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NRP CORTE-REAL NA OPERAÇÃO ATALANTA
Uma semana após o último dirigido para o Golfo de Áden. À medida que 2ª PARTE
reabastecimento, tornou-se percorria a costa leste do continente africano, o
novamente necessário atestar navio contribuiu para assegurar o patrulhamento No dia 21 de abril, tirando provei-
os tanques de combustível da Corte- da bacia da Somália e garantir a sua segurança. to da proximidade do navio da mari-
-Real. Desta vez, foi o recém-chega- Voltaram então a efetuar-se ações de vistoria a nha alemã FGS Berlin, reabasteceu-se
do reabastecedor francês FS Marne, embarcações suspeitas de pirataria. de água e combustível, garantindo-
navio que rendeu o SPS Patiño como -se a sustentabilidade para os pró-
navio-almirante da EUNAVFOR, ximos dias.
que forneceu o combustível. Assim,
no dia 10 de abril, aproveitando‑se Entre os dias 25 e 26 de abril, a
a proximidade entre navios ineren- Corte-Real realizou uma das tarefas
te às operações de reabastecimen- mais importantes que a Operação
to no mar, o comandante da Corte- ATALANTA comporta – proteger
-Real realizou uma visita a bordo do os navios que transportam e fazem
novo navio-almirante da força, tendo chegar ajuda humanitária ao povo
prestado cumprimentos ao atual co- da Somália. Assim, foram escolta-
mandante da EUNAVFOR, o contra- dos os navios mercantes Roba Star
-almirante da Marine Nationale Jean- e Mary Ann Hudson entre Berbera e
-Baptiste Dupuis. Bossaso , na costa norte da Somália,
tendo sido garantida a sua segurança
Nos dias que se seguiram, o navio durante o trânsito nas perigosas águas
continuou a rumar para sul, assegu- do Golfo de Áden.Até ao dia de hoje,
rando o patrulhamento e a segurança todas as escoltas providenciadas pela
da bacia da Somália. Efetuou ações EU NAVFOR foram um êxito; ne-
de vistoria em algumas embarcações, nhum navio escoltado foi pirateado!
aproveitando simultaneamente para
procurar eventuais indicadores de pi- No dia 28 de abril, houve nova-
rataria e para divulgar o trabalho dos mente necessidade de reabastecer.
navios da EUNAVFOR junto da co- Este reabastecimento foi diferente dos
munidade marítima local. anteriores uma vez que, para além de
combustível, foram também forne-
Na noite de 14 de abril, a Corte- cidos sobressalentes recorrendo ao
-Real transitou do hemisfério norte método Light Jackstay.
para o hemisfério sul. Como manda
a tradição, o militar mais moderno Nos dias seguintes, devido a uma
de bordo foi para a proa do navio, avaria num dos motores do helicópte-
assumindo o importantíssimo papel ro orgânico “Fénix”, rumou-se para o
de cortar a linha do Equador. Para Djibouti, porto onde se iriam receber
os marinheiros, esta linha tem uma as peças indispensáveis para a sua re-
importância acrescida, distinguin- paração e embarcar um engenheiro
do quem a cruzou de quem ainda da Esquadrilha de Helicópteros para
a vai cruzar. a supervisionar.
Após quase três semanas a patru- Em 30 de abril, a Corte-Real largou
lhar o Oceano Índico, o navio atra- ferro no fundeadouro do Djibouti e
cou em Mombaça, no Quénia, no iniciou a receção, por semi-rígida, dos
dia 16 de abril. Proporcionar des- sobressalentes e do apoio técnico ne-
canso à guarnição e preparar o navio cessários para dar início à reparação
para a tirada seguinte foi o objetivo do “Fénix”, tendo atracado no dia se-
desta escala logística. No Quénia, guinte para prosseguir as reparações.
há que aproveitar a beleza natural Na noite do dia seguinte, já com os
do país, os seus vestígios de cultura trabalhos concluídos, o navio largou
portuguesa e a diversidade de fauna para o mar para iniciar uma bateria
e flora existentes. Alguns elemen- de testes previstos nestas situações a
tos da guarnição aproveitaram para fim de garantir a operacionalidade do
conhecer as paisagens e os animais helicóptero.Após vários voos de teste,
que caracterizam os parques natu- o “Fénix” ficou novamente disponível
rais do país, recorrendo aos diversos para voar e contribuir para o sucesso
programas disponíveis. Outros apro- da missão. Esta reparação tornou-se
veitaram para se reencontrar com um marco histórico na Marinha Portu-
Portugal em alguns dos monumen- guesa, tratando-se dum procedimento
tos existentes em Mombaça. Aliás, esta cidade inédito a nível internacional uma vez
esteve sob ocupação portuguesa durante cerca que, até à data, só tinha sido executa-
de 105 anos, tendo sido Vasco da Gama o pri- do em oficinas da Rolls‑Royce.
meiro europeu a visitá-la. A fragata Corte-Real encontra-se neste mo-
mento em patrulha no Oceano Índico, empe-
No dia 19 de abril, pela manhã, a Corte-Real nhada em garantir a segurança da navegação
largou de Mombaça, rumo a norte, tendo-se mercante e no combate à pirataria.
Colaboração do COMANDO DO NRP CORTE-REAL
REVISTA DA ARMADA • JUNHO 2012 9