Page 230 - Revista da Armada
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cação (nome, porto de registo, tamanho,  prios de cada país.          mitir um grande desenvolvimento, a sua
         etc.). O equipamento necessário a bordo   Já há empresas a assegurar a armadores  segurança e o seu controlo é fundamental.
         depende da legislação do país e da área  e gestores de frotas, serviços de alerta glo-  Neste sentido, é importante incrementar a
         de navegação:                      bal e seguimento de navios mercantes, en-  cooperação entre os diversos departamen-
           VHF com DSC                      viando permanentemente informação de  tos do Estado, compatibilizar objectivos,
           VHF portátil                     acordo com os requisitos da IMO para os  desenvolver sinergias e estabelecer canais
           EPIRB 406 MHz                    Sistemas de Segurança e Alerta de Navios  para a rápida troca de informação.
           Receptor NAVTEX                  (Ship Security Alert Systems - SSAS) e LRIT.   As capacidades científicas e tecnológi-
           SART                             A ShipLoc (http://www.shiploc.com/) é uma  cas do país também devem ser orientadas
           MF com DSC                       destas empresas.                   de forma a potenciar e a garantir o uso sus-
           INMARSAT                                                            tentado dos recursos (biológicos, físicos,
           Os rádios VHF com DSC fazem escuta   PERSPECTIVAS FUTURAS           minerais, energéticos, etc.) e a dinamizar
         automática no canal 70 e, caso receba uma                             outras actividades litorais que desenvol-
         chamada de emergência, pode indicar in-  As agências espaciais dos EUA, Canadá  vam nos nossos jovens o gosto e o respei-
         clusive o nome da embarcação remetente  e Japão e também a ESA têm investido na  to pelo mar.
         e/ou o canal de trabalho (ex: 16 ou outro de  construção de satélites com radares de aber-  Na área da segurança marítima, a cons-
         navio-navio). Como a im-                                                       ciência estratégica dos oceanos
         plementação do sistema a                                                       evidencia a responsabilidade
         nível global é difícil, qua-                                                   da Marinha enquanto agente
         se todas as estações conti-                                                    da autoridade do Estado, atra-
         nuam a assegurar a escuta                                                      vés da utilização de capaci-
         em fonia em canal 16, pelo                                                     dades militares. É uma missão
         que ainda se pode durante                                                      complexa e multifacetada, que
         mais algum tempo usar os                                                       engloba tarefas diversificadas
         canais 16 e a frequência                                                       no litoral, em águas interiores,
         2182 kHz.                                                                      costeiras e no alto mar, que exi-
           O GMDSS prevê quatro                                                         ge meios muito diferenciados,
         áreas de cobertura e vigi-                                                     desde as pequenas lanchas de
         lância:                                                                        fiscalização estuarinas, a navios
           A área A1 que é uma                                                          combatentes do tipo fragata e
         área ao alcance de uma                                                         submarino.
         estação costeira VHF pre-                                                        A facilidade com que se lo-
         parada para receber DSC                                                        caliza um navio via Internet ou
         (cerca de 20 a 30 milhas   Fig. 4 – Esquema do funcionamento do sistema LRIT.  mesmo a facilidade com que se
         de distância).                     tura sintética (SAR – Synthetic Aperture Ra-  controlam os navios que passam na nossa
           A área A2 que é uma área ao alcance de  dar). Estes radares têm a sua principal van-  costa apenas com um pequeno receptor AIS
         uma estação costeira MF preparada para  tagem no facto de adquirirem imagens em  de 300 euros representa, por um lado uma
         receber DSC (cerca de 100 milhas de dis-  quaisquer condições de tempo e apresen-  facilidade, mas também um novo desafio de
         tância).                           tarem formas de identificação dos objectos  segurança. Não é difícil imaginar um ataque
           A área A3 é uma área coberta pelo siste-  da superfície da terra ou do mar, distintas  terrorista a um navio a várias milhas da cos-
         ma de satélites INMARSAT (fora das áreas  dos sensores ópticos.       ta com um míssil guiado inicialmente pela
         A1 e A2).                            O radar de abertura sintética tem inúme-  informação AIS.
           A última área é a A4 que corresponde às  ras aplicações de âmbito civil e militar. As   A Marinha assegura as suas missões em
         áreas não cobertas pelas anteriores, tipica-  aplicações de âmbito civil incluem a car-  tempo de paz mas também em tempo de
         mente as polares.                  tografia, delineação de cheias, detecção  crise e de conflito. Desta forma, os novos
                                            de gelo oceânico, detecção de derrames  sistemas têm de estar permanentemente dis-
         O SISTEMA LRIT                     de petróleo e monitorização de actividade  poníveis para a Marinha sem que existam
                                            sísmica. As aplicações de âmbito militar in-  condicionantes de qualquer ordem. Aliás,
           A limitação de alcance do sistema AIS irá  cluem a detecção de alvos móveis e a es-  a Marinha é por certo a entidade que me-
         ser ultrapassada com o Sistema de Identifi-  tima dos seus parâmetros de trajectória. A  lhores condições reúne para assegurar o
         cação e Localização de Longo Alcance (em  NATO está a utilizar este tipo de tecnologia  funcionamento, protecção e exploração
         inglês Long Range Identification & Tracking  no seu programa JSTARS (Joint Surveillance  de sistemas complexos de vigilância marí-
         - LRIT). Este sistema está a ser especificado  Targeting Attack Radar System). A Marinha  tima, já que depois é a entidade que conse-
         no âmbito do Comité de Segurança Maríti-  está a dar apoio ao projecto de investiga-  gue de uma forma sustentada a deslocação
         ma (Maritime Safety Committee - MSC) da  ção e desenvolvimento MARISS (European  a quaisquer coordenadas no mar. A Mari-
         IMO. Na 81ª sessão, em Maio de 2006, fo-  Maritime Security Services), conduzido pela  nha, com os seus recursos, está a planear
         ram adoptadas novas regras para o sistema,  Edisoft e com a participação da Skysoft, que  para breve a implementação de um Centro
         bem como protocolos e funcionalidades.  pretende desenvolver a capacidade de de-  de Operações Marítimas onde pretende ter
            O sistema tem como objectivo o segui-  tecção por satélite de navios no mar e a sua  um panorama compilado da informação
         mento por cada país dos seus navios de  correlação com outras fontes de dados, por  reunida pelos vários sistemas comerciais
         bandeira, sujeitos à regulamentação SOLAS  exemplo AIS, VTS e LRIT.   e militares (nomeadamente do Maritime
         (mais de 300 tons), através de informações   As funcionalidades dos radares de abertu-  Command and Control Information System
         padronizadas de posição, fornecidas pelos  ra sintética são também muito importantes  - MCCIS) que permitam uma observação
         sistemas de seguimento. A implantação do  para os sistemas radar VTS.  permanente, orientação de meios, tomada
         LRIT e os respectivos Centros de Dados per-                           de decisão e coordenação de acções com
         mitirão a fusão e troca de informações entre   CONSIDERAÇÕES FINAIS   a máxima rapidez.
         os sistemas de controlo do tráfego marítimo                                                           Z
         dos países signatários da Convenção SOLAS   O mar representa para Portugal um enor-        A. Dias Correia
         e os sistemas SAR (Busca e Salvamento) pró-  me potencial estratégico que lhe pode per-              CFR

         12  JULHO 2007 U REVISTA DA ARMADA
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