Page 118 - Revista da Armada
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O primeiro navio, excluindo uma canhoneira colonial já em cons- Em Portugal, no velho Arsenal da Marinha e os primeiros com
trução (artigo 4º), três anos depois, fará agora setenta anos, entrou planos portugueses, foram ainda construídos, a completar a dota-
no Tejo vindo da Grã-Bretanha. Foi o aviso de 2ª classe «Gonçalo ção de quatro avisos de 2ª, o «João de Lisboa(6)» (1934 - 56) e o seu
Velho» a que se seguiu o «Gonçalves Zarco» que foi o navio que irmão, o «Pedro Nunes» (1934 - 56), que mais tarde foram transfor-
mais tempo estacionou no extremo oriente (4), donde regressou em mados em navios hidrográficos e se tornaram nos últimos a serem
1964, para ser abatido. abatidos(7).
Dos britânicos avisos de 1ª, dotados, cada, de um hidro- Quanto aos contra-torpedeiros(8), chegou-se a construir sete, dois
-avião, o «Afonso de Albuquerque», que rendera, em Goa, o no Reino Unido e cinco em Portugal, nos estaleiros da Rocha, mas
seu irmão «Bartolomeu Dias», morreu garbosamente em com- dois destes foram, a pedido dos estaleiros Yarrow que acompanha-
bate aquando da invasão da Índia, em 1961 (5). O BD, após o ra a sua construção, enviados para a Colômbia. Tratava-se de navios
seu regresso de Nantes para onde seguira em 1967 já conver- muito velozes (34 a 36 nós) que dotados, no pós guerra, de moder-
tido em navio caserna com o nome de «S. Cristóvão», só em nos sensores, armas e equipamentos, se converteram em excelentes
1975 foi abatido. escoltadores oceânicos ASW(9).
Entre nós receberam nomes de rios do Continente(10).
No último sobrevivente, o «Vouga» que dera nome à classe e que,
como tal, foi o mais longevo (Junho de 33 a Junho de 67) fizemos, em
1964, ao largo das Ilhas Selvagens, o exercício de Tiro Contra Costa
com que se concluía a Especialização em Artilharia Naval.
Os submarinos, que acabaram por ser três, vieram também da ve-
lha Albion. O «Delfim» (1934-53), o «Espadarte» (1935-54) e o «Gol-
finho» (1935-52).
A artilharia de 120 mm, normalizada, e com maior número de ca-
libres(11) (50) que o modelo britânico (45) para se aumentar o seu
alcance para 23.500 m, obedeceu a características decorrentes do inte-
resse nacional, « ... antecipadamente determinadas pelo estado maior
naval.», como rezava o artigo 3º.
Aviso de 2ª Classe “Pedro Nunes”. Foi certamente uma das mais avançadas e mais coerentes esqua-
dras que Portugal jamais possuiu(12).
Construíram-se em Portugal, já no Arsenal do Alfeite, um petro-
leiro que não estava previsto, o «Sam Brás» (1942 - 1980), e segundo
planos portugueses, as seis Lanchas de fiscalização da classe «Aze-
via» (1942 - 76)(13).
Apesar de o Programa ter sido abandonado depois da Revolta dos
Marinheiros em 1936, construíram-se mais navios dos que os preco-
nizados para o 1º período da 1ª fase do DL 18.633.
A enorme bóia a que no Quadro dos Navios de Guerra(14), em
frente ao Terreiro do Paço, deveria amarrar o transporte de aviões,
chegou a flutuar…!
Z
Dr. Rui M. Ramalho Ortigão Neves
Aviso de 2ª Classe “João de Lisboa”. 1TEN REF
Agradecimentos:
- Cte José Ferreira dos Santos, pela informação referente aos contra-torpedeiros do Pro-
grama «Magalhães Corrêa».
Bibliografia:
MILLER, David, «The illustrated Directory of warships from 1860 to the Present», Lon-
dres, Salamander Books, 2001.
Notas
(1) O Ultimatum britânico que pôs fim ao sonho do Mapa Cor de Rosa, unindo, atra-
vés de África, Angola a Moçambique.
(2) Ver RA nº 320.
(3) Ainda não se tratava de um porta-aviões.
(4) Recordamos a extensa flâmula com que entrou na Barra do Tejo. Ver RA nº 225.
Acrescentava-se 2 m por cada mês além dos 6 primeiros meses que estiveram ausentes
das águas metropolitanas (OSN-Artigo 150 nº 4).
Lancha de Fiscalização “Azevia”. (5) Merece que se releia a RA nº 348.
(6) Inicialmente pensou-se dar-lhe o nome de «Infante D. Henrique» que se abando-
nou por ser o do Patrono da Armada. Há fotos, antes de ser lançado à água, em que ain-
da ostenta este nome,.
(7) O JL entre 1956 - 76 e o PN entre 1956 - 77.
(8) Classe E/F da Royal Navy.
(9) Luta anti-submarina.
(10) Antes de 1974 diríamos Metrópole, em vez de Continente. O «Vouga» e o «Lima»,
construídos no Reino Unido e o «Dão», o «Tejo» e o «Douro» construídos em Portugal.
Os cedidos, um 1º «Douro» e um 1º «Tejo», foram rebaptizados de «Antióquia» e «Cal-
das».
(11) O comprimento do cano medido em unidade de calibre.
(12) Nos anos 70 voltámos a estar próximo dessa coerência.
(13) Além daquela, a «Bicuda», a «Corvina», a «Dourada», a «Espadilha» e a «Fataça»
que se perdeu pouco depois de lançada à água.
(14) No Miradouro de Stª Luzia, um painel de azulejos mostra alguns dos navios do
Navio-Tanque “Sam Brás”. Programa «Magalhães Correia» no Quadro dos Navios de Guerra.
8 ABRIL 2003 U REVISTA DA ARMADA