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A Presença Militar Portuguesa em Nápoles
LO JFC NAPLES ções futuras, leva a cabo, com regularidade Acompanhando as diversas transforma-
ocalizado em Bagnoli, na parte ociden- anual, exercícios que visam preparar as forças ções a que a NATO tem sido sujeita nos últi-
tal da cidade de Nápoles, em Itália, o destacáveis da NATO para o planeamento e mos anos, o JFC Naples passou recentemente
Joint Force Command (JFC) Naples é condução de operações de resposta a crises, no por uma reorganização da sua estrutura in-
um comando operacional conjunto de âmbi- restabelecimento da paz, apoio à reconstrução terna, em que as antigas divisões (J1 a J9) se
to regional (2º nível) da NATO, directamen- e auxílio humanitário em regiões remotas. Es- reagruparam em 4 Directorados – Operações
te subordinado ao Allied Command Opera- tes treinos, dos quais se salientam os exercícios (OD), Recursos (RD) e Gestão da Informação
tions (ACO), de nível estratégico (situado em conjuntos da série STEADFAST1 (intercalados (KMD) -, cada um dos quais subdividido em
Mons, Bélgica). com outros dirigidos a componentes específi- Branches. Das antigas divisões ficou apenas
As actuais instalações, alugadas ao Ban- cas2), servem, nomeadamente, para o apron- a Divisão de Cooperação Militar (MCD). Esta
co di Napoli, foram ocupadas em 1952 pelo tamento e certificação das Forças de Reacção reorganização, implementada em 1 de Agosto
comando que o antecedeu, o Headquarters Rápida da NATO (NATO Reaction Forces – de 2010 após um período experimental de 9
Allied Forces South Europe (HQ AFSOUTH), NRF), envolvendo comandos NATO de dife- meses, conduziu, por sua vez, a uma alteração
depois de, numa primeira fase, se ter instalado rentes níveis (operacional e táctico) e requeren- da lotação humana do aquartelamento (Pea-
provisoriamente a bordo do navio de coman- do, por vezes, a coordenação entre dois JFCs, cetime Establishment, PE), na qual se verificou
do americano USS “Mount Olym-
pus”, que estava atracado no porto uma significativa redução de efecti-
de Nápoles. vos, que passaram de 800 para 668.
Responsável, genericamente, pela
condução das operações na região Está também em curso o proces-
do Mediterrâneo (embora formal- so de relocalização do HQ, que, de
mente não tenha área de responsa- acordo com o previsto, se transferirá,
bilidade atribuída), o JFC Naples tem em 2012, quinze quilómetros para
sob a sua supervisão três comandos Noroeste, junto ao Lago Patria. Ac-
de componente: tualmente, o JFC Naples é comanda-
• Force Command (FC) Madrid, do pelo almirante Bruce Clingan, da
em Espanha, na componente ter- Marinha dos Estados Unidos.
restre;
• Air Command (AC) Izmir, na As actuais instalações do JFC Naples. O MC NAPLES
Turquia, que comanda as opera- Situado na ilha napolitana de Nísi-
ções aéreas; da, a cerca de 2 Km do seu coman-
• Maritime Command (MC) Naples. do superior, o Maritime Command
Para além de alternar com o JFC (MC) Naples é o resultado de diver-
Brunssum (Holanda) e o JFC Lisbon sas transformações pelas quais pas-
(Portugal) o comando da Força de sou, desde 1951, o Comando Naval
Reacção Rápida da NATO (NRF), o Aliado do Mediterrâneo (inicialmen-
JFC Naples tem atribuídas as seguin- te COMNAVSOUTH). Tendo a sua
tes tarefas: localização mudado em várias oca-
1. Conduzir as operações cor- siões, incluindo uma passagem pela
rentes; ilha de Malta, ocupa as suas actuais
2. Preparar as operações futuras; instalações desde 1972.
3. Cooperar com os parceiros da
NATO; Tendo a seu cargo, como atrás foi
4. Apoiar o processo de transfor- referido, a componente naval das
mação da Aliança; Operação ACTIVE ENDEAVOUR. operações, compete-lhe, nomea-
damente:
5. Garantir o cumprimento da missão da como é o caso do STEADFAST JOIST 2011,
NATO. repartido entre o JFC Naples e o JFC Lisbon. 1. Garantir o controlo marítimo no
No âmbito da primeira tarefa, o JFC é, No âmbito da cooperação, o JFC colabo- Mediterrâneo e Mar Negro;
actualmente, responsável pela condução das ra, ao seu nível, com os parceiros da NATO 2. Conduzir vigilância marítima;
seguintes operações: aderentes aos seguintes acordos de parceria: 3. Planear e executar operações anti-minas;
• Kosovo Force (KFOR) – força de estabili- • Partnership for Peace (PfP): 4. Exercer o Comando e Controlo de forças
zação no Kosovo; – A ntigas repúblicas soviéticas: Arménia, navais multinacionais;
• NATOTrainining Mission in Iraq (NTM-I) - Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Caza- 5. Coordenar o apoio logístico e naval mul-
missão de Treino das Forças Armadas e de Se- quistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, tinacional;
gurança do Iraque (em fase de encerramento); Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia e 6. Conduzir exercícios navais NATO e PfP;
• Operação ACTIVE ENDEAVOUR – defe- Uzbequistão; 7. Conduzir, ao seu nível, actividades milita-
sa contra o terrorismo no Mar Mediterrâneo – Ex-repúblicas jugoslavas: Bósnia-Herzego- res de cooperação com os parceiros da NATO.
(a partir do próximo ano limitar-se à a um pa- vina, FYROM, Montenegro e Sérvia No âmbito destas atribuições enquadra-se o
pel de apoio). – P aíses da Europa: Áustria, Finlândia, Irlan- comando da OperaçãoACTIVE ENDEAVOUR,
Além destas operações correntes, o coman- da, Malta e Suíça; que se ocupa do combate ao terrorismo no
do coordena ainda as missões da NATO em • Mediterranean Dialogue (MD): Marrocos, Mediterrâneo. Registe-se que esta operação,
Sarajevo (Bósnia), Skopje (Antiga República Mauritânia, Tunísia, Argélia, Líbia, Egipto, Jor- iniciada logo após os ataques terroristas de 11
Jugoslava da Macedónia – ou FYROM) e Bel- dânia e Israel; de Setembro de 2001, é, actualmente, a úni-
grado (Sérvia). • Istambul Cooperation Iniciative (ICI): Bahrein, ca exercida ao abrigo do Artigo 5º do Tratado
No que concerne à preparação das opera- Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Qatar. do Atlântico Norte (defesa colectiva dos mem-
bros da Aliança).
Embora tenha passado por reestruturações
recentes, o MC Naples mantém na sua orga-
24 MAIO 2012 • REVISTA DA ARMADA