Page 11 - Revista da Armada
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NRP “BARTOLOMEU DIAS”

A primeira utilização operacional
        do sonar “Anaconda”

Durante o período de treino próprio, que        ca de 313 metros, pode operar até uma pro-       sos navios mercantes e embarcações ligeiras.
        decorreu entre 5 e 9 de Dezembro de     fundidade máxima de 700 metros. É do tipo          Na área encontrava-se também o NRP “Bar-
        2009, o NRP “Bartolomeu Dias” efec-     CATAS (Critical Angle Towed Array System) sen-
tuou a sua primeira utilização operacional do   do a profundidade de operação definida pela       racuda” a efectuar treino próprio. Este facto
sonar, Towed Array, Anaconda.                   velocidade do navio e pelo comprimento do        permitiu uma interacção entre os dois navios
                                                cabo de reboque.                                 e a efectivação de testes operacionais ao To-
  Um Towed Array é um conjunto de hidrofo-                                                       wed Array.
nes (no caso do Anaconda, são 270), dispos-       De facto, um contacto pode ser classifica-
tos em linha, rebocados pelo navio e que per-   do através do seu ruído próprio que surge, por     Os testes contaram com a colaboração do
mitem a detecção de fontes de ruído (navios,    exemplo, do normal funcionamento dos equi-       CMG Gouveia e Melo, Comandante da Es-
embarcações, animais) e a sua posterior clas-   pamentos essenciais a uma navegação em se-       quadrilha de Submarinos, embarcado no NRP
sificação (tipo de navio, submarino, animal) e   gurança, tais como: propulsão nuclear, diesel    “Bartolomeu Dias”.
identificação (ex.: NRP “Barracuda”).            ou eléctrica, maquinaria auxiliar, movimento
                                                dos lemes ou o simples deslocamento sobre          O Comandante Gouveia e Melo, com a sua
  O Anaconda é um sonar de detecção passi-      ou debaixo de água.                              vasta experiência na operação de sistemas pas-
va que equipa os navios da classe Bartolomeu                                                     sivos, permitiu optimizar a operação do equi-
Dias. Permite a detecção de sinais acústicos      Esse ruído define uma assinatura acústica,      pamento e aprofundar os conhecimentos da
com frequências entre os 10 e os 4000 Hz.       própria de cada navio (fingerprint), sendo assim  equipa de bordo.
Constituído por um cabo de reboque com o        possível a sua classificação e identificação.
comprimento aproximado de 2500 metros e                                                            O equipamento demonstrou ser extrema-
por um array (conjunto de hidrofones) com cer-    Esta operação decorreu numa área, a sul da     mente eficaz e discreto permitindo a detecção
                                                costa algarvia, onde passam diariamente diver-   a grandes distâncias (mais de 20 milhas).

                                                                                                                                                    Z

                                                PASSEX

No passado dia 5 de De-                         revelado excelente para conhecer mais inti-                     Lynx, foi necessário testar o
        zembro, o NRP “Bar-                     mamente a Marinha francesa e a sua organi-                      apoio logístico. Após umas
        tolomeu Dias” largou                    zação. Este último evento permitiu também                       curtas diligências, foi possível
da BNL para mais uma mis-                       ao navio operar pela primeira vez com aero-                     num curto espaço de tempo
são com o objectivo, entre ou-                  naves do tipo Alouette III e Gazele.                            fornecer o artigo necessário a
tros, de efectuar um exercicio                                                                                  repor a operacionalidade deste
de treino com uma força na-                       Após mais uma série de exercícios foram                       importante meio: helicóptero
val francesa que se encontrava                  efectuadas as despedidas e o navio seguiu                       continuou a desempenhar um
de passagem por águas nacio-                    para mais um dos objectivos desta missão:                       papel central no treino próprio
nais. Estes exercícios de opor-                 operar com o sonar passivo Anaconda - ti-                       do navio.
tunidade (designados por PAS-                   rando partido do facto de se encontrar a na-
SEX na terminologia NATO)                       vegar o submarino “Barracuda”. Esta nova                          De uma forma constante as
são comuns e proporcionam                       experiência para a guarnição (e para a Ma-                      várias áreas foram sendo treina-
treino naval em várias áreas.                   rinha Portuguesa) desempenhou um factor                         das. Foi efectuado, entre outras
Contribuem para uma melhor                      de motivação e de empenho para todos que                        acções de treino, passagem a
relação e conhecimento entre                    directa ou indirectamente contribuiram para                     postos de emergência, exercí-
marinhas e para o fortaleci-                    alcançar os objectivos finais.                                   cios de limitação de avarias, de
mento da camaradagem entre todos os que                                                                         homem ao mar, palestras diver-
andam no mar.                                     Em resposta a uma avaria inopinada do          sas, simulacros de emergência médica e de
                                                                                                 avaria na propulsão, diversos carregamentos
  Nesta saída, a força naval que efectuou                                                        de armas e tiro com a peça de 76mm. Objec-
o trânsito em direcção a Casablanca era                                                          tivo? Treinar o maior número de padrões de
constituída pelo porta-helicópteros “Jeanne                                                      prontidão possíveis, dentro o tempo disponí-
D’Arq” (agora navio-escola) e pela fraga-                                                        vel, dando especial atenção à integração dos
ta “Courbet” da classe Lafayette. Após um                                                        elementos mais recentes da guarnição.
exercício de luta anti-superfície nocturno                                                         Quando no dia 9 de Dezembro o navio se
(muito apreciado pelos cadetes embarca-                                                          fez ao Cais 4S da BNL, após mais de 1000
dos no “Jeanne D’Arq”), foram efectuados                                                         milhas náuticas percorridas, fê-lo, novamen-
exercícios variados que incluíram aproxi-                                                        te, com o sentimento de dever cumprido e
mações RAS e exercícios de morse lumino-                                                         com a consciência de mais um passo dado
so. Aproveitando o facto de ambos os navios                                                      no sentido de maximizar a eficiência de uti-
terem helicópteros orgânicos, foi combinado                                                      lização, em todos os ambientes, do navio.
efectuar uma troca de elementos (2 oficiais
e 1 sargento) entre a “Bartolomeu Dias” e o                                                                                                         Z
“Jeanne D’Arq”, tendo-se esta oportunidade
                                                                                                                            (Colaboração do COMANDO

                                                                                                                         do NRP “BARTOLOMEU DIAS”)

                                                                                                           REVISTA DA ARMADA U MARÇO 2010 11
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