Page 11 - Revista da Armada
P. 11
destaque, que se reflete num elevado empe- Como elementos da Componente Opera- parte do seu esforço operacional às tarefas que
nhamento das respetivas equipas cional do Sistema de Forças Nacional, os Des- corporizam o exercício da soberania do Esta-
tacamentos de Mergulhadores adquiriram e do no mar, prevenindo situações potencial-
As missões e tarefas que as unidades de desenvolveram ao longo da sua história, uma mente lesivas do interesse nacional.
mergulhadores podem ser chamadas a de- necessidade de aperfeiçoamento e desenvol-
sempenhar primam pela diversidade, com- vimento dos conhecimentos e competências Tenta-se compatibilizar o cumprimento das
plexidade e extensão. Poderemos elencar técnicas, como por exemplo, no âmbito dos tarefas militares com as de interesse público,
de forma sucinta as missões mais represen- trabalhos subaquáticos e na salvaguarda da potenciando as sinergias assentes numa racio-
tativas, tanto em tempo de crise, como em vida humana no mar. Estas atividades criaram nalização e complementaridade dos meios e
tempo de paz para cada unidade de experiência e formação numa área do mer-
mergulhadores. gulho que representa nos dias de hoje uma da sua logística, fazendo convergir os
mais-valia muito significativa na vertente do instrumentos da componente opera-
Assim, ao DMS1 incumbe gene- serviço público. Procura-se, desta forma, uma cional do sistema de forças com ou-
ricamente a Proteção da Força em atualização do seu saber e fazer específico, do tros, tais como os órgãos operativos do
Ambiente Subaquático (Underwater seu carácter de “serviço”, dedicando alguma Sistema de Autoridade Marítima.
Force Protection), a Inativação de
Engenhos Explosivos e as Operações Ilustram-se seguidamente com exem-
Ofensivas e Defensivas. Ao DMS2 plos, algumas missões desempenhadas
é atribuída a Salvação Marítima e pelas unidades de mergulhadores:
o SAR de elevada complexidade.
Compete-lhe, igualmente, o destaca- ∙ No exercício da Segurança Ma-
mento temporário de Mergulhadores rítima e Assinalamento Marítimo,
para as Unidades Navais. Finalmente, auxiliar entidades como a Direção
o DMS3 – MW tem a sua ação cen- de Faróis na manutenção, reparação
trada essencialmente na Guerra de e substituição de bóias e vistoria à
Minas com e sem emprego de Veícu- parte imersa de balizas (trabalhos
los Autónomos Submarinos (Unma- continuamente realizados em diver-
ned Underwater Vehicles). sas boias, nos rios Tejo, Sado, ria de
Aveiro e Faro/Olhão);
De realçar que o DMS3-MW é a
unidade de mergulhadores que tem ∙ Assegurar a Proteção de Pessoas e
possibilidades de mergulhar até aos Bens, no que concerne à inativação
81 metros de profundidade. Desde de engenhos explosivos convencio-
2002, com a aquisição dos equipa- nais (terrestres e submarinos), com es-
mentos de mergulho CARLETON pecial incidência no mar, faixa litoral,
Viper Plus, que a Marinha adquiriu praias e portos;
esta capacidade e que a tem manti-
do sustentada desde então. Para tal, ∙ Cooperarnocombateaoterrorismo
os militares que executam este tipo executando vistorias, buscas e inativa-
de mergulho, aplicado essencial- ção, destruição ou neutralização de
mente às operações de contrame- engenhos explosivos convencionais
didas de minas, efetuam o Plano de ou improvisados (terrestres ou sub-
Qualificação de Mergulho Profundo marinos), especialmente em navios e
(duração de 3 semanas) a cada 120 nas áreas de jurisdição marítima. Uma
dias, executando todo o tipo de ta- “nova” tarefa que se prende com o
refas associadas ao manuseamento fenómeno complexo que é o Terroris-
do equipamento, procedimentos de mo, que na nova realidade mundial
manutenção e de segurança, super- reflete-se no crescente emprego das
visão de mergulho e finalmente mer- unidades de mergulhadores em ações
gulhar até aos 81 metros. Natural- de vistoria a portos, pontes, viadutos e
mente esta modalidade, que apesar locais de atracação de embarcações.
de ter como principal aplicação a Prendendo-se no âmbito da Inativa-
guerra de minas, é entendida como ção de Engenhos Explosivos Conven-
uma capacidade de mergulho trans- cionais ou Improvisados (terrestres e
versal a outras tarefas e atribuições, submarinos), aquando da presença
tais como o socorro, salvamento e de VIP’s, acontecimentos importantes
resgate submarino, salvamento de ou atracação de navios de elevado
submarinos sinistrados e outros tra- valor, quer sejam civis ou militares.
balhos subaquáticos que tenham É também uma missão descrita como
como requisito o mergulho a pro- militar em tempo de paz, podendo
fundidades elevadas. O DMS3-MW perfeitamente ser classificada de ser-
tem presentemente qualificada uma viço público.
equipa de 7 mergulhadores para
atuar até à profundidade máxima de Importa por fim referir que para as
81 metros. missões e tarefas das Unidades de
Mergulhadores, quer sejam de cariz
Uma parte significativa da atividade militar, quer sejam de serviço público,
operacional desenvolvida pelas unidades são disponibilizados material e equi-
de Mergulhadores é dirigida a tarefas de pas numa base diária, durante 365 dias por
interesse público, que enraízam profun- ano, servindo de forma profissional e compe-
damente a tradição da Instituição “Mergu- tente a Marinha e o País.
lhadores da Armada” em particular e da
Marinha no geral. F. Duarte da Conceição
CFR
REVISTA DA ARMADA • NOVEMBRO 2013 11