Page 80 - Revista da Armada
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media, com participação, além do próprio te validadas e posteriormente difundidas e
staff do FOST, de jornalistas pertencentes a aplicadas, traduzem anos de experiência no
órgãos de comunicação social britânicos, mar que a Marinha Portuguesa, como orga-
designadamente da BBC. nização, ganha em saber e profissionalismo,
O POST culminou com a avaliação fi- e que é fundamental dispor não apenas nas
nal em 13 de Dezembro de 2007, onde a unidades navais mas também nos organis-
“Corte-Real” ficou preparada para operar em mos tutelares do treino e da formação.
qualquer missão, em qualquer parte do mun- A multidisciplinaridade do treino a que o
do, terminando assim o processo de treino navio e a guarnição foram sujeitos, e a efici-
iniciado alguns meses atrás em Portugal. ência e eficácia conseguidas no seu desem-
O sucesso final e as boas prestações, que penho atestam que a fragata “Corte-Real” se
foram muito elogiadas pelo staff do FOST, encontra pronta para as missões que à Mari-
deveram-se, sobretudo, aos elevados níveis nha forem atribuídas.
de motivação, de moral, de empenhamento Durante o POST, a “Corte-Real” efectuou
e disponibilidade que a guarnição da fragata Captain M. Cochrane (D – FOST) em visita ao navio. cerca de 1000 horas de missão, percorreu
“Corte-Real” manteve durante todo o período liadores, quer pelo impressionante número de 4413 milhas náuticas e embarcou um total de
da missão, bem como ao apoio que sempre lhe meios navais e aéreos envolvidos, tornam este 545 avaliadores do FOST, numa média de 19
foi assegurado pelas estruturas nacionais. tipo de missão muito rica e essencial para o avaliadores por dia.
A tipologia e qualidade do treino ministrado aprontamento das unidades navais combaten- Z
no FOST, quer pelo excelente nível dos ava- tes. As lições aprendidas no POST, devidamen- (Colaboração do comando do NRP “Corte-Real”)
SALVAMENTO MARÍTIMO
SALVAMENTO MARÍTIMO
m salvamento marítimo difícil e arris- Pelas 17H20, foi determinado que saísse o de Ferragudo e uma embarcação da Marina de
cado, mas que correu bem, de forma Salva-Vidas de Ferragudo, e que a embarca- Portimão, que se tinha auto-mobilizado para
Urápida e eficaz, ludibriando a armadi- ção “Flechinha”, já em viagem, prosseguissem apoiar este salvamento, tendo ambas alcançado
lha montada pelo mar naquela tarde de 4 de para o local. o trem de reboque logo de seguida.
Fevereiro de 2008. A lancha da PM, navegou à máxima veloci- É então que a experiência e o treino da tripula-
Segundo o proprietário da embarcação de- dade possível, face às condições de tempo e à ção do Salva-Vidas Patrão Pedro Cardoso, Mari-
clarou nos autos, tinham saído para o mar para sua dimensão, com a finalidade de encontrar nheiro e Mergulhador Jeremias e Maquinista Rui
ir dar um passeio, ele, um amigo, respectivos fi- uma embarcação branca, de fibra, com 11 pes- Modesto, accionou de imediato o embarque das
lhos, assim como outras crianças amigas, num soas (9 crianças) a bordo, e que estaria dentro crianças no Salva-Vidas e o seu transporte para a
total de 2 adultos e 9 menores. Não obstante de uma gruta. Marina de Portimão, na tentativa de reduzir a sua
o aviso de Levante, aviso de sinal 9, pou- exposição àquela situação e devolvendo-as
co haviam navegado para fora do Porto de ao conforto dos pais em terra, o que foi accio-
Portimão, quando o motor de 220 cavalos, nado com grande prontidão e eficácia.
sem a vistoria em dia, deixou de funcionar Entretanto, pelas 17H59, foi solicitado pelo
e a embarcação ficou à deriva e sujeita ao Capitão do Porto ao MRCC Lisboa que em-
vento e ondulação de 2 metros que já se fa- penhasse um helicóptero, face aos estragos
zia sentir, do vento anunciado. e alagamento da “Flechinha” e ao facto dos
A surpresa e desespero do seu proprietário dois tripulantes da embarcação sinistrada
terão por certo dificultado o seu raciocínio ao ainda estarem a bordo desta. Este pedido
se ter atirado ao mar para tentar rebocar a em- foi cancelado cerca de 7 minutos mais tarde,
barcação para longe das rochas que se aproxi- face à situação do trem de reboque, com o
mavam. Acto contínuo, foi tentada a manobra apoio próximo da embarcação de apoio da
de fundear, com o propósito de agarrar a em- O Salva-Vidas de Ferragudo. marina, estar agora estabilizada.
barcação de fibra, cabinada, com 7,70 metros, Ao chegarem à posição a sul da referida gru- Enquanto a embarcação Salva-Vidas ia e vol-
ao fundo e dessa forma aguentar ou atrasar o se- ta, aperceberam-se do desespero instalado, atra- tava, o que aconteceu em cerca de 25 minutos,
guimento que as vagas obrigavam. vés dos gritos dos menores, com idades entre o trem de reboque aguardou na mesma posição,
Por mera sorte ou por combinação de vários fac- 9 e 17 anos. tendo seguidamente o reboque sido transferido
tores, a embarcação acabou por entrar numa gruta Não havia um segundo a perder, de forma para a embarcação Salva-Vidas.
a nascente da Praia dos Caneiros, a cerca de 2 mi- instintiva mas corajosa, precipitaram-se pelas Com a atracação da embarcação sinistrada na
lhas náuticas da entrada do Porto de Portimão. vagas abaixo para dentro da gruta, onde a em- Marina de Portimão pelas 18H48, foi dada como
O pedido de socorro foi efectuado pelo pro- barcação era fustigada por todos os lados, com concluída a acção de salvamento marítimo.
prietário quando este telefonou para os seus ami- as ondas directas e reflectidas nas paredes da Esta missão difícil e arriscada foi cumprida
gos e pais dos restantes menores, por volta das gruta, mantendo-se afastada mas desesperada- com sucesso e sem estragos pessoais e mate-
17H00, estes por sua vez ligaram e deslocaram- mente perto das rochas. riais, decorrente da perícia, coragem, rápida e
-se para a Marina de Portimão com o propósito Seguiu-se a demonstração de perícia para en- eficaz acção dos elementos e meios disponí-
de pedir auxílio e um rebocador. O recepcionista ganar o mar e resgatar as pessoas daquela situa- veis empenhados, em especial do Agente de
da Marina telefonou então ao piquete da Polícia ção aflitiva, através da “Flechinha”, de três dos 1ª Classe da PM Lopes e do Cabo M Moreira,
Marítima pelas 17H15, que de imediato ligou seus suportes do cabo salva-vidas e do supor- revelando-se uma “equipa maravilha” neste sal-
para o Capitão do Porto de Portimão e para a te da luz de navegação omnidireccional, com vamento marítimo.
equipa de fiscalização da PM, que regressava de muita água embarcada, mas sem deixar o motor Z
missão ao Ponto de Apoio Naval (PAN) de Porti- ir-se abaixo, resistiu à tracção do reboque e pu- Pedro M. Pereira
mão, numa embarcação da Polícia Marítima de xou a embarcação sinistrada para cerca de 100 CFR
nome “Flechinha”, com 4,70 metros, equipada metros das rochas. Enquanto isso, navegavam à Capitão do Porto de Lagos e Portimão
com um motor de 50 cavalos. máxima velocidade para o local o Salva-Vidas e Comandante Local da PM
6 MARÇO 2008 U REVISTA DA ARMADA