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ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS



         HISTÓRIA SUCINTA DA SUA CRIAÇÃO

               s meses e anos seguintes à Revolução dos Cravos foram de  Finalmente, em Março de 1977, no 17º Cartório Notarial de
               grande convulsão política e social. As reivindicações sur-  Lisboa foi lavrada a escritura pública que criava a Associação de
         Ogiam de todos os sectores e, no que dizia respeito aos  Fuzileiros. Foram subscritores e sócios  fundadores, os Fuzileiros:
         Fuzileiros, logo nos começamos a aperceber de que o poder consti-  Esteves Pinto, Santos Patrício, Rebordão de Brito (já falecido),
         tuído tinha grandes dificuldades financeiras para minorar, reparar  Santos Januário, Alves Martins, Pedro Cardoso, Belo Projecto,
         ou compensar males individuais decorrentes das acções de guerra  Abílio Henriques e António Lage (também já falecido).
         em que andamos envolvidos nos três teatros de operações. Com  Lavrada a escritura e para que a Associação tivesse rosto jurídico
         frequência sabíamos de casos díspares na apreciação e julgamento  e fiscal era necessário desencadear um certo número de acções.
         de consequências resultantes das referidas acções de combate.  Muitas foram feitas, outras não. Consequentemente, a Associação
         Aparentemente, eram atribuídas incapacidades muito diferentes  esteve a “hibernar” durante quase 23 anos!
         em percentagem, a indivíduos que nos parecia terem o mesmo  No verão p.p. um grupo de fuzileiros de Lisboa e arredores,
         grau de incapacidades para organizarem a sua vida fora da  apoiados pela Escolamizade (Clube de marujos algarvios dirigido
         Marinha, acabada que estava a guerra. Além disso, alguns, talvez  pelos fuzileiros Mário Sortelha Martins e José Armando Ribeiro)
         mais desenrascados, rapidamente viam os seus casos resolvidos,  decidiu que era tempo de darmos vida à Associação. Ela aí está,
         enquanto outros não saíam do caminho para o “calvário”. Eram  após seis meses de trabalho e investimentos, com a sede na Rua D.
         autos, audição de testemunhas, relatórios de operações, exames  João de Castro, 99 A e B – Quinta da Lomba – 2830-186 Barreiro.
         médicos aquando dos sinistros, exames actuais, juntas médicas, etc.
           Isto, para homens de acção, habituados a verem os seus casos OBJECTIVOS DA ASSOCIAÇÃO
         resolvidos com a facilidade e simplicidade que era e, julgo que
         ainda será, atributo dos Fuzileiros, constituíram razões para
         queixas, lamentos e até desistência para lutarem por algo que jul-  • Salvaguardar, conservar e desenvolver os valores que sempre foram
         gavam ser-lhes devido.                                apanágio do espírito de serviço, da coragem, da lealdade e da camaradagem
                                                               dos fuzileiros.
           Para apoiar os menos esclarecidos e os mais distantes do poder  • Promover a elevação das qualidades cívicas e culturais dos seus membros.
         (não esquecer que então para vir de Trás-os-Montes a Lisboa demo-
         rava-se dia e meio), foi decidido criar a Associação de Fuzileiros.  • Ajudar os sócios a obter emprego.
           Durante mais de um ano, realizaram-se dezenas e dezenas de  • Ajudar os sócios e seus familiares directos que se encontrem em dificul-
                                                               dades económicas ou de saúde e procurar a  resolução desses problemas.
         reuniões, onde todos os presentes eram ouvidos. O Comandante
         Patrício era o anfitrião. Não havia cadeiras para todos pelo que as  • Promover a obtenção rápida de pensões de sobrevivência em relação a viú-
                                                               vas, pais ou filhos de sócios falecidos, bem como em relação aos familiares
         reuniões decorriam de pé, facto que nunca impediu que cada um  directos dos fuzileiros mortos antes da fundação da Associação.
         dos presentes desse a sua opinião, o seu contributo. Acompanhava-  • Desenvolver os laços de amizade e camaradagem não só entre os sócios
         -nos e aconselhava-nos um homem que foi fundamental para que a  como com todos aqueles que tenham colaborado com os fuzileiros,
         Associação vingasse: o advogado, Dr. Abel de Lacerda.  nomeadamente através da organização periódica de reuniões de confrater-
                                                               nização.
                                                               • Promover e desenvolver relações de amizade e entreajuda com associações
                                                               congéneres.


                                                              Estes objectivos são o fundamento da nossa Associação. Ficaram
                                                              registados na escritura e agora no Registo Nacional de Pessoas
                                                              Colectivas, quando foi requerido o Pedido de Certificado de
                                                              Admissibilidade.
                                                              A Associação é constituída por sócios fundadores, efectivos, ho-
                                                              norários e beneficiários.
                                                               São sócios fundadores os sócios signatários da escritura da cria-
                                                              ção da Associação de Fuzileiros.
                                                               Podem ser sócios efectivos todos os militares com especialidade
                                                              de fuzileiros e os que tenham prestado serviço em unidades de
                                                              fuzileiros, desde que sejam propostos por dois sócios efectivos e
                                                              que tal lhes seja concedido pela direcção após aprovação do conse-
                                                              lho da Associação.
                                                               Pode ser sócio honorário todo o cidadão português que o conse-
                                                              lho da Associação considere que, por actos meritórios praticados
                                                              para com a Associação ou para com os fuzileiros, mereça essa dis-
                                                              tinção.
                                                               Podem ser sócios beneficiários, os familiares directos de todos os
                                                              sócios ou qualquer cidadão que preste à Associação a sua colabo-
                                                              ração ou serviços e a quem a direcção, de acordo com os regula-
                                                              mentos internos, entenda admitir, após aprovação do conselho da
                                                              Associação.
                                                               Os interessados em receberem os Estatutos da Associação devem
                                                              escrever para a sua sede solicitando-os.
                                                                                                   José Cardoso Moniz
                                                                                                        CMG FZ REF
         24 ABRIL 2000 • REVISTA DA ARMADA
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