida na gUia
                                                            naval, que é a maior unidade da Armada. mais uma vez
           do em coro pelos novos marinheiros; desfile perante a
           tribuna; demonstrações de ordem unida e de educação   esteve à altura dos seus pergaminhos.
                                                               Vem a  propósito lembrar um periodo daquela carta
           fisica.
                                                            do pai de um recruta, publicada no D.O 180 desta Revis-
             Os dois últimos números decorreram ao som de mu-
           sica adequada pela Banda - a .Maria Papoila .. , de Raul   ta, da 1.- incorporação deste mesmo ano. e dirigida ao
                                                            comandante do Grupo de Escolas:
           Ferrão.  canção  popular  celebrizada  pela  saudosa  e
           grande artista Milita Casimiro, e a  CilBalada da Despedi-  .(. .. ) Bem haja, pois, o punhado de cidadãos (foJe, em
                                                            cada geração, toma para sua profissão e oficio a carreira
           da_, fado de Coimbra e êxito recente de que é intérprete
           e autor o dr. Machado Soares. Antes, durante o desfile.   das armas. em especial nos quadros da Armada - essa
                                                            instituição nacional em cuja história se espelha a  pr6-
           a  Banda executou a  marcha militar «Escola de Alunos
           Marinheiros., da autoria do respectivo chefe. capitão-  pria história de Portugal. li
                                                               E terminamos com os parabéns ao capitão-de-mar-e-
           ·tenente MUS Manuel Ba.!tazar. E  isto foi  já para mim
                                                            -guerra Sã Vaz. e  aos seus oficiais, sargentos e praças,
           uma novidade, pois achei uma maneira muito interes-
                                                            pelo magnifico espectáculo que prepararam e  oferece-
           sante de ligar a música ao que se estava apassar.
             Mas não foi  s6 isso que ali vi de novo. Vi tambêm. e   rama quantos tiveram a sorte de a ele assistir.
           com muita satisfação o digo, que os mancebos recruta-
           dos para servir a Armada são cada vez de melhor nível
           cultural, de maior aprumo e mais disciplinados.
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