Page 238 - Revista da Armada
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belecendo um paralelo com a realidade bra-  do Maranhão e Pará, hostil aos jesuítas, vem   Notas
         sileira, fala da predação entre os peixes gran-  piorar, ainda mais, a situação.  1   De acordo com a tradição, na mesma pia em que
         des e os pequenos.                   O sacerdote, porém, não esmorece e come-  Santo António recebera o baptismo.
                                                                                 2   O casal viria a ter mais cinco filhos, um  rapaz –
           Incansável na sua cruzada, embarca, a 14  ça por pregar insistentemente contra a escra-
                                                                               Bernardo - e quatro raparigas – Leonarda, Maria, Ca-
         de Junho, para Lisboa, a fim de obter novas  vatura, desta vez a favor dos negros, que vão   tarina e Inácia – todos nascidos em solo brasileiro.
         leis favoráveis aos índios. Ali chega, a bordo  chegando em catadupas. Em 1659 conduz   3  Outra história muito divulgada referente ao perío-
         de um navio inglês, depois de uma tormen-  importantes incursões missionárias no baixo   do da sua juventude conta que o rapaz, na altura já um
         tosa viagem que quase lhe custara a vida e  Amazonas e empreende a evangelização dos   noviço da Companhia, tendo-se perdido no mato, teria
         de um ataque de corsários holandeses que  Nheengaíbas. No escasso tempo que lhe sobra   sido guiado por anjos de volta ao colégio.
                                                                                 4   Faltava, ainda, o voto de obediência ao Papa, que
         o deixara, arrojado numa praia da Graciosa,  prepara, por sugestão da Companhia, a publi-
                                                                               só seria formulado dezanove anos mais tarde.
         despido de roupas e de bens. Aproveita para  cação dos seus sermões. Nesse mesmo ano,   5  Um dos Conjurados de 1 de Dezembro de 1640.
         pregar dois grandes sermões e regressa, no  inspirado pelos sucessos missionários, e apoia-  6  Estas acções eram por demais urgentes, pois ne-
         ano seguinte, com um decreto real que proíbe  do nos célebres escritos de Bandarra, escreve   nhuma embaixada estrangeira tinha, ainda, sido es-
         os assaltos às aldeias dos índios – que passam  “Esperanças de Portugal – Quinto Império do   tabelecida no reino recém-restaurado e o Papa recu-
                                                                               sara-se a receber o embaixador português.
         a estar sob a jurisdição directa dos jesuítas - e  Mundo”, obra de carácter profético na qual an-  7  As despesas de manutenção daquela colónia
         as expedições de captura de escravos no Bra-  tevê a derrota do Império Otomano e a recon-  eram dez vezes superiores aos proveitos que dela se
         sil, estabelecendo, ainda, um salário mínimo  quista definitiva de Jerusalém para a Cristan-  obtinham, desvantagem que se somava à inferiorida-
         para os trabalhadores nativos. A Companhia  dade. Portugal lideraria o mundo cristão nesta   de militar de Portugal face à Holanda. Claro que esta
         de Jesus vê, assim, acrescida a sua influência,  cruzada triunfante. Mas para que tudo isto   posição reflecte também uma manifesta falta de fé no
                                                                               valor e na tenacidade das armas portuguesas.
         mas a resistência dos colonos faz-se notar  se cumprisse seria necessário que D. João IV,   8  Os holandeses acabariam por ser expulsos pela
         cada vez mais…                     idea lizado como o novo Redentor, ressuscitas-  força das armas em 1654, na segunda batalha dos
           A 6 de Novembro de 1656 morre D. João IV,  se, como Cristo, dos mortos, de modo a poder   Guararapes.
         o grande protector de Vieira. Nuvens ne-  completar a sua missão sobre a Terra.  9  Possivelmente este nome era a tradução da sua
         gras pairam no horizonte do jesuíta, sobre-  Plenamente absorto na sua visão, efectua,   designação holandesa, pois em Portugal o navio,
                                                                               registado como galeão, foi baptizado como “Nª Se-
         tudo quando começam a chegar à Regen-  em 1660, uma visita de prospecção à Serra de   nhora da Luz”.
         te , D. Luísa de Gusmão, inúmeras queixas  Ibiapaba, no Ceará, longe de imaginar que   10  Setenta anos mais tarde, Portugal viria a adquirir
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         em relação às suas conquistas legislativas. A  está prestes a iniciar-se a década mais negra   à Holanda mais navios, desta vez quatro naus, duas
         rainha cede às pressões: é revogada a suspen-  da sua vida.           de 72 peças e duas de 64
                                                                                   Sem esquecer o trabalho pioneiro que o frade
                                                                                 11
         são da confiscação dos bens dos cristãos-no-                        Z  dominicano Bartolomé de Las Casas desenvolveu
         vos e a Companhia de Comércio do Brasil é               J. Moreira Silva  na América Central a partir de 1514.
         incorporada na Coroa e esvaziada de compe-                      CTEN    12  Devido á menoridade do novo herdeiro da co-
         tências. A nomeação de um novo governador  (Continua)                 roa, D. Afonso.




                                                                                 PRÉMIO

                                                                “ALMIRANTE TEIXEIRA DA MOTA”


                                                                     stá aberto o concurso na Academia de Ma-
                                                                     rinha, até ao dia 3 de Outubro de 2008, para
                                                               Eatribuição do Prémio “Almirante Teixeira
                                                               da Mota”.
                                                                 Este prémio destina-se a incentivar e dinami-
                                                               zar a pesquisa e a investigação científica nas áre-
                                                               as de Artes, Letras e Ciências ligadas ao Mar e às
                                                               Marinhas.
                                                                 O referido Prémio, é constituído por um diplo-
                                                               ma e por uma quantia pecuniária no valor de `
                                                               5000 (cinco mil euros).
                                                                 Podem concorrer a este Prémio cidadãos na-
                                                               cionais e estrangeiros que apresentem trabalhos
                                                               originais nos domínios referidos. Consideram-se
                                                               originais os trabalhos inéditos ou cuja publicação
                                                               tenha sido concluída no ano a que se refere o con-
                                                               curso ou, ainda, no ano anterior.
                                                                 O Regulamento do Prémio está à disposição dos
                                                               concorrentes na Academia de Marinha.
                                                                 Para mais pormenores pode ser contactada di-
                                                               rectamente a Academia pelos telefones:
                                                                 213428148 e 213428105, ou fax 213427783 ou por
                                                               escrito para: Academia de Marinha, Edifício da
                                                               Marinha, Rua do Arsenal, 1100-038 Lisboa, e-mail:
                                                               academia.marinha@marinha.pt.



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