Page 313 - Revista da Armada
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Notas:                             um caso de invulgar longevidade: entrou ao serviço   a recuperação do navio, o seu Comandante escrevia
         (1) Obra do Marquês de Pombal, concretizada em 1764,  em 1876 e foi abatida exactamente 60 anos depois!  em nota: …para combate a sua principal defeza
         no dizer de Júlio de Castilho "… um dos instrumentos   (9) Faça-se justiça ao Dr. Jacinto Cândido da Silva, patrono  é a velocidade maxima.
         mais eficazes que teve o grande pensador para amalgamar  do programa parcialmente concretizado nos novos navios  (18) Uma crítica efectuada foi a falta de uma cinta
         as classes."                       construídos no final do século XIX e que incluiu ainda   couraçada, … que o tornaria protegido verticalmente
         (2) Oliveira Marques, na sua História de Portugal.   a modernização da corveta-couraçada "Vasco da Gama".   e faria com que os projecteis explodissem antes
         A cronologia parece, no entanto, não ser inteiramente   (10) Numa conferência realizada no CMN, então   de chegar ao convez.
         pacífica. Jorge Custódio, em A Máquina a Vapor    um forum de discussão muito activo, o 1Ten Pereira   (19) Na altura foi afirmado: o cruzador "D.Carlos I" está
         de Soure, edição Fundação Belmiro de Azevedo,   do Valle, oficial que tinha acompanhado a construção  poderosamente armado, mas mal municiado… problema
         Porto (1998) dá,                   dizia: … levantou-se uma campanha contra, começando  que também se dizia poder ser resolvido em 7 dias…
         no entanto, a questão como … praticamente resolvida   logo no dia em que elle entrou no Tejo, quando mesmo  (20) Os motores eléctricos ainda não eram utilizados
         (em 1994) com a publicação de um estudo sobre Lisboa   ainda nada se sabia nem dizia a seu respeito. Essa   nestes sistemas (nesta altura efectuavam-se experiências
         industrial integrado na obra coordenada por Irisalva  campanha é inteiramente errada e injusta: errada porque  com electricidade a bordo de navios da Royal Navy).
         Moita…, que considera coevas as primeiras  aplicações  se não baseia  em factos verdadeiros….. e appela para   (21) A dotação era de 10 torpedos Whitehead de 50 kg
         marítima e terrestre da máquina a vapor  em Portugal.  a Imprensa pedindo-lhe que levante opinião publica,   de carga, modelo de 1896 (4,52 m comprimento, 323 kg).
         Factos indisputáveis são a chegada do vapor em aplicação  não consentindo que qualquer  ignorante escreva   (22) A aplicação de caldeiras aquitubulares do tipo
         marítima a bordo do "Conde de Palmella" (navio de   assumptos technicos que desconhece …  Yarrow nas marinhas de guerra tinha-se limitado a navios
         transporte fluvial) em 1820 e a sua introdução  na Armada  (11) Apesar de na imprensa da época se ter referido   de pequena tonelagem, caso dos torpedeiros. Em navios
         Real, no vapor "Jorge IV" (depois "Napier") em 1834.  a política dos cruzadores, o "D.Carlos I" foi realmente   maiores, tinham apenas sido empregues em três
         (3) Que se rearmava após o desaire nos conflitos   o único cruzador que arvorou o pavilhão nacional.   cruzadores de 3600 tons, construídos para a marinha
         com os EUA em Cuba e nas Filipinas (1898).  A ilusão dos cruzadores vai ser ephemera, escreveu-se   holandesa: o Holland, o Zeeland e o Friesland.
         (4) Apesar de tudo, as despesas da época com a Defesa  em 1909. Estavam certos.   (23) Nas fragatas da classe "Almirante Pereira da Silva",
         representavam cerca de 20% das despesas do Estado,  (12) Durante muitos anos as cinzas foram atiradas ao mar  os nossos últimos navios a vapor, a potência
         sendo as da Marinha cerca de metade das do Exército.  sem qualquer cuidado, mas nos finais do século   da instalação propulsora era de 20000 hp, sendo o vapor
         (5) Este valor só virá a ser ultrapassado nos anos imediatos  em Inglaterra foi introduzida legislação que proibia   produzido em duas caldeiras (vapor sobreaquecido).
         à IIª guerra mundial quando, apesar da feroz oposição   a sua descarga nos portos. Em termos operacionais   (24) João de Sousa Duarte, 1T EMQ (1940)
         do então ministro da Defesa Santos Costa, é concretizada   a descarga das cinzas era também uma limitação   (25) Máquina alternativa de dupla expansão.
         a cedência das fragatas "Diogo Gomes"  e "Nuno Tristão"  grave – podemos dizer que os navios deixavam "  (26) O sistema de produção de energia.
         pela Inglaterra e construídas, no Arsenal do Alfeite,   rasto" – pelo que não seria difícil a sua detecção…  (27) O fluido frigorigéneo era CO2.
         seis lanchas de fiscalização (classe "Azevia").  (13) Em Lisboa, data de 1878 a primeira iluminação   (28) 1 stere ª 400 kg.
         (6) Croneau trouxe consigo para Lisboa, em 1896, uma  eléctrica pública, mas a electricidade ainda não chegava  (29) A guarnição foi quase sempre em número muito
         equipa de 4 elementos: um desenhador  e 3 contramestres.  às residências, razão pela qual o navio ter iluminação  superior a estes quantitativos.
         (7) O Amélia III, lançado à água em 1898, referido como   eléctrica era um luxo de que poucos usufruiam …  (30) Com o desaparecimento das velas passaram
         o mais elegante dos 4 iates reais com o nome da rainha  (14) Estes projectores cujo sector illuminado era todo   a designar-se mastros militares.
         consorte. Nele o rei D. Carlos realizou as campanhas  o horizonte eram então considerados auxiliares   (31) Transcrição do livro Três Séculos no Mar,
         oceanográficas de 1899, 1900 e 1901. Curiosamente,   do armamento.    nº 29, Cte Marques Esparteiro.
         foi no ano da chegada do cruzador de que foi patrono   (15) Caderno de Armamento, Direcção   (32) O navio encontrava-se amarrado à bóia. Transcrição
         que o rei "bateu o recorde" de profundidade de arrasto  das Construcções Navaes.  parcial da notícia publicada no Diário de Notícias
         científico de todas as suas expedições: 1856 m,   (16) Os navios da Armada começaram a ser pintados   de 18 de Janeiro.
         ao largo do Espichel.              de cinzento em 1906.               (33) Transcrição parcial da notícia publicada na edição
         (8) Entre as quais a corveta-couraçada "Vasco da Gama",  (17) Em Julho de 1917, quando se discutia   de 9 de Fevereiro de 1900 do Diário de Notícias.

                                         Entrega do Espólio
                                         Entrega do Espólio

                            do Comandante Sousa Mendes
                            do Comandante Sousa Mendes


            Foi com imenso pesar que se tomou conheci-                  fim de fazer entrega de um valioso conjunto de do-
          mento do falecimento do Comandante José                       cumentação relacionada com os trabalhos de investi-
          Agostinho Teles de Sousa Mendes, colaborador                  gação produzidos pelo seu falecido marido para
          entusiasta e dedicado da Revista da Armada, para              assim ficar à guarda da Marinha que ele tanto amou
          a qual contribuiu, com grande assiduidade, com                e devotamente serviu ao longo de mais de meio
          mais de sessenta artigos publicados no período                século.
          entre Abril de 1979 e Novembro de 1986.                         Esse conjunto documental incluía uma pasta con-
            Tendo-se dedicado também à pesquisa e investi-              tendo textos da obra “Setenta e Cinco Anos no Mar”,
          gação de temas de História Marítima, publicados               uma pasta reunindo apontamentos, fotografias e
          para além da R. A., nos “Anais do Clube Militar Na-           gravuras fotocopiadas relativas ao opúsculo “Ânco-
          val” e em diversos órgãos de informação escrita,              ras de Cristóvão Colombo”, e ainda provas diversas
          “Diário de Notícias”, “Correio dos Açores”, “Com-             para a obra, em preparação, “Retalhos Históricos”,
          batente”, “Folha de Tondela”, etc., colaborou em              sendo uma a prova de revisão final do autor.
          cinco artigos no livro “A Nau de Pedra”, editado em 1988 pela  Depois de agradecer, muito sensibilizado, em nome da
          R. A. e escreveu ainda dois artigos para a Revista “Navigator”  Marinha, a gentileza da iniciativa da Exmª. Família do
          da Marinha de Guerra do Brasil. Por último, saliente-se a obra  Comandante Sousa Mendes, o Presidente da Comissão Cultural
          “Setenta e Cinco Anos no Mar” (em 10 volumes) à qual se dedicou  da Marinha, Contra-Almirante Luís Joel Pascoal enalteceu a figura
          inteiramente.                                       e obras desse tão prestigiado e incansável investigador, perante
            Esta obra vem citada, sob o título “Bibliographie Internationale  cuja memória uma vez mais comovidamente se inclinava, e anun-
          d’Histoire Militaire” no Tomo 15/94 da publicação anual do  ciou que estava já programada, pelas Edições Culturais da
          “Comité Internationale des Sciences Historiques”, com sede em  Marinha, a publicação das seguintes obras, a título póstumo:
          Berna.                                               • “Retalhos Históricos”, a imprimir no Instituto Hiodrográfico;
            Em 30 de Junho último a Exmª. Senhora D. Maria Eduarda  • “Setenta e Cinco Anos no Mar – Volume X”, de impressão a
          Cardoso de Mello Sousa Mendes, viúva do Comandante Sousa  realizar no Centro Naval de Ensino à Distância (CNED);
          Mendes, acompanhada pelo seu filho mais velho, Sr. Dr. Paulo  • “Âncoras de Cristóvão Colombo”, de impressão a cargo tam-
          Manuel Mello de Sousa Mendes, bem como por alguns netos e  bém do CNED.
          demais familiares, deslocou-se à Comissão Cultural da Marinha a          (Colaboração da Comissão Cultural da Marinha)


         22 SETEMBRO/OUTUBRO 99 • REVISTA DA ARMADA
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