Page 347 - Revista da Armada
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eram de péssima qualidade. O outro era a  vos morteiros lança-bombas de profundida-  lados novos equipamentos de comunicações
         falta de «Asdic» que por essa altura ainda  de em substituição dos dois antigos; na subs-  em VHF e UHF; por último, e não menos
         era uma arma secreta.              tituição dos tubos centrais das peças de 120  importante, passaram a ter um Centro de
           Aquando das negociações com a Inglater-  mm por outros amovíveis; na instalação de  Informações de Combate. E assim ficaram
         ra, 1943, para a utilização das bases dos Aço-  um radar de aviso aéreo (291M); na substi-  remoçados o Vouga, o Lima, o Dão e o Tejo
         res pelos seus navios e aviões comprometeu-  tuição do telémetro óptico por um radar de  para poderem ombrear com os restantes es-
         -se aquela a fornecer a Portugal o material  artilharia (285 P4); na modernização da alça  coltadores oceânicos da NATO.
         necessário para actualizar o equipamento  directora da artilharia de superfície; na mo-  Ao longo da sua vida os «destroyers» fo-
         dos nossos navios, nomeadamente «As-  dernização dos equipamentos de comunica-  ram intensamente utilizados em missões
         dics» e peças AA «Oerlikon» de 20 mm. Em  ções; na substituição do mastro de vante por  de soberania, sobretudo nos Açores, em
         cada «destroyer» foram instaladas na pon-  um mastro trípode; no corte da chaminé de  missões de representação no Estrangeiro,
         te a cabana do «Asdic»                                                               em missões de busca
         e duas «Oerlikons»; as                                                               e salvamento (Servi-
         três «pom-pom» de ori-                                                               ço SAR), em pequenos
         gem foram substituí das                                                              cruzeiros complemen-
         por outras tantas «Oer-                                                              tares dos mais diversos
         likons». Após esta pri-                                                              cursos e em manobras
         meira remodelação os                                                                 para adestramento das
         navios viram aumenta-                                                                respectivas guarnições.
         da substancialmente a                                                                Durante a Guerra Ci-
         sua capacidade para en-                                                              vil de Espanha (1936-
         frentar ataques aéreos                                                               1939) desempenharam
         e para detectar subma-                                                               um papel importante
         rinos submersos. Além                                                                na evacuação de civis
         disso ficaram mais ele-                                                               portugueses. Durante a
         gantes com a elimina-                                                                Segunda Guerra Mun-
         ção do mastro de ré.                                                                 dial (1939-1945) notabi-
           Durante a Segunda                                                                  lizaram-se por diversas
         Guerra Mundial os lan-  O “Dão” após a 2ª remodelação.                               vezes, com relevo para
         çamento de torpedos                                                                  o Lima, em operações
         por «destroyers» ou os combates entre «des-  ré. Desta forma foi aumentada mais uma vez  de salvamento de náufragos. Após a entrada
         troyers» foram raríssimos. Na maioria esma-  a capacidade dos nossos «destroyers» para o  de Portugal na NATO (1949) tomaram par-
         gadora dos casos, os «destroyers» inicialmen-  desempenho das tarefas de escoltadores oce-  te em numerosas e importantes manobras
         te existentes foram usados exclusivamente  ânicos e reduzida de 50% a sua capacidade  internacionais.
         como escoltadores oceânicos, ou seja, como  para actuarem como torpedeiros.  O Douro foi abatido em 1959; o Dão em
         navios encarregados de proteger as esquadras   A entrada de Portugal na NATO (1949)  1960; o Lima e o Tejo em 1965 e, por fim, o
         e os combóios de navios mercantes contra os  iria dar lugar a uma terceira e última remo-  Vouga em 1967 depois de ter estado ao servi-
         ataques dos submarinos e dos a viões inimi-  delação dos «destroyers» que decorreu entre  ço da Armada durante trinta e quatro anos.
         gos. Os novos navios que durante a guer-  1957 e 1959 nos estaleiros da CUF em Lisboa   Ainda como cadete tive a honra de lan-
         ra foram sendo construídos especialmente  e da qual foi excluído o Douro por se en-  çar um torpedo de bordo do Douro. Como
         para esse fim, primeiro classificados como  contrar em pior estado que os outros. Nesta  guarda-marinha e segundo-tenente fui chefe
         «destroyers de escolta» e mais tarde como  remodelação foram-lhes retiradas as peças  do Serviço de Artilharia do Dão e do Lima.
         «fragatas», deixaram de                                                              Como primeiro tenente
         ter tubos lança-torpe-                                                               fui imediato do Vouga e
         dos e viram aumenta-                                                                 do Tejo. Não me chegou
         do consideravelmente                                                                 a sair a rifa do comando
         o seu armamento anti-                                                                de qualquer deles. Hoje
         aéreo e anti-submarino.                                                              recordo com saudade a
         Na prática, o tipo «des-                                                             atribulada saída do Dão
         troyer» tinha acabado.                                                               para cumprimentar a
         Não obstante continuou                                                               Rainha de Inglaterra, a
         a ser usada a designação                                                             comissão nos Açores a
         de «destroyers» para os                                                              bordo do Lima, em que
         escoltadores maiores e                                                               a nossa equipa de fute-
         mais rápidos destina-                                                                bol ganhou todos os jo-
         dos à protecção das es-                                                              gos em que participou,
         quadras                                                                              as manobras do Vouga
           Acabada a Guerra                                                                   em Londonerry, as do
         foi resolvido enviar os                                                              Tejo em Gibraltar e mui-
         nossos «destroyers»                                                                  tos outros bons e maus
         para Inglaterra a fim de   O “Vouga” após a 3ª remodelação.                           momentos que vivi nos
         serem mais uma vez modernizados, o que  de 120 mm nº 2 e nº 3 sendo substituídas,  «destroyers», esses magníficos «galgos do
         aconteceu entre 1946 e 1949 Essa remodela-  respectivamente, por um «Squid», a última  mar» que eram a «jóia da coroa» da nossa Ma-
         ção consistiu essencialmente: na retirada de  palavra em armas anti-submarinas, e por  rinha. E recordo também com igual saudade
         um dos reparos quádruplos de torpedos,  uma «Bofors» dupla de 40 mm; foram-lhes  os excelentes comandantes, oficiais, sargentos
         substituído por uma peça AA «Bofors» de 40  retirados os morteiros lança-bombas de pro-  e marinheiros com quem neles servi.
         mm; na substituição das duas «Oerlikons»  fundidade; foi-lhes instalado um novo radar                 Z
         instaladas no parque da peça 3 por outras  de aviso aéreo (MLA1) com uma enorme         Saturnino Monteiro
         tantas «Bofors»; na instalação de quatro no-  antena giratória; foram-lhes também insta-            CMG
                                                                                    REVISTA DA ARMADA U NOVEMBRO 2006  21
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