Page 378 - Revista da Armada
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que viajaram de Lisboa a bordo da fragata gens com mais de
Corte Real. 5 meses de dura-
No dia 25 de Abril, terminadas as repa- ção. Atravessou 23
rações de que necessitava, a Sagres largou vezes o Equador, 5 Foto CTEN António Gonçalves
com destino a Lisboa, numa viagem cheia vezes o canal de
de imprevistos. Fez escala no Recife, Min- Suez, 4 vezes o
delo e Funchal, antes de entrar a barra do canal do Panamá
Tejo no dia 23 de Junho de 1962. Ainda e dobrou o cabo
nesse ano efectuou a primeira viagem de da Boa Esperan-
instrução com os cadetes do 1º ano da Es- ça em 1993. Em
cola Naval, curso Luís de Camões. 1992 atravessou
Nos 42 anos que o navio leva na Marinha o Atlântico Norte,
Portuguesa, apenas não efectuou viagens de entre a Bermuda e
instrução em 1987 e 1990, por se encontra- Lisboa, em apenas
rem em curso, respectivamente, a primeira e 13 dias, exclusi-
segunda fases da grande reparação. vamente à vela,
Já efectuou duas viagens de circum-nave- e conseguiu uma
gação (1978-79 e 1983-84), entre cinco via- singradura de 292 A multidão anseia por entrar a bordo.
milhas. O navio-escola Sagres conta ainda
Vice-Almirante Silva Horta com a participação em 15 regatas interna-
Primeiro Comandante da Sagres cionais onde alcançou dois primeiros, um
segundo, um terceiro e dois quartos luga-
O Vice-almirante res. Inúmeros presidentes, ministros, reis e
Henrique Afonso da príncipes, de vários países, já estiveram a
Silva Horta nasceu em Arquivo Almirante Horta
Lisboa no dia 21 de Se- bordo e visitaram o navio.
tembro de 1920 e entrou O navio-escola Sagres é, certamente,
para a Escola Naval em um dos navios mais conhecidos em todo
1940. Foi promovido a o mundo. Nos portos onde atraca, con-
oficial em 1944, a oficial juntamente com os grandes veleiros de
superior em 1959 e a ofi- outras marinhas, é normalmente o mais
cial general em 1976. procurado pelos visitantes e pelas repor-
Parte importante da tagens das televisões. Frequentemente
sua carreira foi passada regista mais de 10.000 visitantes por dia
no mar: oficial de guar- e, num porto movimentado, ultrapassa a
nição do aviso João de
Lisboa, do contra-tor- barreira dos 100.000 durante a estadia,
pedeiro Tejo e do anti- como aconteceu no ano passado em Rou-
go navio-escola Sagres; en. Durante a Expo’98 chegou a receber
oficial imediato do avi- mais de 25.000 visitantes num só dia. Na
so Gonçalves Zarco e mesma ocasião, em apenas duas sema-
do antigo navio-escola nas, 235.000 pessoas visitaram o ex-libris
Sagres; comandante do patrulha Sta. Maria, do antigo e do actual navio-escola Sagres e da fragata da Marinha Portuguesa.
Cte. Sacadura Cabral. Foi ainda, por três vezes, Capitão de Bandeira do paquete Vera Cruz. O facto de já ter tido três bandeiras con-
Em terra desempenhou os cargos de capitão dos portos e chefe dos Serviços de Marinha da Guiné; feriu-lhe uma história ímpar, como tentá-
secretário-escolar do Grupo Nº 1 de Escolas da Armada; adjunto para as informações do Comando-chefe mos mostrar nos artigos publicados ao lon-
de Angola; oficial do Estado-Maior da Armada, na 1ª e 2ª Divisões, nesta última como chefe do Serviço
de Informações Militares; chefe do Estado-Maior do Comando Naval do Continente; Comandante da go deste ano na Revista da Armada. A esta
Base Naval de Lisboa; Director do Museu de Marinha; Superintendente dos Serviços do Pessoal; Vice - aura lendária, conferida por uma história
-chefe do Estado-Maior da Armada; Chefe da Casa Militar do Presidente da República; e Presidente da rica em vicissitudes, junta-se a muito for-
Comissão Nacional Contra a Poluição no Mar. Nesta última função, que exerceu até se reformar, foi te e bem cuidada imagem de marca. Dizer
eleito vice-presidente das Comissões de Paris e de Londres, sendo a última de âmbito mundial. que se trata de um embaixador itinerante
Fez ainda parte da Missão de Recepção do NE Guanabara e foi nomeado pelo Ministério da Ma- é redutor, uma vez que o navio-escola Sa-
rinha para integrar a representação portuguesa, da Exposição Mundial de Osaka, no Japão. gres representa, actualmente, muito mais
Fora do serviço da Armada foi Presidente da Câmara Municipal de Bissau, Governador de do que isso. O seu potencial na formação
Cabo Verde, Ministro da República para os Açores e Presidente da Comissão Consultiva para as dos cadetes e na divulgação da Marinha,
Re giões Autónomas. bem como na afirmação da imagem de
Durante a sua carreira frequentou os cursos de NCSO, Geral Naval de Guerra, Operações Anfí-
bias (Madrid), Táctica Naval para comandantes e Táctica Marítima (Inglaterra). Portugal no mundo, é ilimitado.
Foi instrutor da Escola de Marinharia, que funcionava no NE Sagres, e do Curso Geral de Sargen- Nota-se de há alguns anos a esta parte
tos, no Grupo Nº 1 de Escolas da Armada. Depois de promovido a oficial superior foi professor da uma justificada e crescente preocupação
Escola Náutica, Instituto Superior Naval de Guerra, Instituto de Altos Estudos Militares e da Escola com o envelhecimento da nossa esquadra,
Superior de Guerra Aérea. Quando foi fundado o Instituto de Defesa Nacional, e antes de serem fi- pelo facto de muitos navios contarem mais
xados os respectivos quadros, teve a seu cargo as conferências e exposições destinadas aos cursos de 30 anos. A este propósito recordamos
de instituições congéneres estrangeiras, que se deslocavam a Lisboa. que o navio-escola Sagres completa 70
Dedicando-se em especial a assuntos militares, navais e de política internacional tem espa- anos em 2007! Que se mantenha o vento
lhado a sua colaboração por várias revistas, sob a forma de artigos, estudos e crónicas. Cola- de feição, para que o Pendão verde-rubro
borador assíduo dos Anais do Clube Militar Naval, de que foi director em 1976, nele publicou possa continuar a ser admirado no penol
vários artigos e, há mais de 30 anos, assegura a publicação da Crónica Internacional.
Na sua folha de serviço constam mais de duas dezenas de louvores e quarenta e uma con- da carangueja alta...
decorações nacionais e estrangeiras. Z
O Vice-almirante Henrique Afonso da Silva Horta passou à reserva em 1979 e à reforma em 1990. António Manuel Gonçalves
CTEN
16 DEZEMBRO 2004 U REVISTA DA ARMADA