Page 86 - Revista da Armada
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O Colégio Militar e a Marinha
O Colégio Militar e a Marinha
Oficiais ex-alunos e o seu contributo para a Nação
(Conclusão)
11 – Dos oficiais que desempenharam altos
cargos na governação do país, contam-se, como Cientistas
ministros da marinha, os vice-almirantes
Magalhães Corrêa e Pereira Crespo.
O vice-almirante Luís António de Magalhães
Corrêa foi um dos mais distintos oficiais das últi-
mas gerações, com um curriculum de destaca-
dos serviços ao país. Promovido a guarda-ma-
rinha aos dezoito anos de idade, logo se dis-
tingue nas campanhas de Moçambique como
comandante das Esquadrilhas de Gaza e do
Limpopo. Aí alcançaria a “Torre e Espada” e em
1912 toma parte na campanha de Timor.
Governa Macau em 1925 e a Companhia de
Moçambique em 1933. Comanda vários navios
entre os quais o cruzador “Vasco da Gama”. No
final da sua carreira é administrador da zona
VALM
VALM
CMG
internacional de Tanger; mas é como ministro J. M. Andrêa Ferreira César Campos Rodrigues A. A. Baldaque da Silva
da marinha de 1929 a 1932 que concretiza o 1836-1901 1836-1919 1852-1915
plano naval de 1930, em que a Armada, sob a
égide do então Estado Novo, emerge do zero
naval em que, mais uma vez, se encontrava. O
seu nome é hoje perpetuado numa unidade
naval da nossa Armada.
12 – O vice-almirante Manuel Pereira Crespo
foi um valioso oficial de Estado-Maior, após ter
sido comandante de diversas unidades e chefe
da missão geo-hidrográfica da Guiné.
Colaborador directo da mais alta hierarquia
naval nos estudos e trabalhos que reorganizaram
a Armada para a sua participação na guerra do
Ultramar, assumiu em 1968 o alto cargo de
Ministro da Marinha, o qual exerceu até 1974. Foi
neste período que continuando a acção já enceta- CFR VALM CMG
da, promoveu uma vasta obra tanto no aspecto Cristiano de Senna Barcelos Hugo de Lacerda C. Branco Abel Fontoura da Costa
material – construção de numerosas infra-estru- 1854-1915 1860-1945 1869-1940
turas, aquisição de unidades navais etc... – como
no aspecto científico e social. Com o advento da Além da sua notável acção na I Guerra Mundial a no serviço
revolução de Abril, seria o último Ministro da que já nos referimos foi, na II Guerra, comandante dos com-
Marinha, quebrando-se assim a tradição de um de várias unidades navais e da Força Naval da boios para
ministério com mais de dois séculos de existência. Metrópole. Em oficial general, atingiria o mais França.
Pela chefia militar da Armada passaram os alto cargo de então, Major-General da Armada. Com um
vice-almirantes Mata Oliveira e Oliveira e Pinto. Não desejaria terminar sem me referir a qua- curso de
O vice-almirante Joaquim Anselmo da Mata tro oficiais, militares distintos e cidadãos impolu- especia-
Oliveira, comandante da lancha “Macau” na tos, que mais de perto conheci e de quem guar- lização na
repressão aos piratas em Coloane em 1910, foi do saudosa recordação, pelo nosso relaciona- Escola
um dos primeiros oficiais a ser escolhido para o mento e convívio. Prática de
Estado--Maior Naval, criado em 1919. Dotado de De dois deles separava-me mais de uma Infantaria
elevada craveira intelectual foi, além de oficial de década: o comandante Soares de Oliveira e o em Mafra
Estado-Maior, um brilhante publicista de artigos almirante Ramos Pereira; os outros dois foram e mestre
de carácter histórico, estratégico e militar, ligados meus contemporâneos no Colégio Militar e na de armas CFR ECN
à carreira das armas e à Marinha, em particular. Escola Naval, o almirante Monteiro de Barros e pela Esco- Salvador de Sá Nogueira
1889-1966
Chefe do Gabinete do Ministro Magalhães o comandante Camões Godinho. la de Edu-
Corrêa, colaboraria no programa naval de 1930. O capitão-de-fragata Augusto Soares de cação Física do Exército, era um dos poucos ofi-
É em 1937 nomeado Major-General da Armada Oliveira possuía em elevado grau as virtudes de ciais especializados em infantaria, na Marinha,
com o posto de vice-almirante, cargo em que ter- um leal servidor, de um chefe estimado, colabo- antes do advento dos fuzileiros.
minaria em 1941 a sua carreira militar. rador apreciadíssimo e foi um camarada de Terminaria abruptamente, aos 46 anos de
O vice-almirante Fernando de Oliveira Pinto inolvidável memória. Assim o aprecia um seu idade uma auspiciosa carreira naval, após
foi aluno brilhante na Escola Naval, onde viria a biógrafo e camarada de curso. É combatente da vários comandos no mar, tanto em oficial su-
ser instrutor, professor e primeiro-comandante. primeira guerra mundial; em guarda-marinha, balterno com em oficial superior, o último dos
12 MARÇO 2003 • REVISTA DA ARMADA