Page 117 - Revista da Armada
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direitos de soberania, que podem ser atingidos no decorrer das Mais argumentos seria fácil acrescentar ... para justificar a neces-
hostilidades em que outras nações se encontrem envolvidas.» sidade ... de se renovar urgentemente o seu material naval»
.... Depois historia as viragens da tecnologia e os transes externos
«A guerra no mar exige actualmente o concurso de tantos e tão va- e internos e face a eles os esforços, os erros e as frustrações experi-
riados elementos que é de boa e previdente política estudar cuidado- mentadas.
samente os planos de todas as unidades de modo a conseguir para o Isso desde a «aplicação do ferro à construção dos navios ... a 1890 (1) ...
conjunto o máximo rendimento militar. depois a grave crise financeira ... e passados meia dúzia de anos, Jacinto
Cândido da Silva, novo impulso tentou ... até que, em 1925, o então Mi-
nistro da Marinha, ... Pereira da Silva elaborou novo plano que também
não teve execução, mas a quem, em 1930, se devia sem margem para
dúvidas o estado avançado dos estudos técnicos e também a criteriosa
consciencialização da Nação(2) para este candente projecto.
Assim chegámos ao dia de hoje, depois de termos percorrido tantos
anos em que a favor da Armada só foram levados a efeito esforços que,
além de muito fracos, isolados e desconexos, não obedeceram a qual-
quer propósito de continuidade. Como era lógico, o material chegou
assim à última extremidade.
A falta de plano nas aquisições ... foi seguramente uma das principais
causas do seu enfraquecimento ... e da sua heterogeneidade.»
Como foi, então, concretizado o Programa Magalhães Corrêa?
Retomando o preâmbulo do DL 18.633 de 17 de Julho de 1930, te-
O Contra-Torpedeiro “Vouga” na configuração inicial. mos que «Procurando subtrair-se aos inconvenientes apontados ... o
programa inicial ... assaz modesto, ... para não se afastar do plano ...
de consolidação do equilíbrio financeiro do Estado e do progressivo e
rápido desenvolvimento da economia nacional.
Nestas condições, e ainda porque atravessamos uma quadra ca-
racterizada pela extrema instabilidade dos tipos de navios, julgou
o Governo prudente não comprometer o País com a apresentação de
qualquer programa de demorada efectivação ... confiando ao estado
maior naval a fixação das características das unidades do presente
programa e o estudo das que de futuro serão construídas.»
...
« ... o Governo assegura da forma mais eficaz, a necessária conti-
nuidade na política naval nacional, ao mesmo tempo que oferece ao
País a certeza de que nas novas construções serão aproveitados os
ensinamentos da experiência e os progressos que porventura se reali-
O “Vouga” depois da primeira modernização em Belfast em 1948. zem no campo da construção naval.
Assim, ...o Governo ... por enquanto só encarou a primeira fase, que
comportará a construção das seguintes unidades:
1 cruzador ligeiro.
2 avisos de 1ª classe.
* 2 (cerca de 2.000 toneladas).
4 avisos de 2ª classe.
* 2 (cerca de 1.000 toneladas).
6 contra-torpedeiros.
* 4 (de 1.400 a 1.500 toneladas).
4 submarinos.
* 2 ( de 700 a 800 toneladas)
2 canhoneiras.
1 transporte de aviões (3).
*1 (.. capaz de transportar doze aparelhos).
Os 5 Contra-Torpedeiros fundeados no Douro. Completa-se esta fase com material de aviação, vedetas para a fis-
calização da pesca,
* 2 vedetas para a fiscalização da pesca.
torpedos, minas e munições de artilharia que forem necessárias para
armamento dos referidos navios.»
* (para os navios acima).
A fase agora considerada dividir-se-á em dois períodos, o primeiro
dos quais compreenderá as unidades atrás indicadas, à direita, com
um *, a sua quantidade e a tonelagem de forma a estarem concluídas
dentro de três anos.»
No articulado do DL temos que no «Artigo 1º (de 6) Fica o Gover-
no autorizado a fazer construir nos seus estabelecimentos fabris e em
outros estabelecimentos fabris nacionais ou no estrangeiro, se não for
possível concluí-los no País, no prazo de três anos ...», os navios as-
sinalados acima, no 2º a compra do material já referido e no 5º que
«As verbas necessárias ... serão anualmente inscritas no orçamento,
Os 3 Submarinos da 2ª Esquadrilha “Delfim”, “Espadarte” e “Golfinho” atracados no ficando desde já o Governo autorizado a realizar as operações de cré-
porto da Horta em 1938. dito indispensáveis.»
REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2003 7