Page 54 - Revista da Armada
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CNID


              ' •• fessores e. for.afão no CIIID



            ntegrado no programa de fornlação da eqUiP.l de professores  desem'oveu em  relação a todo o processo de aprendizagem. a
            que o Ministério da Educay'io destacou  p.1m  o CNED, com o  fOl1Thl  como trata a infol1Thlção e a situação em que se  produz a
         I fim de desenvolver as componentes de fonnaç.io geral e especí-  aprcndi7...agem.
         fica do ensino secundário. p.lrn o futuro curso de fOrm.lçãO de sar~   S.,bernlOS como é que este sistema fundon.l  ao longo do tempo
         gentos, rea!izou-se de 18 a 23 de Novembro um seminário sobre  em que se desenvolve WTIa  aprendizagem é colocar em questão ii
         "Aprendizagem e Fornlação", conduzido por Jean Berb.''Illm, pro--  sua dinâmica.  Embora  possamos olhar o  processo de aprendiz..l·
         fessor ernérilo da Universidade de Grenoble.        gem de numerosos pontos de vista, importa realçar que os conheci·
           O Professor Berbaum é o autor do modelo de aprendiz..lgem que,  menlOS  novos se encontrem sempre a partir de conhecimentos
         desde o início, tem  inspirado e orientado a acti\~dade do CNED.  anteriores. através da asscri,ção e integração, o que quer dizer que
         Basemldo-se num grande número de testemunhos e observações. o  no centro da actividade de aprendizagem se encontra uma activj-
         Prof. Berb.,um e a sua equip.' construiram um mooelo sistémico de  dade de relacion.,mento e organização dos dados recolhidos.  Para
         aprendiL'gem, que colocando-sc a quest.'io central: O que é apren-  adquirir um novo comportamento. o aluno terá de ser capaz. de
         der? sintetiz.' os conhecimentos actuais sobre o nosso processo de  escolher a articulação entre uma série de acções possíveis que deve-
         aprendiz.'gem.                                      rá poder repetir, e por isso aprender. Desta fomla, a passagem do
           O mooelo, pennitindo um melhor conhecimento do aluno e das  fazer, a aprender a fazer Iig.,-se com  a tomada de consciência da
         suas necessidades, toma possível con-  ~ _____ ~== __________ ...  sua  maneira de fazer. Trata-se de
         ceber a fonnação numa perspectiva de                                      uma actividade de explicitação das
         facilitação da aprendiL.'gem e de p~                                      relações existentes,  não já  somente
         gramas de ajuda à aprendiz.'gem.                                          entre dados cognitivos, mas entre as
           O Programa  de Ajuda ao  Desen-                                         actividades comportamentais em
         volvimento  da  Capacidade  de                                            causa. A dinámica da aprendiL.'gem
         Aprendizagem - PADECA - funda-                                            é. pois, uma dinâmica de construção
         mentado  nas  obras do  Professor                                         que, p.,rtindo das aquisições espon-
         Berb.,um, tem vindo a ser aplicado em                                     tâneas que se produzem no decorrer
         numerosas experiências em  França e                                       das aprendizagens espontâneas do
         em Portugal.                                                               nosso quotidinno, se desenvolve
           Os comportamentos do ser humano                                         quando o aluno .se dã  a si  mesmo o
         podem ser reportados a três dimen-                                        objectivo de elaborar essa construção.
         sões psíquicas: a cognitiva, a afectivél e                                 Isto implica que os 5.1beres propostos
         a volitiva, pelo que se pode dizer que                                     por uma formaç.io fOrm.1! nào devam
         a aprendizagem envolve a dimens.'io cognitiva; que esse comporta-  constituir um fim em si. É em relação ao saber eem relação à apren-
         mento envolve motivações ou  interesse nessa aprendizagem, ou  diz..1gem  que os objectos de aprendiz..1gem  podem ganhar um
         sej.1, a dimensão voliti"a, e que o gosto pela aprendizagem reflecte  estatuto próprio, não se confundindo com OS exerácios que os
         a dimens.'io afectiva.                              alunos devem reatiz..1r.
           Na prática, aprender corresponde a pôr em funcionamento cinco   O  modelo  permite liga r a dinâmica de aprendizagem  ii
         funções directamente observáveis. Aprender  pressupõe, antes de  evolução das funções e da estnttura, na perspectiva de uma fina Ii-
         mais um  projecto de aprendizagem, ou seja,  implica a escolha de  dade de modificação do ser. Constata-se a p.1SSo1gem do fazer, que
         um objectivo (que envolve Um.1 necessidade. uma c.lp.1cidade, Um.1   é uma produção, ao aprender, que é uma  transfonnação. Mas,
         utilidade, um desejo) e de um caminho para o atingir a situação ou  para aprender é necessário que, em primeiro lugar, se fuça e tome
         situações em que se predispõe a aprender - cirrunstâncias logisti-  consciência da  maneira de fazer.  E para  aprender a aprender é
         C3S, espaciais, temporais e outras. Aprender pressupõe ainda o  necess.írio que, em primeiro lugar, se aprenda a tomar consciência
         desenvolvimento de atitudes favoráveis, particularmente em  da  maneira de aprender, porque aprender é construir o fazer,
         relação ao seu projecto de aprendizagem e de confiança  em si  para  fazer.  E aprender a aprender é constituir o aprender p.,ra
         próprio. 5..io estas três funções que tomam possível o exercício das  melhor aprender.  Vemos assim desenvolver-se uma  dinàmici"l
         outras duas funções que intervêem na aprendizagem: ° tratamento  que, a partir das  aquisições, elabora um  percurso de realiz..1ção
         da informação, que permitirá que o aluno reconstrua o objecto para  das tarefas e depois de aprendililgem, quer dizer, de evolução,
         si próprio e o distanciamento que consiste numa  permanente pre-  que lhe permitirá um melhoramento progressivo, através do con-
         ocupação em saber onde se está e o que falta ainda fazer para que o  fronto de situações diversas e variadas.
         objectivo sej.l atingido.                             A adopção do modelo conduz à ronce~ão de acções de for-
           O aluno poderá desenvolver o saber, o querer e o gostar de  mação que tomem em conta todas as dimensões da aprendiL.1gem
         aprender, através da interacção destas cinco funções, preenchendo,  e as interacções entre as  funções e a estrutura  que nela  intervêm.
         as dimensões cognitiva, volitiva e afectiva, a que correspondem  Isto quer dizer que se deve procurar criar as estruturas que possam
         directamente num processo de aprendizagem.          fazer emergir no aluno as funções que a aprendizagem supõe.
           A glob.llidade do aprender implica uma estrutum, em que o acto   O mooelo descrito é um instrumento poderoso de planeamento e
         se contextualiza e sobre a qual  produz mooificaçôes.  Para desen-  acção para o ensino a distância, que tem como um dos seus objec-
         volver um projecto de aprendizagem será necessário ter em conta a  tivos, para aJém de facult.'lT um.1 qualquer aprendizagem, o desen-
         estrutura em que llaSCE' o projecto de aprendizagem de c.1da aluno  volvimento das cap.1cidades de aprendiz.1gem do aluno, nomeada-
         e a din,;mica das cinco funções de que já falámos.   mente  nas dimensões de independência, autonomiél e controlo da
           Ajudar o aluno a aprender é, antes de mais, ajudá-lo a conhecer a  pTÓpri.1 aprendizagem.          g
         sua maneira de aprender. Ou seja, ajudá-lo a conhecer a forma
         como ele próprio constrói o seu projecto de aprendizagem, a forma                          Ferrrim da 5;/00
         de se distanciar do que aprendeu ou do que já sabe, as atitudes que                                 CFR

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