Page 87 - Revista da Armada
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Pereira” tem, á distância de setenta anos, certo
Ministros de Estado paralelo com os acontecimentos aqui citados, do
ataque dos vátuas a Lourenço Marques no fim
do século passado. Com efeito, é o seu navio, tal
como outrora havia sido a corveta “Rainha de
Portugal”, em Lourenço Marques, que em 1961
em Angola, desembarcando pequenas forças –
ainda não tínhamos fuzileiros – no Ambriz e no
Ambrizete, consegue manter o moral das popu-
lações até à chegada da tropa de reforço.
Terminaria a sua carreira no Ultramar, segui-
damente, no cargo de segundo-comandante
naval de Angola, onde viria a merecer a meda-
lha de ouro de Serviços Distintos com Palma.
13 – Na última guerra do Ultramar, de 1961 a
1974, e no cumprimento do dever militar, houve
oficiais que se distinguiram e que mereceram
CALM CMG VALM
Isidro Pereira Leite Joaquim Júdice Biker Luís Magalhães Corrêa expressivos louvores e condecorações.
1866-1926 1866-1926 1873-1960 Embora não mencionando os ex-alunos que
se distinguiram, por estarmos em cima dos fac-
período crítico, e em oficial tos, poderemos afirmar que em todos os
general foi Director do escalões eles cumpriram o seu dever e, como
Instituto Superior Naval de outrora, muitos ganharam Cruzes de Guerra e
Guerra. Seria condecorado, a medalhas de Valor Militar.
título póstumo, com a Ordem O relatos dos acontecimentos e suas conse-
da Liberdade. quências virão, certamente, a ser objecto de
O contra-almirante Jaime análise no futuro.
de Azevedo Monteiro de Não citei nesta palestra, nominalmente, qual-
Barros, oficial de uma total quer oficial da Armada que não fosse ex-aluno
dedicação à Armada, teve do Colégio Militar.
diversos comandos, que cul- Fi-lo propositadamente, não por espírito de
minaram em 2º comandante clube, mas para não confundir V. Exªs no
naval de Angola, durante a emaranhado dos muitos nomes que referi.
CMG VALM guerra do Ultramar. Foi, em Interrogar-se-ão, talvez, alguns dos que me
Fernando Augusto Branco Manuel Pereira Crespo oficial superior, chefe da mis- escutaram, se nas palavras proferidas não trans-
1880-1940 1911-1980
são geo-hidrográfica da parece certa discriminação ou elitismo e se todos
Guiné e, em oficial general, os que, na Armada, se distinguiram ou foram
quais o do contra-torpedeiro “Vouga”. chefe do gabinete do ministro da Marinha, heróis ou sábios, eram “meninos da Luz”.
O contra-almirante Jorge Maia Ramos Pereira Crespo. De modo algum. Não fomos, nem somos,
Pereira, primeiro do seu curso da Escola Naval, O capitão-de-mar-e-guerra José Pimenta de como já se disse, diferentes dos demais, e se há
foi um técnico distinto de Electrónica e de Co- Almeida Beja Camões Godinho foi, como o profissão onde a discriminação não tenha razão
municações da Armada. A ele se deve a reor- anterior e seu camarada de curso na Escola de ser é a profissão militar, porque a todos nos
ganização deste importante serviço nos últimos Naval, um oficial com uma vida totalmente obriga um forte laço, que se chama cama-
tempos, o qual chefiou durante nove anos. dedicada à Marinha. Após diversos comandos e radagem.
Verdadeiro condutor de homens, foi um chefe chefia da missão hidrográfica de Cabo Verde, é E se tal não será um exclusivo do Colégio
preocupado com os problemas humanos, tanto o primeiro comandante da fragata “Pacheco Militar, é, com certeza, o elo mais forte que une,
dos seus subordinados directos, como dos Pereira”, que foi buscar a Inglaterra, e é nesse mesmo transpondo o tempo, todos os que, algu-
muitos que lhe batiam à porta. Comandou o navio que toma parte no combate ao início da ma vez passaram pela Luz.
aviso “João de Lisboa” no Extremo-Oriente, em subversão em Angola. A acção da “Pacheco
A. Almeida Brandão
(Fotos do Arquivo Central – CALM
Majores Generais da Armada CEMA – Biblioteca Central da Marinha)
N.R. O autor ao escrever o artigo original fez
questão de só mencionar oficiais que já tivessem
falecido. No entanto pela sua importância, afigura-
-se agora oportuno acrescentar o CALM Vasco de
Almeida e Costa, Governador de Macau de 1981 a
1986, e o Almirante Ribeiro Pacheco Chefe do
Estado-Maior da Armada entre 1994 e 1997.
Ao mesmo tempo é justo mencionar ainda dois
oficiais que foram padres capelães da Marinha, o
2º ten Mendes Serrano e o Capitão de Fragata
J. Corrêa de Sá (Asseca) e também dois oficiais que
se notabilizaram como grandes desportistas, o
CMG António Lopes Jonet, atleta olímpico em
Helsínquia na modalidade de Pentatlo Moderno
(corrida de 4Km/esgrima/tiro de pistola/equitação/
VALM VALM ALM natação) e o 1º ten Jorge Soares grande sprinter,
Joaquim A. da Mata Oliveira Fernando de Oliveira Pinto J. J. Freitas Ribeiro Pacheco que foi recordista ibérico dos 100 m com 10,4 seg e
1874-1948 1887-1961 1934-0000 campeão ibérico de 100, 200 e 4x100 m.
REVISTA DA ARMADA • MARÇO 2003 13