Page 81 - Revista da Armada
P. 81
Escola de Fuzileiros
Escola de Fuzileiros
15 anos de formação em liderança
GÉNESE EVOLUÇÃO lações feitas por organismos da Administração
Pública e Empresas do sector privado, no senti-
o início da década de noventa, o ma- Ao longo do tempo, foram construídas novas do de averiguar a viabilidade da realização de
logrado CALM Jorge Mendes, então pistas de liderança e melhoradas as infra-estrutu- acções de formação.
NDirector do Serviço de Formação, ras existentes, proporcionando deste modo con- Desde 2005, o DFCO tem ministrado anual-
identificou a liderança como uma necessida- dições singulares para a realização de exercícios mente formação em liderança aos oficiais dos
de estratégica de formação da Marinha, sus- práticos em grupo. três ramos das Forças Armadas envolvidos na
tentada pelos acidentes marítimos ocorridos Em 1998, foi criado o Curso de Potencializa- divulgação do Dia de Defesa Nacional, perfa-
na época e ainda pelos novos desafios, no âm- ção de Recursos Humanos – Vector de Liderança zendo o total de 97 militares.
bito da liderança e coordenação de equipas, (APL07), em regra um por ano, dirigido a oficiais No ano passado, o DFCO deu igualmente for-
que representavam as novas fragatas da classe da Marinha e equiparados. E ainda, por convite, a mação a 40 funcionários e quadros dirigentes do
“Vasco da Gama”. entidades externas à Marinha, tais como Oficiais Banco Santander Totta, à Selecção Nacional de
Após uma pesquisa em várias mari- Rugby no âmbito do estágio de prepa-
nhas da Aliança Atlântica, foi escolhido ração para o mundial da modalidade e
o modelo Inglês, pois era o único que ainda a uma equipa de oito elementos do
integrava três aspectos essenciais: tare- Grupo de Operações Especiais da PSP no
fa, grupo e indivíduo. Por outro lado, âmbito da preparação para uma compe-
estava consolidado na marinha Ingle- tição no estrangeiro.
sa desde 1947 e alguns modelos ingle-
ses tinham já sido testados pelos CMG ACTUALIDADE
Correia Jesuíno e CMG MN Gouveia
Pereira em anteriores estudos efectua- O DFCO dispõe actualmente de um
dos junto dos fuzileiros. efectivo de seis militares, que permite fun-
Assim, em 1992, o então 1SAR FZ cionar, em simultâneo, com 2 equipas de
Machado foi nomeado para frequentar o formação. Cada equipa é composta por
curso ”Petty Officer Leadership Course” um oficial a exercer as funções de Che-
na ”Royal Navy Leadership School” em Tarefa Prática de Liderança (TPL). fe de Equipa e Director de Curso, e dois
Bath, actualmente extinta e transferida sargentos, um responsável pela área da
para Collingwood, tendo sido nomeado para das Forças Militarizadas e de Segurança, quadros liderança e o outro pela área da educação física.
seu tutor e responsável pela delegação portu- médios e superiores da Administração Pública, e O oficial mais antigo, que exerce as funções de
guesa o então 1TEN Machado da Silva. também gestores e quadros dirigentes de organi- Chefe de Departamento, possui o mestrado em
Em 1993, foi criado o Gabinete dos Cursos zações privadas. No total, o curso já foi frequenta- Comportamento Organizacional (CO). Os dois
de Aperfeiçoamento em Liderança (CAL), actual do por 77 formandos externos à Marinha. sargentos da área de liderança frequentaram o
Departamento de Formação em Comportamen- Em 2005, a Marinha e o Instituto Superior de curso ”Petty Officer Leadership Course” em Ingla-
to Organizacional (DFCO). A Escola de Fuzilei- Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) es- terra e os restantes têm a especialização na área
ros foi o local escolhido pela razão de dispor de tabeleceram um protocolo de cooperação na de Educação Física. Ao quantitativo atrás referido,
espaço físico, quer no interior quer no exterior, área da formação, o qual contempla a realiza- acresce ainda periodicamente dois elementos,
para que fosse implementada a componente ção anual de um módulo de liderança dirigido um sargento e uma praça, responsáveis por asse-
prática do modelo. Na fase inicial foram senti- aos alunos do E-MBA, cuja vertente prática se gurar o apoio logístico do departamento.
das grandes dificuldades orçamentais, quer para tem desenrolado na EF. O módulo já foi frequen- Apesar da diversidade ser uma das mais valias
equipar os gabinetes e salas de aulas, de um grupo, existe um conjunto de cri-
quer para a construção das pistas de lide- térios absolutos de preferência, denomi-
rança. A maioria dos materiais utilizados nados de valores, que funcionam como
nas tarefas de liderança provinha e ainda elemento aglutinador do grupo, e por
provém do Depósito de Recuperáveis e isso devem ser aceites e partilhados por
Inúteis. Os tanques eram construídos em todos. Assim, no caso do DFCO, padrões
buracos cavados e reforçados com plás- superiores de qualidade, apoio aos for-
ticos que necessitavam de ser reabasteci- mandos, evolução permanente, cama-
dos após cada tarefa realizada. radagem entre formadores e exceder as
No entanto, os pioneiros, que haviam expectativas são os valores que têm dado
sido reforçados com mais três elementos, sentido à forma como os seus membros
enfrentaram com engenho e tenacidade se comportam e desempenham as fun-
as dificuldades inerentes à concepção de ções atribuídas.
novos cursos dirigidos a todas as classes A formação ministrada tem por fina-
de Praças a frequentar o Curso de Forma- lidade habilitar os formandos a exercer
ção de Sargentos (APL04) e de Sargentos Prova de planeamento. funções de liderança ao nível de grupos
a frequentar o Curso de Promoção a Sargento tado por 120 alunos que exercem funções de de trabalho, aplicando de forma integrada os
Chefe (APL05). A utilidade e funcionalidade dos administração e gestão de empresas dos mais conhecimentos de CO. Além disso, favorece o
cursos foram posteriormente validadas pela dis- variados sectores de actividade. Com efeito, este auto-conhecimento e a eventual mudança ao
sertação de Mestrado do então 1TEN Machado tipo de formação acrescentou não só mais res- nível das atitudes e dos comportamentos por
da Silva, director dos CAL, comprovando que o ponsabilidade ao DFCO atendendo à natureza parte dos formandos. Outra vantagem é o facto
modelo escolhido se adequava à visão estraté- dos formandos, como também notoriedade, de todos os formandos assumirem de forma al-
gica da Marinha. comprovada pelo crescente número de interpe- ternada os papéis de líder e de liderado, o que
REVISTA DA ARMADA U MARÇO 2008 7