Page 224 - Revista da Armada
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Hoje, continua a ser assim, em terras longín- Ao Estado, a quem incumbe a responsa- quadros altamente especializados na Institui-
quas do Afeganistão, onde, simultaneamente, bilidade pelas questões de soberania, cabe ção e a captação de novos voluntários para
se procura combater o terrorismo interna- assegurar condições para a manutenção das preenchimento das necessidades do Sistema
cional e o narcotráfico, auxiliar o desenvol- capacidades nacionais de defesa. de Forças.
vimento daquele país nas suas capacidades Uma política de Defesa Nacional adequa- Igualmente importante é a disponibilização
essenciais de defesa e segurança e propor- da, moderna e eficiente, implica organizar do investimento necessário para assegurar a
cionar mais tranquilidade às populações na melhor as diferentes responsabilidades, clari- operacionalidade da força militar.
sua vida diária. ficando e ordenando competências, evitando No cenário de contenção orçamental em
É assim no Kosovo, garantindo estabilida- duplicações e buscando eficácia, racionalida- que vivemos, o melhor aproveitamento das
de, segurança e bem-estar, num momento de de e economia de meios. valências e capacidades existentes nas For-
transformação particularmen- ças Armadas, ao evitar a
te sensível, onde a oportuni- duplicação de estruturas e
dade de intervenção e a for- meios, permitirá libertar re-
ma de relacionamento com cursos indispensáveis à defe-
as populações locais assu- Foto Luís Silva do GCRP/MDN sa nacional.
mem particular relevância. Necessário será, de resto,
Foi desta forma no Cha- dar continuidade aos esfor-
de, facilitando a construção ços do reequipamento, me-
da capacidade militar inter- lhorando o nível de realiza-
nacional necessária para o ção dos planos de aquisição e
auxílio humanitário às víti- manutenção de equipamen-
mas nas áreas de conflito, e tos previstos na Lei de Progra-
foi-o também, nos céus dos mação Militar.
países Bálticos, cumprindo a Cumpridas estas condi-
obrigação solidária da defe- ções, as Forças Armadas es-
sa do espaço aéreo daqueles tarão mais aptas a fazer face
membros recentes da Aliança aos exigentes desafios que
Atlântica. actualmente lhe são coloca-
É assim, também, no Líbano, onde tive o As importantes reformas que têm vindo dos, e também aos que o futuro lhes reserva.
privilégio de estar com os nossos militares, a ser conduzidas no âmbito da Defesa Na- Refiro-me, em particular, aos decorrentes do
e a satisfação de verificar, uma vez mais, o cional e das Forças Armadas devem pros- Tratado de Lisboa que traz a política comum
modo saudável como os soldados portugue- seguir o rumo já enunciado, no sentido da de segurança e defesa da União Europeia para
ses vão disseminando a tradicional forma de criação de estruturas mais ágeis e eficazes, um novo patamar de cooperação.
ser lusitana. adequadas às exigências do ambiente de se- Os mecanismos de participação previs-
É extremamente gratificante, não só como gurança, ao cumprimento das missões mi- tos nesta dimensão da construção europeia,
Presidente da República e Comandante Su- litares e à satisfação dos compromissos do designadamente a Cooperação Estruturada
premo, mas também como cidadão, constatar País, enquanto membro de várias organiza- Permanente, implicam padrões de esforço
o elevado prestígio e a consideração de que ções internacionais de segurança e defesa. elevados em matéria de desenvolvimento de
os nossos militares usufruem em qualquer das Para a manutenção de um instrumento mili- capacidades militares e de contributos de for-
missões em que estão empenhados, em diver- tar credível, actual e de elevada prontidão e ças e meios, e também no desenvolvimento
sos pontos do globo. capacidade, torna-se fundamental a valoriza- de programas comuns sob a égide da Agência
A participação nacional nestas missões, que ção da profissão militar, e o respeito pela sua Europeia de Defesa.
traduz o natural cumprimento do compromis- especificidade. Militares,
so de solidariedade, concorre Ao longo da sua história, in-
directamente para a afirma- dependentemente das dificul-
ção de Portugal no mundo dades e dos riscos que cada
e, mais do que isso, concorre missão encerra, as Forças Ar-
para a segurança do espaço madas têm sabido sempre
em que vivemos e para a sal- cumprir com honra e brio o
vaguarda dos valores em que Foto Luís Filipe Catarino, Presidência da República que a Nação lhes confia, cor-
acreditamos. respondendo de forma exem-
A defesa nacional, actu- plar ao que os Portugueses de-
almente, conhece fronteiras las esperam.
difusas, envolvendo o empe- A Instituição Militar tem
nhamento das nossas Forças constituído uma notável esco-
Armadas fora do território na- la de cidadania, fiel depositária
cional, partilhando o esforço de nobres tradições, transmitin-
de contenção dos conflitos do à juventude valores funda-
para que também as nossas mentais como a abnegação e o
populações sejam protegidas sacrifício, a coesão, a disciplina
dos seus efeitos. e o profissionalismo, mas tam-
Infelizmente, hoje em dia, a abrangência e As Forças Armadas necessitam de elemen- bém a coragem, a ousadia e o amor à Pátria.
o carácter multifacetado das ameaças e a in- tos altamente preparados e motivados, assim As Forças Armadas foram, são e serão sem-
certeza quanto à sua localização tornam ne- como permanentemente disponíveis para o pre uma componente estruturante da identi-
cessária uma maior vigilância e uma acrescida cumprimento do juramento a que se obrigam dade nacional, valor permanente com a qual
capacidade de intervenção, razão pela qual quando nelas ingressam. a Nação conta e de que o Comandante Su-
o carácter expedicionário das forças, sendo Neste âmbito, a reestruturação em curso premo se orgulha.
embora decisivo, não dispensa a vertente da das carreiras militares deve ser suficientemen- Exorto-vos, assim, a continuar Portugal.”
dissuasão do poder militar. te apelativa para garantir a permanência de Z
6 JULHO 2008 U REVISTA DA ARMADA