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em Junho de 1916 , na organização de um cur- Serviço Naval, enquanto solicitava a colabo- (12 de Janeiro a 2 de Fevereiro de 1932), Mu-
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so destinado a habilitar os professores primá- ração do seu maior perito. rinello exerce as funções de Chefe do Estado-
rios para o ensino da Ginástica, no âmbito da Mas o Comandante Murinello prosseguia a Maior das Forças Navais destacadas naquele
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instrução militar preparatória do 1º grau . sua colaboração com o Exército, fazendo parte Território, logo regressando à Metrópole para
É promovido a Capitão-Tenente em 25 de do seu Conselho Director da Educação Física. retomar o cargo de professor da Escola de Edu-
Abril de 1918. Não tarda a receber as primeiras Esta actividade merece-lhe novo louvor do cação Física. Este é acumulado com o de Instru-
distinções: Comendador da Ordem de Avis em Ministro da Guerra (28 de Fevereiro de 1931), tor de Exercícios Físicos da Escola Naval, onde
6 de Março de 1919, Co- introduz elevados padrões
mendador da Ordem de de exigência no treino dos
Santiago da Espada a 6 de aspirantes (cujas aulas de-
Maio do mesmo ano e lou- corriam na antiga Sala do
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vor do Ministro da Guer- Risco ) e nos critérios de
ra, em 26 de Fevereiro de admissão. Neste último
1920, pelos “extraordiná- aspecto ficou célebre o ri-
rios e importantes servi- gor com que aplicou o Ín-
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ços” prestados à causa da dice de Pignet , calculado
Educação Física no Exérci- com base na altura, perí-
to, preparando sargentos metro torácico e peso dos
monitores de ginástica no candidatos, o que levava
Serviço de Torpedos Fi- alguns mancebos mais
xos. Com o fim da Grande “esticadinhos” a recorrer
Guerra vieram também as a consultas médicas pre-
medalhas da Vitória e das paratórias onde lhes era
Campanhas (“Moçambi- recomendada uma dieta
que 1914-1918” e “Defesa de “engorda” e a inges-
Marítima 1916-1918”). tão de cerveja durante as
Em 1920 é publicado refeições .
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o primeiro Regulamento Aula de ginástica – Escola Naval 1935. Entre os seus instruen-
Oficial de Educação Física em Portugal, sob onde é realçada a sua alta cultura científica, dos passou, essencialmente, a imagem de um
os auspícios dos Ministérios da Guerra, da a sua elevada competência e a demonstrada homem inteligente, digno, sério e muito cor-
Marinha e da Instrução. Peres Murinello, en- dedicação pela Educação Física. Ano e meio tês, embora pouco comunicativo e algo dis-
tão já definitivamente reconhecido como uma antes tinha já recebido as insígnias de Grande tante . Correcto e justo, acompanhava atenta
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autoridade nacional no assunto, participa na Oficial da Ordem Militar de Cristo. e minuciosamente a evolução do estado físi-
sua elaboração (nesta tomou também parte o Por esta altura instala-se uma acesa polé- co de cada um deles, não descurando sequer
Capitão-tenente Carlos Vilar, conhecido sobre- mica entre os promotores da Educação Física o modo como respiravam. E sendo fechado
tudo pela promoção do futebol na Marinha). tradicional e os partidários da chamada “gi- de carácter, era, contudo, aberto de coração,
Em 1921 é nomeado para integrar a comissão nástica de fole”, que se limitava a uma série de como o demonstra o facto de ter oferecido a
encarregue do projecto de organização do Ins- exercícios respiratórios nas posições de deitado sua casa em Algés como “base” para os aspi-
tituto de Educação Física, que só veria a luz do e sentado. Os defensores deste método argu- rantes nas suas saídas com as embarcações à
dia dezanove anos mais tarde, depois de um mentavam que o esforço físico era prejudicial, vela da Escola Naval, guardadas num barra-
processo muito pouco pacífico, como adian- sendo, nomeadamente, um potenciador da Tu- cão nas redondezas .
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te veremos. berculose. São estes quem prevalece e, assim, o Mantém-se nestas funções durante per-
No ano seguinte, a 12 de Outubro, casa com Programa de Educação Física de 1932 proíbe o to de quatro anos, interrompendo-as apenas
Maria Adelaide Guerre- para, já como Capitão-de-
ro Ferro. -Fragata (fora promovido
Conclui a especialização em 23 de Dezembro de
em Educação Física a 18 1932), exercer o comando
de Março de 1925 (pouco do transporte “Gil Eanes”,
mais do que uma oficia- de 21 de Agosto de 1933 a
lização das competências 6 de Setembro de 1934. Re-
que já possuía e sobeja- tomando a actividade lec-
mente vinha demonstran- tiva, recebe como encargo
do), um mês depois de adicional a chefia da Sec-
ter integrado uma sub- ção Técnica da Direcção
comissão encarregue de de Educação Física da Ar-
organizar uma equipa de mada. Neste período, que
futebol representativa da se estende até Março de
Armada. 1936, mantém uma activa
Logo a seguir é nomea- e regular colaboração nos
do professor da Escola de Anais do Clube Militar Na-
Educação Física da Ar- val, redigindo a “Crónica
mada, onde permanecerá de Educação Física”. O
Exercícios de aplicação – Escola Naval 1935.
dois anos e meio. Refira-se Director de Educação Físi-
que esta escola, anexa à Escola Naval, tinha desporto escolar e entrega aos médicos o en- ca da Armada reconhece publicamente a sua
acabado de ser criada sob a égide do Ministro sino daquela disciplina. Nas Forças Armadas, exemplar acção no desenvolvimento racional
Pereira da Silva, juntamente com a Comissão porém, a prática desportiva prossegue oficial- da Educação Física na Marinha e no treino
Técnica de Educação Física (da Armada). A mente e o método de Ling (modificado) não dos aspirantes. Também o Ministro da Guer-
Marinha reconhecia, deste modo, a impor- cede à chamada “ginástica portuguesa”. ra o louva “pela sua muita dedicação em prol
tância de institucionalizar o treino físico no Entretanto, numa curta estadia em Macau da Educação Física no Exército, contribuindo
24 NOVEMBRO 2006 U REVISTA DA ARMADA