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REVISTA DA ARMADA | 481
COMISSÃO CULTURAL DA MARINHA
MUSEU DE MARINHA | 150 ANOS
GESTÃO DE COLEÇÕES
NO MUSEU DE MARINHA
“Os museus têm o dever de adquirir, preservar e valorizar os seus acervos, a fim de contribuir
para a salvaguarda do património natural, cultural e científico. Os seus acervos constituem
património público significativo, ocupam posição legal especial e são protegidos pelo direito
internacional. A noção de gestão é inerente a este dever público e implica zelar pela legitimida-
de da propriedade desses acervos, por sua permanência, documentação, acessibilidade e pela
responsabilidade em casos de sua alienação, quando permitida.” 1
Anecessidade de garantir de forma perma- a altura do piso, para Fotos Rui Salta
nente a salvaguarda do acervo, melhoran- a implantação de um
do, por exemplo, as condições de preservação sistema de estantes mento adequado com a utilização de materiais
das peças e o sistema de controlo do patrimó- em dois pisos, com inertes e a sua recolocação em reserva.
nio histórico da Marinha, bem como a obriga- capacidade para mi-
toriedade de cumprir a legislação nacional em lhares de peças. Contí- Na realidade, o processo de reorganização das
vigor, levaram a que, nos últimos anos, o Mu- guo ao espaço de reser- reservas caminha a par e passo, como seria de
seu de Marinha tenha posto em prática inúme- va, criou-se um espaço esperar, com o trabalho de verificação e registo
ros projetos na área da gestão de coleções2. de trabalho com cerca do património 6, tendo sido, nos últimos anos,
de 130 m2, destinado à desenvolvidas algumas ações neste sentido.
Um dos projetos mais relevantes tem sido o da receção de peças, regis-
remodelação das condições de guarda e acesso to de entrada de peças, Em 2011 e 2012, procedeu-se à verificação
às reservas museológicas 3, com vista ao cum- inventariação, limpeza do património histórico da Marinha existente
primento do desiderato que determina que os e acondicionamento, no Museu de Marinha, através de um grupo
Museus devem “possuir reservas organizadas, consulta, etc. Estes es- de trabalhado exclusivamente empenhado
de forma a assegurar a gestão das coleções, ten- paços ficaram concluí- nesta missão. Este trabalho exaustivo implicou
do em conta as suas especificidades”4,devendo dos em 2012, por oca- a conferência de todos os espaços do museu
estas “estar instaladas em áreas individualizadas sião do 50.º Aniversário (exposição, reservas e serviços) para verifica-
e estruturalmente adequadas, dotadas de equi- do Museu de Marinha em Belém. ção das existências “peça a peça”, bem como
pamento e mobiliário apropriado para garantir a consulta de documentação associada (livros
a conservação e segurança dos bens culturais”5. A criação do novo espaço de reserva significou de registo, livros de entrada, processos de ce-
um enorme avanço no processo de reorganiza- dências, guias de remessa, etc.), permitindo
Este processo, iniciado em 2009, teve como ção das coleções do Museu, mas ainda haverá um maior conhecimento do acervo do Museu
primeiro passo a escolha do local onde deveria muito a fazer. A grande variedade de peças no e alertando para inúmeras situações anóma-
ser instalado um novo espaço de reserva, com acervo do Museu implica a existência de reservas las, que puderam ser prontamente resolvidas.
as condições necessárias à efetiva preservação próprias para diferentes tipologias de peças, pelo Inicialmente, esta ação esteve restrita ao uni-
e conservação das peças, quer em termos de que será necessário rever e adaptar os restantes verso de peças que se encontram no Museu,
acondicionamento e controlo ambiental, quer espaços de reserva existentes às condições ne-
em termos de segurança do acervo. Possibilita- cessárias para a salvaguarda das coleções. Este é
ria, simultaneamente, a substituição de outros um dos propósitos a curto-médio prazo.
locais de reserva já existentes, cujas condições
ambientais, de acondicionamento e de acesso O processo de transferência de peças para
ficavam aquém dos requisitos para peças mu- as “Reservas Novas”, parte integrante da reor-
seológicas, sobretudo por estarem expostas a ganização das reservas, ainda se encontra em
grandes variações de temperatura e humidade curso. Neste momento, as “Reservas Novas”
relativa, prejudiciais à sua preservação, parti- albergam já cerca de 4600 peças. Este é um
cularmente no caso de peças constituídas por trabalho moroso que carece de cuidados espe-
materiais mais frágeis (têxteis, papel, madeira). ciais, não só porque o manuseamento das pe-
ças assim o exige, mas também porque envol-
Entre 2011-2012, com a escolha e limpeza ve diversos procedimentos como a avaliação
do local efetuadas, assistiu-se ao processo de de estado do espólio, a verificação e atribuição
instalação das “Reservas Novas”, num espaço de números de inventário, a marcação de pe-
de cerca de 120 m2, aproveitando-se algumas ças, a limpeza e desinfestação, o acondiciona-
das características do edifício, nomeadamente
24 JANEIRO 2014