Page 303 - Revista da Armada
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rio  das obr.1S  publicas, que possuia  todos os meios technicos e  serviço dos pharocs, que estava  a cargo de uma  commissão
           administrativos p.1ra as levar â execuç.'io em qualquer localidade,  nome,1da para esle fim peJa portaria de 21 de julho de 1865.
           quando o ministerio da marinha, não os tendo, havia de os requi-  Depois de feita esta entrega  por meio de um  minucioso inven-
           sitar áqueJle ministerio e abster-se da sua ingerencia inunediata  tario, assignado em 5 de fevereiro de 1869, esperava que se publi-
           n'esta parle importante dos pharoes.                casse em seguida alguma cousa mais que esclarecesse aquella p.1S-
            :fJ Que, dependendo a escolha da posição dos pharoes, boias e  sagem do sen~ço dos pharoes e se referisse aos trabalhos da ulti-
                                                                                      2
           marcas maritimas dos  trabalhos da secção hydrographica, e  ma  commissào, documento n 7, apresentados ao sr. conselheiro
           achando--se esta, por considerações principalmente eronomicas,  Sebastião Lopes de C'lIheiros e Menezes, então ministro das obras
           no ministerio das obras publicas, tinha  tambem o ministerio da  publicas; porem  nada  mais appareceu  n'aquella epocha sobre
           marinha de requisitar áqueUe este sen~ço.           assumpto tão  urgente, e só depois da saída d'aquelle ministro
            (jJ Que tendo prinopiado a direcção dos telegraphos a est.,be-  teve logar a portaria de 14 de outubro de 1870, documento nO 10,
           k>eer as est.,çôes semaphoricas, eram estas construidas ao lado  que approva, em conformidade com o parecer da junta consultiva
           dos  pharoes, nos quaes geralmente não ha\"ia  mais do que um  de obras publicas e minas, o plano geral de illuminação maritima
           pharoleiro, que mal  podia desempenhar as suas obrigações,  da costa de Portugal, que eu tinh..1 apresentado com data de 27 de
           quando se  encontravam  n'aquelJas  estações  dois  e  tres  janeiro de 1866, documento n 4.
                                                                                     ll
           tclegraphistas ou  semaphoricos que  podiam estar muitos dias   Resta  finalmente,  para se realisar esta reforma, em harnlonia
           sem ter que fazer, recebendo comrudo                                     com as considerações exaradas  nos
           maiores vencimentos.                                                     documentos juntos, proceder primeiro
             7J Que o instituto industrial, onde                                    ás seguintes disposições:
           existe o curso de habilitação para os                                      1" Nomear a commissão a que se
           pharoleiros, também  pertencia  ao                                       refere o projecto de organisação para
           ministerio das obras publicas, e que                                     os  pharoes e serviços annexos, docu-
           ampliando-se ali a offiona dos instru-                                   mento  n~ 7, para tratar dos assumptos
           mentos de preciscio, para os candieiros                                  ali consignados.
           e apparelhos dos pharoes, podiam                                           2Il  Encarregar esta  commissào em
           aquelles alumnos adquirir juntamente                                     primeiro logar d'aquelIes trabalhos
           noções  praticas a trabalhos, o que                                      fundamentaes que Soe  tomarem indis·
           muito convinha, não só  para ficarem                                     pensaveis para apresentar com brevi·
           conhecendo a construcção e o uso de                                      dade dois orçamentos:
           todas as peças que os formavam, mas                                        Um da despeza extraordinaria que
           tambem  para  poderem depois  fazer                                      há a fazer com a construcção de novos
           alguns  reparos urgentes,  principal-                                    edifioos para pharoes, acquisição dos
           mente  n'aquelJes  pharoes  quasi                                        apparelhos luminosos, e com  todas as
           incommunicaveis ou  muito afastados                                      obras e melhoramentos; Outro da
           das respectivas offidnas.                                                despeza  ordinaria annual  com  o
             Estas e muitas outras obsen·açõcs,                                     custeamento de todo este ramo de
           que omitto aqui, me  fizeram con-                                        sen~c;o publico depois de completo.
           vencer da  vant.1gem  de que o serviço                                     3!t O actual direito de tonelagem e
           dos pharoes voltasse para o ministério                                   ancoragem, que rendeu  no  ultimo
           das obras publicas, visto que no esta-                                   anno de 1871  a quantia de 87:760$469
           do  em  que  se  achava  n'aquella                                       réis,  procede da antiga contribuição
           epocha, em  virtude das difficuldades                                    para  pharoes, deixando de  ter esta
           que se oppunham ao  seu devido                                           denominação desde 1836.
           desenvolvimento,  não  podia conti-                                        Se o producto d'este imposto fosse
           nuar com credito para o ministerio da                                    applicado para pharoes, como na
           marinha e para mim na qualidade de   Fac-similt d4 1! 1'igm4 do afumj di I di FtM'tIroac 1;58, ~ nwulou   primitiva, era  mais que sufficiente
           inspector.                     trigir stis jzrói> lIil rosllI mdillnr/QJ, (XlIII tW ilumlllum l1li tmrgtm   para se obter com eUe uma completa
                                          ~ldrolllll'7ltomllicgmlilmmltpdoCmtrodt~
             Entendi portanto que fazia um bom   .Cas! do Gmz/tintli p:Irlíl~J.     organisação  d'este  e  de  outros
           sen~ço em levar ao conhecimento do                                       serviços que lhe são annexos; porém a
           governo todas as cirrumstancias acima referidas, do que resultou   verba que vem para pharoes no orçamento do estado para 1872·
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           o decreto de 5 de março de 1868, documento n 6, que nomeou   1873 é unicamente de 18:589S800 réis,  e o resto 69:170S649  réis
           uma commissào para apresentar, em harmonia com os con-  entra no cofre geral da fazenda publica.
           siderandos ali expostos, um  plano geral de organisação para os   Não se podendo toda\ia desfalcar a receita publica d'esta a\-uI-
           pharoes e serviços annexos, tanto no pessoal como no material.   tada quantia sem ha\'er outra equivalente para  a substituir, será
             Quando esta commissão concluiu os seus trabalhos em 31  de  necessario talvez augmentar o direito de tonelagem e ancoragem
                                                 Q
           dezembro d'aquelle anno de 1868, documento n 7, acabava de  quanto seja sufficiente para satisfazer os encargos d'esta reforma,
           resolver-se por uma f6rma  muito laromca  o regresso do sen<iço  ou crear um imposto expressamente para pharoes, marcas mariti-
           dos pharoes do ministerio da marinha para o ministerio das obras  mas e serviços annexos.
           publicas, como se vê no  decreto de 29 de dezembro d'aquelle   Em  qualquer dos casos se póde resolver facilmente esta
           mesmo anno, que trata  de reforma da secretaria d'estado dos  questão, porque sendo de 100 reis por metro cúbico o direito que
           nl'gocios da marinha e ultramar, e que apresenta no capitulo  o  se paga  presentemente em Portugal de tonelagem e ancoragem,
           seguinte artigo 8J1: "O senriço dos pharoes passa a ser dependen-  incluindo pharoes, está muito abaixo do que se exige para este fim
           tia do ministerio das obras publicas, commertio e industria".   em outras nações.                    8
             E com data de 20  de janeiro de 1869 recebi  um officio, pela
           direcção geral  de marinha, documento n 8,  para entregar ao   Lisboa, 8 de julho de 1872
                                            Q
           director geral dos telegraphos a administração e inspecção dos   Franosco Maria Pereira da Silva
           pharoes. Devo porém advertir néste lugar que eu nada tinha com
           a administração d'estes, como se  \'ê no documento n 9, o que                            T eixeim de Aguilnr
                                                     Q
           tinha solicitado até que se levasse a effeito a organisação geral do                               CMe
                                                                                 REVlS"T A DA ARMADA  •  SETEMSRO/OIJTUBK) 97  1 3
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