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CARTA DO CEMA
om a convicção de que, enquanto a gnificativos investimentos com vista a superar
Nação não manifestar uma opinião as situações de maior carência, designada-
Cfrancamente positiva relativamente à mente, na Escola de Fuzileiros, na Base ferir maior peso ao desempenho anterior de
Marinha, dificilmente poderá o Governo atri- Naval de Lisboa e no Grupo Nº 1 de Escolas cada candidato. Para apoio às famílias dos
buir-lhe os convenientes orçamentos, o da Armada. Para o ano 2000, o programa de militares empenhados em missões no exte-
Almirante CEMA refere, na sua Carta nº 20, modernização de infra-estruturas englobará a rior, foi também já criado um sistema de
que os ventos sopram de feição nesta rota gra- conclusão do refeitório das praças da Escola apoio social destinado a prestar-lhes infor-
ças à competência, dedicação e muito esfor- de Fuzileiros e arranjo da área envolvente, mações, esclarecimentos e ajudas na reso-
ço da generalidade dos seus militares, milita- bem como a construção de um novo refei- lução de situações imprevistas. Ao mesmo
rizados e civis. São inegáveis os sucessos al- tório e de uma nova coberta para praças na tempo, reconhecendo a acção muito positiva
cançados no cumprimento das missões den- Base de Fuzileiros. A construção de uma que tem sido desenvolvida pelos Clubes de
tro e fora do território nacional, e a credibili- nova coberta para praças no Grupo Nº 2 de Oficiais, de Sargentos e de Praças da Armada
dade e imagem pública da Marinha têm me- Escolas da Armada, também em 2000, re- em prol da coesão e bem-estar dos respecti-
lhorado significativamente, embora as atitudes flecte a opção tomada em privilegiar a cria- vos associados, a Marinha manter-se-à em-
irreflectidas de alguns dos seus elementos, ção de melhores condições de habitabilidade penhada em assegurar o apoio que for possí-
menos avisados quanto aos objectivos es- para as praças, assim como para sargentos e vel ao seu funcionamento.
senciais, tenham dado contribuição contrária. oficiais, antes de outras construções dedica- Há bem pouco tempo o N.R.P. “Vasco da
Continuando, o Almirante CEMA desen- das à recepção das escolas do Grupo Nº 1 no Gama” navegava em águas do Continente
volve dois temas principais: o da moderniza- âmbito do reordenamento do parque escolar. Asiático, o N.R.P. “Comandante Hermene-
ção do Ramo, considerando que o projecto A construção, em curso, do novo edifício da gildo Capelo” na Oceania, o N.R.P. “Sagres”
da renovação da esquadra não é um projecto Capitania do Porto de Lisboa, representa tam- marcava presença num País Africano e o
seu, mas sim de toda a Marinha; e o da me- bém a relevância das diligências levadas a N.R.P. “Almirante Gago Coutinho” nos
lhoria do bem estar, abrangendo a vivência efeito no sentido de melhorar as condições Estados Unidos da América, para além de se
nas unidades, as condições de habitabilidade de vida e de trabalho num sector fundamental dispor de uma Companhia de Fuzileiros em
e a satisfação de anseios de natureza individual da Marinha, como é o do SAM. Mais inter- missão em Timor, de outra na Bósnia e de um
das pessoas que integram a organização. venções terão que ser ainda efectuadas em di- contingente, também de Fuzileiros, em
Quer a modernização global da Marinha, versas infra-estruturas, para além dos normais Moçambique. Considera o Almirante CEMA
quer a melhoria da motivação e bem estar, trabalhos de conservação. Porém, em face do que, para uma pequena Marinha como a
constituem projectos que colocam grandes estado de degradação a que muitas das insta- nossa, o facto de se verificar uma presença
desafios a todos nós, exigindo uma resposta lações chegaram, não é possível satisfazer naval, simultânea, nos cinco Continentes,
determinada com verdadeiro espírito de todas as necessidades em curto espaço de simboliza a grandiosidade das nossas reais
cooperação. tempo. capacidades e da possibilidade de contri-
Os projectos de modernização da Mari- Visando a satisfação de outras aspirações e buirmos para a projecção do bom nome de
nha, com vista a assegurar a sua eficiência e expectativas de natureza individual, num Portugal no Mundo, constituindo ainda, sem
o seu futuro, têm sido apresentados segundo processo interactivo em que se pretende asse- dúvida, uma justa homenagem aos nave-
uma correcta interpretação dos interesses na- gurar a participação dos interessados nas gadores que nos antecederam. Temos todas
cionais, sendo hoje possível admitir o carác- diversas categorias dos militares e dos milita- as razões para nos sentirmos orgulhosos dos
ter de irreversibilidade dos principais progra- rizados, tem sido incentivado o diálogo entre resultados da actividade operacional que
mas, como são o da substituição dos subma- as Comissões Consultivas Permanentes e a temos realizado, entendida como o produto
rinos, o da aquisição de um navio polivalente Superintendência dos Serviços do Pessoal, do trabalho de toda a Marinha, e para espe-
logístico e o da construção de patrulhas para além do recurso à via hierárquica. Nem rarmos um reconhecimento cada vez mais
oceânicos. Neste sentido, o Almirante CEMA todas as soluções que se ambicionam expressivo por parte da Nação e, conse-
salienta as palavras proferidas por Sua Exce- poderão ser exequíveis ou aceites no âmbito quentemente, pelo Governo, tendo em vista a
lência o Primeiro Ministro, na cerimónia de do Ministério da Defesa Nacional e do con- ambicionada melhoria das condições de vida
entrega da lancha de fiscalização rápida junto dos três Ramos. Contudo, o processo e a satisfação dos nossos legítimos anseios
“Centauro”, em 21 de Março, no Arsenal do participativo em que se insiste para a procura individuais.
Alfeite dando, no seu improviso, um sinal de das soluções mais adequadas para os nossos Partilhando do regozijo de todos os que
apoio inequívoco por parte do Governo, aos problemas, poderá permitir alcançar melhores contribuiram para os sucessos alcançados e
programas de renovação da esquadra. resultados e, assim, um melhor ambiente de confiante no saber, na dedicação e no esforço
No que respeita à vertente do bem estar e bem-estar e de harmonia entre todos. Entre- já comprovados, com vista a reforçar a credi-
da motivação individual, é patente a preocu- tanto, tem sido providenciada a adopção de bilidade da Marinha até agora conquistada, o
pação do Almirante CEMA quanto ao facto outras soluções. No âmbito da saúde, foi pos- Almirante CEMA continuará a contar com o
de não terem sido ainda plenamente alcan- sível equacionar um melhor apoio médico empenho perseverante do colectivo da cor-
çadas as desejadas metas, em especial quan- por contratação de serviços, criar o Centro de poração na consecução dos objectivos traça-
to ao sistema retributivo dos militares. Muitas Medicina Naval do Alfeite e duplicar as dos e continuará também esperançado na
das questões dependem de factores exterio- capacidades da medicina hiperbárica de utili- contenção das atitudes menos inteligentes
res à Marinha, exigindo prévia harmoniza- dade operacional e geral. Relativamente às dos que, anunciando outras metas aliciantes,
ção entre Ramos, impondo o maior empe- normas reguladoras do acesso ao Curso de procuram, por vias condenáveis, incentivar a
nho na conciliação da adequabilidade das Formação de Sargentos, está em elaboração adopção de comportamentos irreflectidos que
soluções, com a premência da sua resolu- um novo Despacho do CEMA com vista a só afectam a credibilidade e a boa imagem
ção. Outras, situando-se no âmbito interno, aperfeiçoar os mecanismos de selecção, pro- da Marinha.
estão a ser alvo de medidas objectivas con- porcionando, de forma mais evidente, iguais Ao terminar, reconhecendo que ainda ha-
ducentes a melhorar o funcionamento inter- condições a todos os concorrentes na realiza- verá muito a aperfeiçoar, o Almirante CEMA
no e a satisfazer aspirações diversas. Na área ção das provas de acesso, bem como evoluin- expressa os seus votos de Boas Festas Pascais
das infra-estruturas, foram já efectuados si- do os critérios de escolha que deverão con- a toda a família naval.
20 JUNHO 2000 • REVISTA DA ARMADA