Page 13 - Revista da Armada
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17º Encontro Nacional de Combatentes
Realizou-se no passado
dia 10 de Junho, junto ao Seguiu-se a deposição tentes passaram em frente às
Monumento aos Mor- de flores em homenagem lápides com os nomes dos mor-
tos do Ultramar, o 17º Encontro aos mortos, cantou-se o tos na guerra e por fim todo o
Nacional de Combatentes, que Hino Nacional entoado público presente homenageou
teve este ano como Presidente da pela 2TEN Cátia Ferrei- os mortos com a passagem pe-
Comissão Executiva o Almiran- ra e ouviram-se os tiros las lápides onde se deposita-
te VidalAbreu. Homenageou-se de salva disparados pela ram flores.
o Comandante Oliveira e Car- corveta “João Roby”.
mo que foi agraciado com o grau As cerimónias terminaram
de Comendador da Ordem Mi- Houve ainda a passa- com a visita ao Forte do Bom
litar da Torre e Espada, de Valor, gem de aviões do tempo Sucesso e com um almoço de
Lealdade e Mérito, a título póstu- da Guerra (dois helicóp- confraternização servido pela
mo, por feitos valorosos durante teros Alouette e um Dor- Manutenção Militar.
a invasão da Índia. nier 27) e a largada de
paraquedistas que des- Mensagem lida por uma neta do Cte. Jorge Oliveira e Carmo
As cerimónias constaram de ceram no relvado frente
uma Missa na Igreja dos Jerónimos celebra- à Torre de Belém. Não conheci o meu avô, mas sei o quão fantástico ele era.
da pelo cónego do Mosteiro e por três cape- Sei que ao ir para a guerra só estava a pensar no seu país. E também sei que,
lães, representando os três ramos das Forças Depois, todas as As- mesmo não estando vivo, nunca será esquecido.
Armadas, com música e coros do Coro dos sociações de Comba- Sim, eu não conheci o meu avô, mas conheço a minha avó e admiro-a muito,
Arautos do Evangelho. pois é difícil ir para a guerra e combater por aquilo que se ama, mas ainda é mais
difícil ficar cá enquanto alguém que nós amamos do fundo do coração partiu para
No fim da missa, uma neta do Comandan- lutar pelo seu país.
te Oliveira e Carmo leu uma mensagem que Pelo seu acto de coragem o meu avô trouxe lágrimas aos olhos de muitos portu-
comoveu todos os presentes. gueses. E, claro, também aos meus.
Obviamente ficámos todos tristes com a morte de Jorge Oliveira e Carmo, mas
Seguiram-se as cerimónias junto ao Monu- sempre que ouvirem a história de como ele morreu ao tentar defender o seu país,
mento que constaram de discursos do Almi- não chorem, sorriam.
rante Vidal Abreu, Presidente da Comissão Sorriam de orgulho, sorriam por respeito, sorriam porque tenho a certeza que
Executiva, relato da batalha naval, em que ele não queria lágrimas nos vossos olhos.
foi morto o 2TEN Oliveira e Carmo a bordo O que ele queria? Deixar Portugal orgulhoso.
da lancha “Vega”, que foi lido peloAlmirante E na minha opinião a sua missão foi cumprida.
Pires Neves, do Curso a que foi dado o nome É esta a herança de esperança no futuro que queremos – a minha família e eu aqui
deste herói, e o discurso da viúva do Coman- presentes – oferecer hoje à Nação, neste dia de Portugal, partilhando-a com todos os
dante Oliveira e Carmo dirigido às mães e nossos compatriotas, especialmente com todas as Mulheres Portuguesas.
mulheres de todos os combatentes. Que Deus nos abençoe a todos.
Palavras do Presidente da Comissão Executiva ALM Vidal Abreu
COMBATENTES Por isso estas homenagens fazem sentido e devem COMBATENTES
COMBATENTES DE ONTEM, DE HOJE continuar a ser feitas. Homenagear os combatentes A melhor forma de honrar todos os que deram a
E DE AMANHÃ no Dia de Portugal é mostrar que temos orgulho na vida por Portugal é meditar junto a este sublime mo-
Portugal continua e continuará sempre a pre- nossa História e em sermos portugueses. numento se os nossos actos, em cada dia que passa,
cisar de vós. Quem, um dia, jurou perante o es- são dignos do sacrifício que todos os que têm os seus
tandarte nacional, servir a Pátria, mesmo com Mas nesta homenagem não esquecemos também nomes inscritos nestas lápides, frente a vós, um dia
sacrifício da própria vida, certamente está dispo- os deficientes das Forças Armadas, nem todos os fizeram, por Portugal. E que melhor lugar para esta
nível para de novo lutar por um Portugal melhor. que dão o seu melhor pela causa dos combatentes. meditação que este, frente à “Chama da Pátria”, que
Não com armas na mão, porque não é disso que se Aqui fica pois uma palavra de agradecimento e estí- nunca deixaremos apagar, com o mar como respaldo,
trata. Mas com o mesmo espírito de dádiva e en- mulo não só à Liga dos Combatentes, mas também esse mar de tantas glórias, de tantos sacrifícios, que
trega, lutando por princípios e valores que tornem a todas as Associações de Combatentes, sem o apoio já foi futuro e que tem que voltar a ser futuro.
a nossa sociedade melhor e mais digna, para que das quais esta cerimónia não seria possível.
tenhamos orgulho na herança que deixamos aos COMBATENTES
nossos filhos e netos. Porque a memória dos mais velhos é traiçoeira e os
COMBATENTES mais novos ainda têm pouco em memória, decidimos
Pelo 17º ano consecutivo, num verdadeiro exercí- de novo, este ano, homenagear todos os que tomba-
cio de cidadania, encontramo-nos junto a este monu- ram pela Pátria, através de um deles, um português
mento para comemorar o dia de Portugal. Porque a maior, um homem com H grande, cujo exemplo de
forma mais nobre de o fazer será homenagear todos conduta, de valores e de virtudes não devemos es-
quantos, ao longo da nossa história, chamados um quecer e manter como referência – o Senhor Coman-
dia a Servir Portugal, tombaram no campo da hon- dante Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo,
ra, em qualquer época ou ponto do globo. E não se morto em combate em 18 de Dezembro de 1961, nos
julgue que estes sacrifícios terminaram. Já se com- mares de Diu, então Índia Portuguesa.
bateu para alargar fronteiras, já se combateu para Um texto descritivo da sua acção em combate será
manter fronteiras, hoje combate-se para defender lido por um oficial que entrou para a Escola Naval
princípios civilizacionais, para garantir a liberdade. menos de um ano depois, em 1962, e teve este he-
rói nacional como patrono de curso. Convido-vos a
Revista da aRmada • AGOSTO 2010 13