Page 392 - Revista da Armada
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HISTÓRIAS DA BOTICA (3)
O herói
O herói
vida do médico é cheia de expe- ciosa, de muitos jovens. Por isso decidi falar gem num porto do Canadá. Esse porto ofere-
riências, de sentimentos e de emo- deles aqui. cia um conjunto importante de divertimentos
Ações. O objectivo da medicina – Esta história tem como protagonista um para a marujada, incluindo, bares, discote-
dizia, há não muito tempo, um médico Cabo, que em tempos conheci. Era um cas, música ao vivo e um sem número de ou-
naval antigo – “é, e deverá ser sempre, homem enérgico, sempre bem disposto e tros entretenimentos, fortemente apreciados.
aliviar o sofrimento”. Alguns, posso mesmo um dos mais estimados a bordo, pelo sorriso O nosso homem conheceu uma jovem
dizer, muitos, sentem ser este um dos encan- fácil e pela anedota sempre pronta. Absolu- mulher divorciada e solitária – e os dois vive-
tos da profissão, poder ajudar outros é, de tamente adaptado à vida de bordo, destaco ram, como seria de esperar, intensamente,
facto, um dom importante. Este labor quoti- dele uma frase com que muitas vezes brin- aqueles dias no porto. O herói, assim vou pas-
diano, esta partilha de emoções, facilita o dava os grumetes, acabados de chegar, ou sar a chamar-lhe, estava radiante, além do
trabalho de preencher estas e outras linhas, os que como eu, não tinham qualquer mais era um jovem solteiro e descomprometi-
retiradas de um saco fundo, sempre cheio de experiência da vida do mar: do - ninguém lhe podia levar a mal algumas
memórias. Os factos que vos trago hoje são, - Aqui temos mais um herói do Vietmanso!! leviandades em corações alheios.
assim acredito, um paradigma dos tempos Participámos, ambos, numa viagem de Quando chegou a hora da partida ela não
modernos e da coragem incógnita, silen- instrução de cadetes, que incluiu uma para- desiludiu e veio despedir-se ao cais, para
30 DEZEMBRO 2000 • REVISTA DA ARMADA