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PONTO AO MEIO-DIA
Brasil
Cinco Séculos
ortugal, no momento histórico em tros quadrados, tem 80 % da área da manente na esperada revisão da estrutu-
que dominou as navegações Europa, do Atlântico aos Urais e ao ra do Conselho de Segurança das Nações
P oceânicas, iniciou o processo de Cáucaso, tem fronteiras com dez países, Unidas.
globalização que hoje é referência quase todos os do continente menos o Chile e o Ao período de três séculos de for-
inevitável em qualquer análise das Equador, e não tem problemas frontei- mação do Brasil e de história escrita com
relações complexas da comunidade riços com nenhum. Portugal, seguiram-se mais dois séculos
internacional. de migrações e de
Pedro Álvares Ca- contactos muito va-
bral comandou o riados que permiti-
primeiro grupo que ram manter bem vi-
em viagem corrida vos os laços espiri-
visitou quatro conti- tuais que unem as
nentes. Mapa retirado do National Geographic “Atlas of the World”. duas nações. Isto é
Mais tarde, mas assim, independen-
pouco mais tarde, temente de outras
foram os portugue- importantes influên-
ses do Brasil que ini- cias que a nação bra-
ciaram, de forma sileira possa ter sen-
sistemática, as ex- tido. Como disse o
plorações do interior embaixador brasi-
dos continentes. leiro José Aparecido
Numa iniciativa vo- de Oliveira, “em co-
luntariosa, lenta e pe- munhão com a na-
nosa, os bandeirantes tureza pródiga e di-
navegaram rios e versificada, tão vari-
afluentes. Atravessa- adas e amplas foram
ram parcelas da densa as nossas trocas de
floresta equatorial que sangue e tão nume-
separavam aqueles rosas as presenças
cursos de água, e culturais, que com
assim ligaram, bem europeus, africanos
no interior, as bacias e ameríndios firma-
hidrográficas dos dois mos o nosso huma-
maiores rios do conti- nismo universalista”
nente: a do Amazo- (1).
nas e a do Paraguai Hoje, outro inte-
que, com o Uruguai e resse nos une. Por-
o Paraná, formam o tugal vê com agra-
estuário do Prata. do, que parece estar
A persistência des- agora no bom cami-
tas expedições per- nho o desenvolvi-
mitiu que, em 1750 Meridiano de Tordesilhas Fronteira do Brasil Trajecto mais frequente das Bandeiras mento da coopera-
fosse assinado o ção económica, em
Tratado de Madrid, onde o Brasil foi Sendo o quinto país do mundo quer simultâneo com o aprofundamento há
reconhecido com uma configuração em área quer em população (168 milhões muito desejado dos históricos laços cul-
muito próxima da de hoje, três vezes em 1999), o Brasil tem, como referia a turais. Por outro lado, foi já institu-
maior do que o concedido pelo Tratado professora de geopolítica Therezinha de cionalizada a Comunidade de Países de
de Tordesilhas. As grandes expedições Castro, um muito elevado “factor pre- Língua Portuguesa (CPLP). Reune sete
ao interior do continente africano só sença” e deverá ser considerado uma das países (na esperança que brevemente
tiveram lugar mais de um século depois. mais importantes potências regionais sejam oito), com 212 milhões de indiví-
Silva Porto encontrou-se com Livingston emergentes neste início do novo milénio. duos espalhados por quatro continentes
em 1852 e a Conferência de Berlim que Só a Índia, segunda em população e séti- mas unidos por aqueles mesmos laços
decidiu a partilha de África pelas potên- ma em área, poderá acompanhar o Brasil comuns que desejam fortalecer. Se a
cias coloniais realizou-se em 1884-85. nesta avaliação do “factor presença”. E língua portuguesa se espalhou numa
Hoje o Brasil, com 8.511.965 quilóme- ambas têm pretenções a um lugar per- primeira fase da globalização ocorrida
4 MAIO 2000 • REVISTA DA ARMADA