Page 229 - Revista da Armada
P. 229
O projecto VTS prevê a instalação de di- O SISTEMA AIS (portos de origem/destino, ETA/ETD, tipo
versos sistemas ligados em rede ao longo da de carga, etc.) e dados dinâmicos (posição
costa portuguesa, nomeadamente: O AIS (Automatic Identification System) GPS, rumo, velocidade, etc.).
- Criação de dois Centros de Coordenação é uma fonte de informação importante para A nível militar, a maioria dos paises
do Sistema VTS, um principal a construir nos melhorar a segurança marítima e aumentar NATO está a implementar o AIS comer-
terrenos da Escola Náutica Infante D. Hen- a vigilância sobre os navios no mar. cial e a desenvolver doutrina (codificação,
rique em Paço d’Arcos e outro secundário a O sistema AIS foi desenvolvido pela IMO amplificação de força, mistificação, etc.)
edificar em Portimão; (International Maritime Organization) para para utilização de uma versão AIS militar,
- Instalação de um Centro VTS Portuário o controlo da generalidade dos navios de o WAIS (Warship Automated Identification
em Aveiro; passageiros, navios mercantes oceânicos System).
- Instalação de 8 radares costeiros; acima das 300 toneladas e navios de carga O sistema AIS permite ser configura-
- Instalação de 8 radares portuários: Viana com mais de 500 toneladas, quer efectuem do para funcionar em diversos modos de
do Castelo (1); Aveiro (3); Figueira da Foz (2); ou não viagens internacionais. Prevê-se a operação, incluindo em modo passivo. O
Portimão (1) e Faro (1); “firmware” do sistema permite
- Ligação aos sistemas portuá- a sua actualização com novas
rios já existentes em Leixões, Lis- funcionalidades.
boa, Setúbal e Sines; A Guarda Costeira Americana
- Instalação da rede AIS para tem em curso um projecto para
a Identificação Automática de avaliar a capacidade de recep-
Navios; ção da informação AIS por saté-
- Instalação da rede VHF (para lites, especialmente os de orbita
a comunicação com os navios) e de baixa altitude, veículos não
DF (Rádio-localização); tripulados e balões de grande
- Instalação da rede de comu- resistência.
nicação a interligar os diferentes
locais e sistemas (backbone); O SISTEMA GMDSS
- Ligações funcionais a outros
utilizadores do sistema (forne- O sistema GMDSS (Global
cimento de dados a clientes do Maritime Distress and Safety
sistema). System) não é propriamente
Prevê-se também a integração/ um sistema de seguimento de
associação do projecto GMDSS Fig. 2 – Imagem AIS da entrada de Lisboa obtida via Internet no site www.aislive.com. navios e embarcações no mar
(Global Maritime Distress and mas sim um sistema de comu-
Safety System) ao projecto VTS nicações de emergência para
Costeiro. O custo global estima- navios e embarcações que subs-
do do projecto, sem o GMDSS, titui o anterior, baseado no sis-
é da ordem dos 100 Milhões de tema manual de código Morse
Euros, com um apoio comuni- em 500 kHz e o canal VHF de
tário previsto de 50%. emergência (canal 16) e 2182
O sistema tem como objec- kHz em MF.
tivos aumentar a segurança O GMDSS faz parte do SO-
das embarcações nas águas da LAS (Salvaguarda da Vida Hu-
costa portuguesa e nos esque- mana no Mar - Safety Of Life
mas de separação de tráfego At Sea – SOLAS) da IMO desde
(EST), aumentar a segurança da 1988 como alteração ao siste-
vida humana no mar, evitar in- ma de comunicações até então
trusões e o desembarque ilegal em vigor.
de pessoal e actividades ilícitas O GMDSS é um sistema au-
nas águas costeiras, proteger e tomático que usa os satélites
melhorar o ambiente marinho Fig. 3 – Imagem AIS obtida através de um receptor AIS instalado nas ICM e o software do sistema COSPAS-SARSAT
na costa e contribuir para uma NATO MSSIS. Este tipo de receptor AIS está a ser instalado nas Capitanias em Portugal e uma tecnologia de chamada
melhor utilização da ZEE por- Continental e permite o envio dos dados via Internet para um centro de fusão de da- digital selectiva (funcionalida-
tuguesa dos da NATO em Nápoles. Nos Açores e na Madeira, os MRCC tem uma consola do de conhecida por DSC – Digital
sistema MACAIS disponibilizado pelas respectivas administrações portuárias.
O VTS Costeiro permitirá Selective Call). Através de equi-
igualmente assegurar as obrigações na- extensão a médio prazo da obrigatoriedade pamento apropriado tem-se a vantagem da
cionais referentes à classificação de toda da existência a bordo do sistema na genera- simplificação das operações de alerta rádio,
a costa portuguesa como “Zona Marítima lidade dos navios e embarcações. especialmente importante para a salvaguar-
Particularmente Sensível”, impondo regras O sistema AIS funciona na banda VHF da da vida humana no mar e para a localiza-
obrigatórias de informação aos navios que pelo que o seu alcance depende muito da ção do pedido de socorro. O sistema é glo-
transportam cargas mais poluentes criando altura da antena, que em termos médios é da bal coordenado por centros de salvamento
condições de maior segurança e contribuin- ordem das 24 milhas, embora possam ser re- específicos edificados por cada país. Este
do para a preservação ambiental das águas gistados alcances práticos muito superiores. sistema permite também uma rápida dis-
portuguesas e zonas ribeirinhas. O VTS via- O sistema envia mensagens de dados com seminação de outras comunicações de ur-
biliza ainda a alteração dos “Esquemas de a identificação, posição e as características gência e segurança, avisos aos navegantes
Separação de Tráfego”, afastando os corre- da plataforma onde se encontra instala- e informação meteorológica.
dores de passagem de grandes navios em do, designadamente dados estáticos (MMSI Os equipamentos utilizam um sistema
toda a costa, melhorando as condições de – Maritime Mobile Service Identity, indicati- digital de identificação, enviando em cada
actuação em caso de acidentes ou inciden- vo de chamada, nº IMO, comprimento/boca, comunicação o seu MMSI (Maritime Mobi-
tes marítimos. tipo de navio, etc.), dados sobre a viagem le Service Identity) que identifica a embar-
REVISTA DA ARMADA U JULHO 2007 11