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O Modelismo Naval nos dias de hoje
                O Modelismo Naval nos dias de hoje

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              ideia deste artigo não é fazer a história do modelismo naval, mas  exemplar, digna de um Museu Naval. A prova da capacidade das compa-
              sim voltar a trazer à R.A. uma área que muitos dos nossos leitores  nhias produtoras e do rigor dos modelistas é que alguns Museus Navais já
              apreciam e alguns até praticam.
           Os primeiros modelos de embarcações e navios remontam ao perío-  têm nas suas exposições permanentes modelos de produção em massa,
                                                              construídos no entanto por modelistas talentosos, que põem sempre al-
         do egípcio, cerca de 1800 a. C., e se durante esta época o fim a que se  guns detalhes mais minuciosos e que vão valorizar o trabalho final.
         destinavam os modelos era acompanhar a alma do defunto para a vida   No entanto, ainda há lugar para os modelistas que fazem um modelo
         depois da morte, já os Ex-votos oferecidos a igrejas e capelas a partir do  de raiz, de construção integral e que fazem a diferença, quer pelo tema,
         século XVII e XVII e nalguns casos até aos dias de hoje, eram votos de  quer pela escala apresentada – uma coisa, não invalida a outra.
         que a fortuna abonasse o navio ou embarcação e a sua tripulação nas   O panorama nacional nesta área está a crescer, de forma lenta, mas
         suas navegações. Estes modelos eram raramente reproduções fiéis, deixa-  progressiva. Este crescendo deve-se a vários factores, sendo o mais limi-
         das às mãos de artesões e curiosos. O verdadei-                       tativo de todos o facto de os navios serem, os
         ro modelo, a reprodução exacta à escala, teve o                       modelos mais complexos de construir, aparelhar,
         seu ponto inicial durante os séculos XVII, XVIII e                    pintar e apresentar; no entanto a perseverança
         ainda no primeiro quartel do século XIX, onde os                      dos modelistas navais nacionais tem produzido
         monarcas e responsáveis pela construção de no-                        os seus frutos e a prova disso é o maior número
         vos navios o faziam após inspecção da maqueta,                        de navios, submarinos e embarcações das mais
         sendo na altura o equivalente aos dias de hoje                        variadas escalas e géneros que são apresenta-
         de aprovar um novo equipamento em projecto.                           dos nos eventos modelísticos nacionais. Uma
         Também os modelos de navios conhecidos por                            comunidade “reduzida”, as novas tecnologias
         “Prisoner Models”, durante as guerras Napoleó-                        e a partilha de conhecimento e espírito de en-
         nicas, feitos de osso de vaca, madeira ou palha,                      treajuda faz com que os trabalhos apresentados
         conseguem nalguns casos ter um detalhe exce-                          sejam cada vez em maior número e de maior
         lente e uma qualidade extrema, dependendo da memória fotográfica e  qualidade. Outro ponto que também fez a diferença foi o aparecimento
         habilidade do modelista. Por alguma razão estes modelos atingem somas  de várias associações de modelismo, de norte a sul do país, congregando
         exorbitantes, quando são leiloados e não é apenas pela sua raridade.  os modelistas, permitindo o acesso a mais conhecimentos, informação
           Informática, animações 3D e simulações quase reais não existiam, mas  e que normalmente originam exposições ou concursos, afinal de contas
         ainda assim esta é uma tradição que os estaleiros navais, sejam eles civis  o objectivo final: mostrar o nosso trabalho.
         ou militares, continuam a exercer e que continua a ser apreciada.  Seja pelo facto de estar no activo, de ter estado na Marinha ou apenas
           Tal como as tecnologias de construção naval evoluíram ao longo dos  pelo facto de gostar de navios, cada modelista naval é um “trabalhador
         tempos, também a evolução tecnológica chegou ao modelismo naval.  especializado e multifacetado”. Ao iniciar um novo projecto, não basta
         Os modelos comercialmente fabricados e comercializados, sejam eles  abrir a caixa e começar a construir o modelo! Investigar a história do na-
         de madeira, plástico injectado, resinas ou até mesmo papel deram um  vio e o seu percurso ao longo da sua vida activa, escolher qual o período
         salto qualitativo nesta última década e meia, permitindo um nível de de-  em que vamos reproduzir, conseguir interpretar fotografias e desenhos/
         talhe e perfeição inimaginável para a maior parte de nós. A ideia que o  planos, descobrir cores, trabalhar em diversos materiais desde a madeira
         modelo que vem já em peças, independentemente do material em ques-  ao plástico, latão, aço, pintar e envelhecer o modelo faz com que o mo-
         tão, bastando colá-las e aplicar uma camada de tinta é meramente um  delista tenha de dominar várias disciplinas e tenha sempre que evoluir
         brinquedo foi completamente ultrapassada.            nas mesmas, não estagnando.
           O aumento a nível mundial de entusiastas do modelismo naval, aliado   Um novo projecto, um novo desafio, novos conhecimentos que se
         às novas técnicas fez aumentar a oferta de produtos e da qualidade dos  adquirem, enriquecendo-nos.
         mesmos. Modelos que nunca pensaríamos serem produzidos “em mas-                                       Z
         sa”, são-no hoje em dia a preços relativamente acessíveis e com qualidade                       Rui Matos


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          ACADEMIA DE MARINHA – 10ª EXPOSIÇÃO - “O MAR E MOTIVOS MARÍTIMOS”

          ¬ A Academia de Marinha, em colaboração com o Museu de Ma-  marinha.pt) os seguintes elementos:
          rinha, realizará nas instalações do Museu, em Belém, na primeira   a) Relação das obras a submeter à Exposição;
          semana de Julho até finais de Setembro de 2008 a 10ª Exposição de   b) Um diapositivo ou uma fotografia de cada obra a expôr;
          Artes Plásticas – Pintura, Modelismo Naval e Escultura, subordina-  c) “Curriculum vitae” (C.V.) no máximo com 12 linhas.
          da ao tema “O MAR E OS MOTIVOS MARÍTIMOS”.           As obras deverão ser entregues no Museu de Marinha (Depar-
            Os participantes terão de enviar até 23 de Maio, em formato di-  tamento do Património) entre 3 e 6 de Junho de 2008, das 10.00 às
          gital, para a Academia de Marinha (e-mail: academia.marinha@  12.00 horas e das 14.00 às 16.00 horas.



                                       PRÉMIO DO MAR – REI D. CARLOS

          ¬ A Câmara Municipal de Cascais instituiu o Prémio do Mar Rei  nografia Biológica e deverão ser entregues até 31 de Maio de 2008.
          D. Carlos pretendendo deste modo homenagear o estadista, ocea-  Para mais informações contactar: Museu do Rei D. Carlos, Câ-
          nógrafo e homem do mar que o monarca foi.           mara Municipal de Cascais, 2754-501 Cascais ou através do telefo-
            O Prémio está aberto a trabalhos sobre Biologia Marinha e Ocea-  ne 21 481 5907
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