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PONTO AO MEIO DIA




                                        A Nova Lei


                     de Programação Militar



                Lei de Programação Militar (LPM),  terceira unidade, numa fase subsequente,   As restantes capacidades incluem ou-
                como se sabe, é o principal ins-  caso os recursos financeiros o permitam.   tras importantes acções de investimento
          A  trumento para edificar e manter   A  capacidade de projecção de força  para a Marinha, embora não directamente
          o Sistema de Forças Nacional, através de  contém dois grandes programas: o re-  relacionadas com a esquadra. Neste âm-
          programas específicos de investimento, de-  equipamento das unidades de Fuzileiros  bito, ganham especial relevo os seguintes
          senvolvidos ao longo de 18 anos, com es-  e a construção do Navio Polivalente Lo-  programas: instalação de estações de GPS
          pecial incidência nos primeiros seis anos.  gístico (LPD).  Os Fuzileiros irão receber,  diferencial na Madeira e Açores, ampliação
          De acordo com as disposições legais apli-  ao longo de vários anos, armamento co-  do equipamento para o Plano Mar Limpo
          cáveis, esta Lei é revista de dois em dois  lectivo e individual actualizado, viaturas  (combate à poluição), grande manutenção
          anos, estando já em apreciação na Assem-  tácticas, viaturas ligeiras blindadas anfí-  de faróis, aquisição de embarcações, via-
          bleia da República a Proposta de Lei que  bias com rodas, transreceptores e outros  turas e equipamento para a Polícia Marí-
          visa uma reformulação para vigorar em  equipamentos, com prioridade para a  tima, reordenamento do parque escolar,
          2003 e 2004, havendo uma nova revisão  protecção contra agentes nucleares, bio-  reordenamento do Comando da Zona
          durante o ano de 2004 para cobrir o biénio  lógicos e químicos. O LPD, a adquirir em  Marítima dos Açores e sistemas de infor-
          2005/6, e assim sucessivamente.   sistema de “leasing” (1), será certamente  mação de gestão.
            Uma vez que a Proposta já foi aprovada  construído em estaleiros nacionais e po-  Feita uma breve descrição da nova LPM
          em Conselho de Ministros e obteve tam-  derá entrar ao serviço em 2008.  no que diz respeito à Marinha, podemos
          bém o parecer favorável do Conselho   Quanto à capacidade oceânica de super-  retirar algumas ilações. O planeamento
          Superior de Defesa Nacional, tudo leva a  fície, prevê-se uma ligeira modernização  de forças consubstanciado no estudo pro-
          crer que será votada favoravelmente na  das fragatas da classe “Vasco da Gama”,  fundo realizado em 1998 (conhecido por
          Assembleia da República.          designadamente em termos de defesa pró-  “Contributos”) apontava para a necessi-
            Nesse pressuposto, interessará saber  xima, referindo a Lei que a grande mo-  dade de edificar completamente o Sistema
          o que a Marinha pode esperar da nova  dernização de meia vida será prioritaria-  de Forças Naval até 2010, com excepção
          Lei, nomeadamente quanto à renovação  mente considerada na revisão de 2004, a  da capacidade de Guerra de Minas que
          da esquadra, que actualmente se encon-  par da substituição do reabastecedor de  teria que ser diferida por evidentes di-
          tra bastante envelhecida.         esquadra (NRP “Bérrio”). Por outro lado,  ficuldades de financiamento. Verifica-se
            Convirá recordar que o Sistema de For-  existem verbas destinadas a iniciar a aqui-  que, se os programas forem executados
          ças Naval está organizado por capacida-  sição de fragatas usadas para substituir  conforme previsto, aquele objectivo es-
          des, a cada uma das quais corresponde  as três “J.Belo” (2004/7), duas das quais  tará praticamente alcançado, observan-
          um conjunto de meios determinados por  deverão possuir capacidade AAW (defesa  do-se apenas atrasos nos programas dos
          uma óptica minimalista. Podemos então  anti-aérea de área) e reiniciar o programa  submarinos e no dos patrulhas oceâni-
          descrever, duma forma necessariamente  de aquisição de helicópteros para comple-  cos. Haverá assim um hiato entre o aba-
          sintética, os principais programas que a  tamento da respectiva esquadrilha. Haverá  te do último dos actuais submarinos e a
          Lei prevê em relação à Marinha, centra-  também um importante investimento na  recepção da primeira das novas unida-
          dos no primeiro sexénio.          consolidação dos meios actuais, incluindo  des, o que será acautelado. No caso dos
            Na capacidade de comando e controlo  reabastecedor e helicópteros.  patrulhas oceânicos, o programa de cons-
          merece realce a modernização e automa-  Nas capacidades de fiscalização, de com-  truções deverá continuar até aos 12 na-
          tização das Estações Rádionavais, a con-  bate à poluição e de assinalamento marí-  vios, havendo necessidade de prolongar
          cluir até 2005, com a entrada ao serviço  timo há a destacar o co-financiamento da  a vida de algumas corvetas e patrulhas da
          das novas estações do Continente e Aço-  construção de oito Navios de Patrulha Oce-  classe “Cacine” para além do desejável.
          res, bem como um Centro de Comunica-  ânica, dois dos quais adaptados ao combate  Quanto à guerra de minas, haverá que
          ções, a construir de raiz no Alfeite, com  à poluição e balizagem, sendo o programa  estudar alternativas credíveis enquanto
          funcionalidades nas áreas da cifra e do  financiado pelo PIDDAC. O contrato dos  as dificuldades se mantiverem, eventu-
          processamento de dados. Para além dis-  dois primeiros navios já foi assinado com  almente com recurso a módulos que pos-
          so, estão previstas acções de moderniza-  os Estaleiros Navais de Viana do Castelo,  sam acrescentar alguma capacidade deste
          ção em terra e nos navios que envolvem  prevendo-se a sua entrega em 2005.  tipo aos novos patrulhas.
          ligações por satélite, novos transmissores   A capacidade oceanográfica e hidrográ-  Face ao que antecede, são fundadas as
          e receptores HF, expansão da rede MMHS  fica abrange a conclusão do apetrechamen-  esperanças de que a Marinha irá sofrer um
          (processamento de mensagens), sistemas  to técnico-científico do NRP “D.Carlos I”  forte impulso nos próximos anos no senti-
          de informação da componente operacio-  e a transformação e reequipamento do  do da sua renovação. Quem ganha é o País,
          nal do sistema de forças, etc.    NRP “ALM. Gago Coutinho”, visando os  sem dúvida. Mas nós, os seus servidores,
            Na capacidade submarina estão con-  trabalhos hidro-oceanográficos de maior  sentimo-nos mais motivados.
          templadas as verbas para a aquisição de  dimensão, tais como, os estudos para o                     Z
          dois novos submarinos, com recurso ao  possível alargamento da plataforma con-            A. Bettencourt
                  1
          “leasing”,  esperando-se que o contrato de  tinental. Continua o reequipamento dos               VALM
          fornecimento possa ser assinado ainda em  mergulhadores no quadro da capacidade   Notas
          2003, com a opção de compra para uma  de guerra de minas.             (1) Pagamento em 15 anos.


         4  ABRIL 2003 U REVISTA DA ARMADA
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