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havendo contudo intenção de alargar este cessos de incorporação, Uma gestão de coleções verdadeiramente
processo ao restante acervo do Museu, que se cedência e depósito, re- eficiente implica a existência de normas e pro-
encontra cedido, em modalidade de emprésti- latórios sobre ações de cedimentos. Desta forma, o Serviço do Patri-
mo de longa duração e/ou depósito, a outras conservação e restauro, mónio, encontra-se, atualmente, em fase de
unidades de Marinha e a entidades externas. processos de exposi- revisão e produção de normativos e manuais
ções e outros eventos de procedimentos destinados à normalização
Reconhecendo igualmente a necessidade de relevantes, é armaze- das tarefas relacionadas com a gestão de co-
melhorar o inventário e sistema de documen- nada num Arquivo de leções: Política de Incorporação, Política de
tação do Museu, têm vindo a ser implemen- carácter permanente, Documentação, Normas para o Registo e In-
tadas algumas alterações, nomeadamente conservado no Serviço ventário de Peças; Normas de Acesso às Reser-
a adoção de um novo sistema de atribuição do Património. A ma- vas; Manual de Procedimentos para utilização
de número de inventário, a aquisição de uma nutenção deste Arquivo da Base de Dados; Normas para a Cedência
base de dados apropriada e a organização do é essencial para a re- de Peças, etc. Prevê-se que estes documentos
Arquivo do Serviço do Património. constituição da história possam ser utilizados não só pelo Museu de
das peças, sobretudo Marinha, na sua atividade diária, mas também
O inventário do Museu passava, até recen- a partir do momento pelas restantes unidades de Marinha que têm
temente, pela produção de fichas manuais re- em que dão entrada no a seu cargo património histórico e cultural.
ferentes às peças do acervo e pelo seu registo Museu. Reconhecendo
em Base de Dados própria, em Access. Em 2011 a importância desta documentação, iniciou-se, Todos estes projetos que o Museu tem en-
foi adquirido o sistema InPatrimonium, da em- em 2012, a reorganização deste Arquivo. cetado têm vindo a contribuir para a melhoria
presa Sistemas de Futuro, numa tentativa de da gestão das coleções e para a salvaguarda do
encontrar uma resposta mais adequada para Também no campo da conservação, o Museu património histórico da Marinha, permitindo o
a gestão do património histórico da Marinha. de Marinha tem vindo a desenvolver algumas seu usufruto pelo público e criando condições
Aproveitou-se, igualmente, esta ocasião para ações destinadas à salvaguarda do espólio. para que o Museu possa atingir aquele que é
se efetuar a transição para um novo sistema de um dos seus objetivos a curto-médio prazo, a
atribuição do número de inventário, mais sim- No âmbito da conservação preventiva, o Mu- sua certificação e entrada na Rede Portuguesa
ples e obedecendo a regras normalizadas. seu tem vindo a investir na melhoria dos siste- de Museus.
mas de monitorização e controlo ambiental dos
A nova base de dados, para além de ter sido espaços, tanto na Exposição Permanente e Salas Ana Tavares
criada propositadamente para a gestão de co- de Exposições Temporárias, como nas Reservas. 2TEN TSN-HIS
leções de museus, permite a gestão integrada Atualmente, o Museu tem capacidade para, em Serviço do Património / Departamento de Museologia
das restantes coleções do Museu (Centro de todos os seus espaços, efetuar a monitorização Museu de Marinha
Documentação, Arquivo Histórico de Imagens ambiental, com recurso a equipamentos pró-
da Marinha e Arquivo de Desenhos e Planos) prios - dataloggers, luxímetros, etc. O controlo Notas
bem como a gestão de aspetos relacionados ambiental apresenta, contudo, mais obstáculos, 1 UNESCO/ICOM – Código de Ética para os Museus.
com o espólio museológico: inventário, em- dado o local de implantação e dimensão do Mu- 2 A gestão de coleções do Museu de Marinha é asse-
préstimos, movimentos, restauros, exposi- seu. Até ao momento, este controlo é efetuado gurada pelo Serviço do Património, na dependência do
ções, etc. Ao contrário do sistema anterior, sobretudo de forma pontual através de equipa- Departamento de Museologia, e implica a incorporação
utiliza campos controlados, que evitam erros mentos móveis (desumidificadores, aquecedo- de peças, a manutenção de inventários e sistemas de in-
de introdução e permitem uma normalização res, etc.). No entanto, para as “Reservas Novas” formação devidamente atualizados, do tratamento das
do processo de registo. Para tal, foi necessário foi já adquirido um sistema de climatização que cedências e depósitos de bens culturais, a organização
que o Museu definisse listas de linguagem nor- permitirá um melhor controlo ambiental daque- das reservas museológicas, a monitorização e controlo
malizadas (Thesauri), a ser utilizadas na descri- le espaço, e cuja instalação se prevê esteja con- ambiental de todos os espaços museológicos, a conser-
ção de determinados campos (designações de cluída em 2014. Estão em estudo formas para vação preventiva, a conservação e restauro de peças e o
peças, materiais, autores, etc.). melhorar o controlo ambiental nos restantes acesso às coleções.
espaços. 3 Projeto P34, da Diretiva Setorial da Cultura.
Embora já tenha sido efetuada a migração 4 Lei-Quadro dos Museus Portugueses, Lei n.º 47/2004,
de todos os registos da base de dados anterior Foram, igualmente, dados os primeiros pas- de 19 de Agosto de 2004.
para o atual sistema e sendo já possível traba- sos para a implementação de um Plano de 5 Idem.
lhar com o sistema novo, está ainda em curso Conservação Preventiva, um documento que 6 Projeto P35, da Diretiva Setorial da Cultura.
a verificação e correção dos cerca de 18.000 caracteriza a instituição museológica, efetua a 7 “Plano de Conservação Preventiva. Bases orientadoras,
registos. avaliação dos riscos e descreve normas e pro- normas e procedimentos”, IMC, 2007.
cedimentos destinados a “garantir a preserva-
O novo sistema de informação não se destina ção e proteção do património cultural”7, englo-
apenas à inventariação das peças pertencentes bando aspetos de segurança, monitorização
ao Museu de Marinha. De facto, e na sequên- ambiental, materiais expositivos, circulação de
cia do determinado no Despacho do Almirante bens culturais, públicos, etc.
Chefe do Estado-Maior da Armada n.º 51/89,
de 14 de Dezembro, as Unidades devem enviar Para além dos passos dados na implemen-
listagens/fichas de inventário com descrição do tação de procedimentos de conservação pre-
património histórico à sua carga ao Museu e é ventiva, o Museu tem realizado algumas ações
responsabilidade deste manter atualizado o in- de conservação e restauro. Embora nalguns
ventário da totalidade do património histórico casos, tenha sido possível efetuar restauros
da Marinha. O conhecimento e registo desta pontuais, através das Oficinas do Museu, so-
informação na base de dados do Museu não bretudo ao nível de modelos e mobiliário, na
implicam a transferência da propriedade das maioria dos casos, por falta de pessoal espe-
peças, mas possibilitam um conhecimento mais cializado em Conservação e Restauro, torna-se
abrangente do património histórico da Marinha. necessário recorrer a contratação externa. Nos
últimos anos, os trabalhos de restauro mais
A gestão das coleções de um museu implica, importantes envolveram o Programa de Res-
obrigatoriamente, a produção e manutenção tauro da Coleção de Galeotas Reais.
de documentação associada às peças. Esta do-
cumentação, que inclui fichas de inventário, pro-
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