Page 335 - Revista da Armada
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complementado com uma passagem pela
“Sagres”.
Juan Carlos nasceu em Roma em 5 de
Janeiro de 1938, quando a família real
espanhola se encontrava no exílio, desde a
proclamação da República em Espanha, em
1931. Após o fim da II Grande Guerra veio
viver para Portugal e seria aqui a residência
de seu pai (Juan de Bourbon y Battemberg,
Conde de Barcelona), local onde viveria
durante as férias e a que ficaria ligado para
sempre. A família real teve sempre uma li-
gação muito estreita com o mar e com os
desportos náuticos, e em 1947 um estaleiro
de Bilbau construiu o pequeno iate
“Sirimiri”, que o Conde de Barcelona ofere- O Rei de Espanha passa revista ao Corpo de Alunos da Escola Naval.
O Rei de Espanha passa revista ao Corpo de Alunos da Escola Naval.
ceu ao filho e que o acaso e destino fez com
que viesse a ser oferecido ao Museu de Suas Majestades os Reis de Espanha, pequeno exercício no Simulador de Nave-
Marinha em 1986. A bordo do “Sirimiri”, embarcaram no dia 13 de Setembro no gação. A visita à Sagres – pelo carácter
com apenas 11 anos de idade, Juan Carlos cais da Princesa (Belém) e deslocaram-se emblemático que o navio tem e por ser a
fazia a sua primeira regata oceânica num até à Base Naval, acompanhados do 2º escola flutuante da nossa Marinha – com-
percurso Lisboa-Sesimbra-Lisboa, que Comandante Naval, Contra-Almirante plementava a visita anterior, mas a Ma-
valeu o troféu oferecido pelo Clube Naval Silva da Fonseca. Esperavam-no Sua rinha tinha uma pequena surpresa para
de Sesimbra. Esta foi a sua primeira taça Excelência o Presidente da República, o esse momento. Nas oficinas do Museu de
ganha no desporto náutico, mas não ficou Ministro da Defesa Nacional e o Marinha, foi feito um modelo à escala do
por aqui a sua ligação ao mar e com- Almirante Chefe do Estado Maior da velho “Sirimiri” que foi preparado para
preende-se bem porque teve a curiosidade Armada. Toda a comitiva se dirigiu à oferecer aos Reis de Espanha. E quando o
de visitar a escola onde são formados os ofi- Escola Naval, onde foram prestadas as Almirante CEMA retirou a sanefa que o
ciais da Marinha Portuguesa. honras devidas e onde assistiram a um tapava, Juan Carlos não conteve a emoção
das recordações que aquele modelo lhe
trazia. Naquela embarcação se fizera ao
mar pela primeira vez, e a oferta da
Marinha Portuguesa, levava-o para há
cinquenta anos atrás quando sentira a
nortada ao dobrar o Espichel, quando
vira aproximar-se a baía de Sesimbra e
ganhara a regata. Recordava-se ainda que
seu pai o mandara amarrar com um cabo
de segurança porque o estado do mar não
era para graças. Como disse o Almirante
CEMA, era uma oferta com um cunho
pessoal que lhe faria lembrar Portugal e o
mar e foi, sem sombra de dúvida, um mo-
mento alto da hospitalidade portuguesa
na Visita de Estado efectuada pelos Reis
Cerimónia de honras militares aos Reis de Espanha. de Espanha a Portugal.
Cerimónia de honras militares aos Reis de Espanha.
É com singular apreço que a Revista da Armada se congratula com
o facto de um seu colaborador, o Comandante Raul de Sousa
Machado, ter sido o autor do monumento constituído por uma estátua
de bronze dos Condes de Barcelona, D. Juan de Borbón e D. Maria de
Las Mercedes de Borbón, que foi inaugurado no Estoril no passado
dia 12 de Setembro, com a presença dos Reis de Espanha em visita ofi-
cial a Portugal.
O evento foi largamente noticiado nos orgãos de informação, desta-
cando-se uma vez mais as qualidades artísticas do seu autor que a si
próprio se define como “escultor nas horas vagas”.
O autor foi cumprimentado pessoalmente pelo rei Juan Carlos que o
felicitou efusivamente pelo seu magnífico trabalho.
O Comandante Sousa Machado conseguiu sempre conciliar a sua
actividade profissional como Oficial da Armada com uma carreira
artística notável, tendo, no campo da pintura, estado presente em
diversas exposições e sido membro da Sociedade Nacional de Belas de medalhas e moedas. Na escultura realizou diversos trabalhos, sem-
Artes. Já no campo da medalhística e numismática tem realizado pre por encomenda, destacando-se recentemente a execução de diver-
muitos trabalhos, quer para a Marinha, quer para a Casa da Moeda, sas peças para a fragata “D. Fernando II e Glória” e o busto do
onde colabora há mais de dez anos. Executou já mais de duas centenas Almirante Pereira Crespo.
REVISTA DA ARMADA • NOVEMBRO 2000 9