Page 10 - Revista da Armada
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_  Quebra as amarras, mClllzol·io,  vai   O mar cavava-se em abismos de I/au-  Partill, fugiu sobre o  revollo,  o  vasto
                                  Isozillho,                         Ifrágio ...                       IOceal/o!
           Vaiparaomar!                      -  No  elllamo,  OIlVilldo  a  voz  das   Parliu depressa,  e Ido  segura  da  via·
                                                         {aI/das, sempreallsiosa,                          {gem,
           Vai para omar ...                 Não  se  escmavam  nem  receios,  nem   Como um "avio que .\·ürgrasse a todo
           Pois só o mar,  qlle é lraiçoeiro,  é que             {presságios! ...                       {o pano,
                                Inãomente:   E o navio arquejava. "a/pitava ...   O leme firme. a IJroa leve, e 110 equipa-
           - Floresce em ilhas para O náufrago   Tomos anos ficara, envelheceI/do.                         Igem
                                 limpaciente   Na  ágrla  trisle,  1/0 água morta,  jllfllo   Uma  energia  de  desejo  sobre-huma-
           E para  O sonho que deseja  repousar.                      {ao cais,                           {no!  ...
           Simples  miragem? ..  O que  impor-  Qlle  a apelo  do  mar o  il/timidava ...
                          lta?  .. Seamiragem   - As nllvens baixas .w/llçavam  vel/-  E el/tlio- prodfgio.'. .. -
           Nos  lrouxe  a  febre  de  l}llrt;r  e  de              Ivem/avais,   Allle ° horizollfe que ° chanUlva, que
                                   laportar,   A lIoite "egra ia caindo, ia tlescelldo ...              {se abria,
           A primavera rel/ascente da viagem! ...   -  Mas,  sem  e"xárcills  e  sem  velas.   Era  III"  navio  esbelto e  1I0VO ° que
            Deixa o Passado junto ao cilis. ó mell                {pobrezinho,                           {partia.
                                    Inavio!   Na Slla proa havia U/1/ SOl/110,  alvore-  Mirando  lI'água  o sell  perfil adoles-
           - Solllça lento ° fado trisle lias guitar-                  {cendo,                            {cellte!
                                       Iras,   Um  SOl/lia  iI/quieto  de  fugir.  tudo   O Sol vestira o vellw barco de alegria,
            fiá  beijos qllenles nas wbernas sobre                {esquecendo.   Prel/dera  velas  ele  ouro  flufdo  (lOS
                                    lo rio ...   Um  JOl/ho  allil'o  de  rasgar  o  seu          Ivelhos mastro.ç,
            Vai para o mar,  vai para o mar, que-                   {camillho!   E,  1/0 mais 0110.  a mergulhar na  luz
                             Ibm as amarras,                                                            {ardente,
            Não oiças mais o sell encanto doentio!                              Um  pavilhão batia ao  vel/to, feito  de
            Mas.  ao partir,  para galgar com rapi-  Fllgir! ... Deixar                                  {t/Slros!
                                       Idez   ES.m Iristeza de ser nau -e "lio vogar,   E fUi  miragem (111m fl/luro  de  eSlJlen·
            A nQiteeo espaço,                 Essa  agonia de ser livre - e de es/ar                       {dor,
                                                                     {preso! ..
            A/ira  ao  fundo  com  leu  laslro  de                              COr/afldo  as  vagas,  o  IIav;o  corre
                                 IlIIlIargllra,   Aclara a "oite,  lento t.  lemo, ..  Surge              {tamo.
            Com O teu  lastro de agol/ia e de call-                    'o/uar.   - Que só as  nuvens véem bem o seu
                                      Isaço,   Todo  o  horiZOllle abrasa  em  lume e                   lerlcanlO.
           - De  vida morta,  de  lIida  imp"ra -              lesplel/de, aceso.'   Que o vemo segue o .,·eu impulso guia-
            E a  proa  em  riste,  elllre  gaivotas  a   E ti  luz  serena.  ti grande  luz  da  lua       {dor,
                                    Icamar.                            Icheia,   E só O  mar,  calafldo tIS aI/das desvai-
            Vai pllra omar!.                  Curvas  de  vagas  eram  dorsos  de                         Iradas,
                                                                       {sereill,   Ollve a ambição das SIltIJ  velas el/fll·
                           /I                 Vozes  de  espuma  eram  segredos  de                       {m/das.
            Nllmdia                                                    {sereill,
            De lempora/ e de il/vemia,        A  all/ll/ciar portos ideais.  IIovas  der-  - Amia de  vida,  allsia de lrlta,  ansia
            As amarras parlidas,  barra  em fora,                       lrolas                          {de amor!
            Veio ol/avio, cambaleamemellte!   Para  UIII  céu calmo,  11m céu risollho,
            Era  11m  dia  sem  Illz .  11m  dia  sem            Iqlle se arqueia
                                    lourara,   Sobre plagas igllows!             o PASSADO
            Um dill sem poeme ...
            E em freI/te                                                         A voz do Maré como um grande bater
            Ao IlOrizonte adormecido,         E o lIavio palpita, arqlleja mais!                        Id·asas ...
            - Sombra ell/re sombras - aI/avio,   _  Do IlIar frio,  que desmaia,  rompe
                                 Ide repenle,                        la aurora,   O velho porto dorme.  E el1lre o si/ér/-
            Ficou  imóvel,  lIesilOu,  arrependido   Na  espuma vem o sabor quente dOI/-               {cio fu"do
            De ter deixado, para I/Ill/ca mais.                     {Iras mares.   As ondas.  ao  morrer  110  limiar  das
            O seu descanso,  o sefl remal/so junto   No vemo sopram epOIJeias ancestrtlis.                {casas,
                                   100 cais ...   No Jol qlle rompe há /Imo luz que revi-  Trazem  fia  espuma  leve  o desejo  do
                                                                       {gora ...                         Imllndo.
            ParO/l ... Gemeu ..                Chegara  a  hom  de  pttrlir,  chegam a   Leve  espuma! ...  Suspira  assim  que
            Chorava  toda  uma  elegia  dolorOJa                         {hora                       Ibeija a/erra.
            Nesse gemido que o mar-alto enwde-  Em que a alvorada acorda os homens  t  mellOl'  do  que  pó,  desfaz-se  pelo
                                       Iceu:                     II/oS seus lares,                          lar ...
            - Era a saudade da existência pregui-  Acorda  a  vida  para a faina  sobre  o   Mas  lião  sei  que  perfllme  a fIor  da
                                      lçosa?                           Imundo.                    {espuma el/cerra
            - Era o receio da viagem tormemo.m?   E a espada justa dos heróis, e a fé do   Que perfllme de anseio a vastidão (lo
                                                                        lerel/le!                        Imar! ...
            No céu de illvemo o  venlQ arfoll,  gri-  _  E o  velho  b(lrco,  ébrio do Sol,  ao  Simo. sinto el/volver-me o seu etlcalllO
                               /tOIl,  cre.~cell ...               ISo/nasceI/te,                       {amargo,

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