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REVISTA DA ARMADA | 481
A RESERVA NAVAL
EM MACAU
No passado dia 11 de Julho realizou-se,
no Pavilhão das Galeotas do Museu de Bandeira dos cadetes Apenas uma ressalva, quando no final o
de Marinha, a apresentação do livro “A Re- do 1.º curso de oficiais da Almirante Sarmento Rodrigues diz:.. e des-
serva Naval em Macau” da autoria do 2º Reserva Naval se dirigiu ta maneira estaremos pagos, uns e outros.
tenente RN Dr. Miranda da Rocha, o úni- a estes em formatura e
co oficial RN que prestou serviço naquele disse em dado momen- Com este trabalho Miranda da Rocha dá-
território. to: … os hábitos de dis- -nos uma prova de que ainda não esgotou
ciplina militar, o brio tão o dever de “pagar” à Marinha o benefício
Do evento transcrevem-se partes da alo- característico desta velha que dela retirou quando na efectividade
cução então proferida pelo 1TEN RN Eng.º Corporação, a convivên- de serviço.
Pires de Lima: cia de boa camaradagem
com os restantes cadetes Cumpre a divisa “De bem servir sem
“Alguns meses separam a apresentação, dos quadros permanen- cuidar recompensa” adoptada pela Re-
neste emblemático cenário do Pavilhão tes, o sentimento de utili- serva Naval.
das Galeotas, de dois documentos, tra- dade do seu esforço, tudo
zendo para o presente a memória viva foram aquisições que Meu caro António Miranda da Rocha.
de dois períodos da presença portuguesa muito valorizaram, neste Todos nós, oficiais da Reserva Naval, te
nas duas mais longínquas províncias do período os jovens futuros agradecemos por este serviço prestado à
Ultramar - primeiro sobre Timor, hoje so- oficiais. Marinha e por manteres a nossa classe no
bre Macau. nível que todos nós desejamos que ela te-
...sem dúvida que a sua nha. Também por interpretares fielmente
Dois testemunhos demonstrativos da passagem pela Marinha o voto do Almirante Sarmento Rodrigues,
marca deixada no carácter de quem pres- lhes há-de completar e ajudando a reivindicar para a Marinha o
tou serviço em qualquer das Províncias aperfeiçoar a sua forma- lugar que lhe deve pertencer.
do então Ultramar Português, marca tão ção, sob vários aspectos, A presença aqui, hoje, de tão ilustre as-
forte que mais de 40 anos passados não entre os quais se deve sistência prova certamente que o reco-
fazem esquecer essas épocas. realçar o moral. Na verda- nhecimento não é apenas dos RN.”
de, no ambiente em que
No livro “Recordações de um Marinhei- têm vivido nestes últimos Eng.º Pires de Lima
ro -Timor 1973/1975”, o seu autor, o Al- meses e em que mais alguns permanece- 1TEN RN
mirante Leiria Pinto, seu último Coman- rão, hão-de ter certamente temperado o
dante da Defesa Marítima, fez-nos aqui seu carácter à luz do sentimento de obe- N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.
um relato, que certamente alguns dos diência militar, do gosto das responsabili-
presentes recordarão, numa demonstra- dades, do respeito pela dignidade huma-
ção muito para além da simples descrição na, da isenção e integridade de carácter,
de factos, porque mesmo sendo relativa do culto da honra, do amor à Marinha e às
a episódios de um passado de décadas, suas tradições.
o autor não conseguiu esconder a emo-
ção que essa recordação lhe causou, nem ... os que para cá vieram, sairão da Ma-
conseguiu alhear os presentes desse rinha mais homens, mais Portugueses, e
mesmo sentimento. terão decerto uma melhor compreensão
do valor da Marinha e da sua gente. E nas
O livro que hoje nos é apresentado, “A futuras missões que o destino lhes reser-
Reserva Naval em Macau”, relato de uma var, hão-de com certeza ser-lhes muito
comissão entre os anos de 1968/1970, úteis os ensinamentos colhidos e saberão
tem uma característica muito especial, por sua vez ajudar a reivindicar para a
que é uma das razões porque me ofereci Marinha o lugar que lhe deve pertencer,
para esta função, depois do autor me ter dentro do conjunto das actividades na-
dirigido convite para prefaciar a obra. Um cionais.
privilégio que muito me sensibiliza e cujo
agradecimento reforço neste momento. ... e desta maneira estaremos pagos,
uns e outros...
Uma característica comum deste livro e
também da obra citada do Almirante Lei- Esta alocução do então comandante da
ria Pinto. Os dois autores colocam a sua Escola Naval é um texto de reflexão para
própria posição de protagonistas num pa- muitos oficiais da Reserva Naval e eu não
tamar inferior daquele em que colocam a prescindo de o reler quando procuro inspi-
sua e nossa Marinha, destacando sobretu- ração para elogiar a obra dos marinheiros.
do a acção desta naquelas épocas.
Está neste texto tudo quanto se pode
Cumprem, de forma natural, o voto do dizer de António Francisco Miranda da
Almirante Sarmento Rodrigues quando Rocha. Tudo o mais que possa ser dito é
em 1959, como Director e 1.º Comandan- redundante.
te da Escola Naval, no acto de Juramento
22 JANEIRO 2014