Page 78 - Revista da Armada
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PONTO AO MEIO DIA
Corpo de Fuzileiros
No mar e onde necessário
unca é demais lembrar o Decreto Ré- Chegados ao Presente, caracterizado por pedicionário da Esquadra, que será reforça-
gio que em 1621 criou o Terço da Ar- uma envolvente de algumas restrições e difi- do pelo Navio Polivalente Logístico, do tipo
Nmada da Coroa de Portugal, a mais anti- culdades, em especial nos recursos financei- LPD , com capacidade de projecção autóno-
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ga força militar com carácter permanente em ros e de pessoal, foram adoptadas medidas ma e sustentação credível, permitindo não só
Portugal, tendo os Marinheiros do Fuzil, estado experimentais de reorganização dalgumas o emprego no litoral e nas águas adjacentes,
presentes em acções de combate, do Brasil ao unidades e do estado-maior e tomadas me- mas também noutros teatros e em outros tipos
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Mediterrâneo, ganhando por direito próprio didas de racionalização interna, que irão pros- de operações, nomeadamente de resposta a
a honra de serem designados por D. João IV seguir pois é imperioso continuar a cumprir crises, incluindo o apoio às populações civis
como a sua guarda pessoal. Já no reinado de as missões atribuídas, com maior eficiência, em situações de catástrofe ou de calamidades
D. Maria, o Terço é reorganizado, sendo cria- onde possível, melhorando os elevados pa- naturais. Para isso, através da implementação
da a Brigada Real de Marinha que, aquando drões de desempenho já alcançados, quando do processo de lições aprendidas e tendo pre-
das invasões napoleónicas, acompanhou a possível, mas garantindo sempre a elevada sente o incremento de equipamentos e siste-
Família Real na partida para o Brasil, dando prontidão que nos é exigida. A recuperação e mas de armas cada vez mais sofisticados,
origem ao actual Corpo de Fuzileiros Navais a melhoria das infra-estruturas das Unidades desenvolvem-se novas doutrinas (incluin-
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do Brasil . Em 1961, foram recriados os Fu- do Corpo de Fuzileiros está em curso, com do a revisão do POA 1 (A) ), treinam-se e
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zileiros, sendo os Destacamentos de Fuzilei- impacte positivo na imagem, desempenho e experimentam-se novas Tácticas, Técnicas
ros Especiais, vocacionados para as acções de bem-estar do pessoal. As suas capacidades es- e Procedimentos, validadas nas avaliações
assalto lançadas a partir do meio aquático, e tão também a ser reforçadas, fruto do inves- operacionais, em apoio dos comandantes na
as Companhias de Fuzileiros Navais orien- timento realizados nos últimos anos, através prossecução dos seus objectivos. Com um in-
tadas para a guarda e defesa de instalações da Lei de Programação Militar (LPM) o que, vestimento seguro na formação será possível
navais em terra, tendo estado envolvidos em aliado à qualidade dos militares que acabam prosseguir na senda da excelência, fazendo
todos os teatros cerca de 12.500 homens dan- os seus cursos de formação na Escola de Fu- dos Fuzileiros combatentes mais preparados
do continuidade à heroicidade, capacidade zileiros, área onde se continua a investir de para as incertezas do mundo moderno e om-
de sacrifício e espírito de corpo apanágio dos forma decisiva, e à qualidade das acções de breando com os seus congéneres.
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“Soldados da Armada” . Em 1974 foi criado o treino e adestramento realizadas, reforçou o Em suma, com uma postura preocupada
Comando do Corpo de Fuzileiros (CCF), que seu valor operacional. sempre com a melhor solução, ou seja, orien-
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com a LOMAR passou para a dependência O Futuro já é uma certeza. A entrada ao ser- tada para o futuro, o Corpo de Fuzileiros, com
do Vice-almirante Comandante Naval. Ao viço das viaturas blindadas ligeiras anfíbias os meios operacionais à sua disposição, traba-
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CCF incumbe promover o aprontamento (VBLA) e das viaturas tácticas ligeiras com lha e treina a condução de operações a partir
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e apoio logístico e administrativo das forças, blindagem (VTLB) , a participação no Battle do mar com um único objectivo – estar pronto
unidades e meios operacionais que lhe este- Group Anfíbio da União Europeia, o contribu- e assim contribuir para o produto operacional
jam atribuídos e assegurar as acções de for- to para as NATO Reaction Force, o crescimen- da Marinha – procurando como sempre, hon-
mação que lhe estejam cometidas. to do Destacamento de Acções Especiais e do rar dignamente o passado, gerir bem o pre-
Relembramos as missões desempenhadas Pelotão de Abordagem, o início da operação sente e preparar sabiamente o futuro.
por Forças de Fuzileiros (FFZ) no Zaire (1996), das Lanchas de Assalto Rápido a partir de ter- Z
na Guiné-Bissau (1998/1999), na Bósnia-Her- ra ou com o apoio das Lanchas de Fiscaliza- João da Cruz de Carvalho Abreu
zegovina (2000), em Timor-Leste (2000 a 2004), ção Costeiras, a edificação da capacidade de CALM
Moçambique (2000) e na R.D. Congo (2006). recolha de informações por meios humanos Notas
O Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil comemora
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Além destes importantes empenhamentos ex- (HUMINT ) e a continuação do reequipa- este ano, a 07 de Março, o seu Bicentenário.
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ternos, é de realçar a responsabilidade e par- mento do BLD com meios prioritários para 2 Sobre a Guerra de África foi recentemente lança-
ticipação do Corpo de Fuzileiros na formação os cenários de actuação previsíveis, no âmbito da a obra “FUZILEIROS – Factos e Feitos na Guerra
dos fuzileiros e dos militares que ingressam na dos compromissos nacionais com a NATO e de África 1961/1974” da autoria do CFR FZE San-
ches de Baêna.
Marinha, na cooperação técnico-militar, na pro- a UE, permite-nos afirmar que, no espectro 3 LOMAR – Lei Orgânica da Marinha (Decreto-Lei
tecção de força a instalações, forças e unidades das Operações de Combate, de Estabilização Nº 49/93 de 26 de Fevereiro).
navais, nas escoltas e nas cerimónias protocola- ou de Apoio, o Corpo de Fuzileiros, está em 4 As atribuições, organização e competências do
res. A colaboração com a Policia Judiciária no evolução para uma força com maior potencial CCF constam do Decreto Regulamentar nº 29/94 de
combate ao narcotráfico e a cooperação com (de comando e combate) e maior mobilidade, 01 de Setembro.
FRONTEX – Agência Europeia de Gestão da Coo-
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a Autoridade Marítima são outras tarefas fre- mas como sempre, pronto e disponível para peração Operacional nas Fronteiras Externas.
quentes. Reforçaram-se as sinergias na ligação actuar, no mar ou onde necessário, conforme 6 A Unidade de Polícia Naval foi “integrada” no BF1 e
às restantes componentes da Esquadra através é seu apanágio e tradição. foi criada a Secção de Treino e Avaliação no EM/CCF.
7 Modelo PANDUR II, 20 Unidades com previsão
do embarque de FFZ em diversas unidades na- Os Fuzileiros orgulham-se do seu passado, de inicio de entrega para o 1º semestre de 2009 (ver
vais, em missões NATO, no dispositivo naval vivem o presente de forma intensa e acredi- Revista da Armada nº406).
na Zona Marítima dos Açores, em missões de tam no futuro. Como sempre, preservam os 8 VTLB – viaturas tácticas com blindagem tipo
soberania nacional, nomeadamente nas Ilhas valores da camaradagem, lealdade, espírito HUMVVEE.
9 HUMINT - Human Intelligence.
Selvagens, no âmbito da segurança europeia, de sacrifício, coragem, disciplina e espírito de
10 BLD – Batalhão Ligeiro de Desembarque.
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via FRONTEX , nas missões HERA, e ainda bem servir, fazendo parte de uma comunida- 11 LPD - Landing Platform Dock.
noutras missões e exercícios em que a Força Ta- de de elite de reconhecido valor, afirmam-se 12 POA 1(A) – Requisitos Operacionais das Forças e
refa da Marinha (POTG) foi activada. como actores imprescindíveis no carácter ex- Unidades de Fuzileiros.
4 MARÇO 2008 U REVISTA DA ARMADA