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A Última Missão do “Delfim”
A Última Missão do “Delfim”
“Em Silêncio ao serviço da Nação”
pós cerca de 36 anos de intensa acti-
vidade operacional, o NRP “Delfim”,
Aquarto submarino da 4ª esquadrilha, Foto 1SAR FZ Silva
efectuou a sua última imersão a 7 de De-
zembro de 2005. Entregue à Marinha Por-
tuguesa, em 30 de Setembro de 1969, pelos
estaleiros franceses “Dubigeon-Normandie”
em Nantes, na sua viagem para Portugal,
contrariamente à sua última navegação, su-
portou forte temporal no Golfo da Biscaia
tendo, após atribulada viagem, subido o Tejo
pela primeira vez em 31 de Janeiro de 1970.
Desde logo desenvolveu um crescendo nú-
mero de missões, com particular incidên-
cia nas áreas do Continente e Ilhas, numa
constante acção de vigilância e afirmação
de soberania nas nossas águas. Para além
da inquestionável capacidade dissuasora,
as suas aptidões operacionais foram desde Assim, no passado mês de Dezembro desta forma o saudaram no regresso da sua
cedo evidenciadas no contacto frequente efectuou a sua última missão operacional última missão.
em companhia do A 14 de Dezembro, presidida pelo VALM Co-
seu camarada de mandante Naval, teve lugar na Esquadrilha de
longa data, o NRP Submarinos uma cerimónia militar evocativa do
“Barracuda”, re- fim da actividade operacional do “Delfim”. A
gressando à BNL guarnição formou em frente ao Edifício do Co-
Foto 1SAR FZ Silva
no dia 7 desse mês. mando, estando presentes os antigos coman-
Este seu último dia dantes e outras entidades militares convidadas.
iniciou-se com o Usou da palavra para proferir uma alocução
embarque, na baía histórica, evocativa dos factos importantes
de Sesimbra, do da existência do navio, o CMG Conde Mar-
Comandante Na- tins, que integrou a primeira guarnição como
val, VALM Alexan- imediato e foi o seu segundo comandante.
dre da Fonseca, do Terminada a evocação histórica procedeu-se
1º Comandante ao acto simbólico da entrega da flâmula por
da Esquadrilha de parte do último comandante do submarino, o
Submarinos, CMG CTEN Salgueiro Frutuoso, ao comandante da
Costa Andrade, de Esquadrilha de Submarinos, tendo de seguida
alguns oficiais con- o VALM Comandante Naval usado da palavra
vidados e de jorna- em favor da distinção do “Delfim” e de todos
com unidades de outras Marinhas, nos va- listas da RTP, SIC e Agência Lusa. Concluído quantos nele serviram. Seguiu-se um almo-
riadíssimos exercícios nacionais e interna- o embarque, o submarino entrou em imer- ço volante, na sala de oficiais da Esquadrilha
cionais em que participou. são e iniciou um
Tendo ultrapassado largamente os 25 anos trânsito coordena-
de vida, inicialmente previstos, o NRP “Delfim” do com o “Barra-
encerrou a sua actividade operacional, des- cuda” rumo à bar- Foto CAB L Figueiredo
pe dindo-se do activo, na sequência de uma ra sul do porto de
existência preenchida por intensa actividade Lisboa. Cerca das
operacional, que se foi desenvolvendo ao 15 horas foi simu-
longo das suas 44.307 horas de navegação, lado um “veio de
das quais 30.743 em imersão, e de que se des- água” e executado
tacam incontáveis missões de vigilância e re- o procedimento de
colha de informação, participação na opera- vinda à superfície
ção “Sharp Guard” por ocasião do embargo em emergência,
aos países da ex-Jugoslávia, acoplamento ao um exercício sem-
veí culo de salvamento LR5, com transfe rência pre delicado que
de pessoal a 146 metros de profundidade e desta feita marcou
participação em diversos exercícios das sé- a definitiva despe-
ries “Ocean Safari”, “Open Gate”, “Linked dida das profun-
Seas”, “Joint Maritime Course”, “Tapon”, dezas. Iniciou-se
“Sword Fish”, ”Basic Operational Sea Trai- então o trânsito, definitivamente à superfí- de Submarinos, onde confraternizaram convi-
ning”, “Contex”, “Lusíada”, “Sharkhunt” e cie, até à BNL, onde o “Delfim” entrou ao dados, actuais e antigos militares, que serviram
tantos outros. som das sereias dos navios aí atracados que a Pátria no “Delfim”. Z
6 FEVEREIRO 2006 U REVISTA DA ARMADA