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REVISTA DA ARMADA | 481

havendo contudo intenção de alargar este           cessos de incorporação,                             Uma gestão de coleções verdadeiramente
processo ao restante acervo do Museu, que se       cedência e depósito, re-                           eficiente implica a existência de normas e pro-
encontra cedido, em modalidade de emprésti-        latórios sobre ações de                            cedimentos. Desta forma, o Serviço do Patri-
mo de longa duração e/ou depósito, a outras        conservação e restauro,                            mónio, encontra-se, atualmente, em fase de
unidades de Marinha e a entidades externas.        processos de exposi-                               revisão e produção de normativos e manuais
                                                   ções e outros eventos                              de procedimentos destinados à normalização
 Reconhecendo igualmente a necessidade de          relevantes, é armaze-                              das tarefas relacionadas com a gestão de co-
melhorar o inventário e sistema de documen-        nada num Arquivo de                                leções: Política de Incorporação, Política de
tação do Museu, têm vindo a ser implemen-          carácter permanente,                               Documentação, Normas para o Registo e In-
tadas algumas alterações, nomeadamente             conservado no Serviço                              ventário de Peças; Normas de Acesso às Reser-
a adoção de um novo sistema de atribuição          do Património. A ma-                               vas; Manual de Procedimentos para utilização
de número de inventário, a aquisição de uma        nutenção deste Arquivo                             da Base de Dados; Normas para a Cedência
base de dados apropriada e a organização do        é essencial para a re-                             de Peças, etc. Prevê-se que estes documentos
Arquivo do Serviço do Património.                  constituição da história                           possam ser utilizados não só pelo Museu de
                                                   das peças, sobretudo                               Marinha, na sua atividade diária, mas também
 O inventário do Museu passava, até recen-         a partir do momento                                pelas restantes unidades de Marinha que têm
temente, pela produção de fichas manuais re-       em que dão entrada no                              a seu cargo património histórico e cultural.
ferentes às peças do acervo e pelo seu registo     Museu. Reconhecendo
em Base de Dados própria, em Access. Em 2011       a importância desta documentação, iniciou-se,       Todos estes projetos que o Museu tem en-
foi adquirido o sistema InPatrimonium, da em-      em 2012, a reorganização deste Arquivo.            cetado têm vindo a contribuir para a melhoria
presa Sistemas de Futuro, numa tentativa de                                                           da gestão das coleções e para a salvaguarda do
encontrar uma resposta mais adequada para           Também no campo da conservação, o Museu           património histórico da Marinha, permitindo o
a gestão do património histórico da Marinha.       de Marinha tem vindo a desenvolver algumas         seu usufruto pelo público e criando condições
Aproveitou-se, igualmente, esta ocasião para       ações destinadas à salvaguarda do espólio.         para que o Museu possa atingir aquele que é
se efetuar a transição para um novo sistema de                                                        um dos seus objetivos a curto-médio prazo, a
atribuição do número de inventário, mais sim-       No âmbito da conservação preventiva, o Mu-        sua certificação e entrada na Rede Portuguesa
ples e obedecendo a regras normalizadas.           seu tem vindo a investir na melhoria dos siste-    de Museus.
                                                   mas de monitorização e controlo ambiental dos
 A nova base de dados, para além de ter sido       espaços, tanto na Exposição Permanente e Salas                                                    Ana Tavares
criada propositadamente para a gestão de co-       de Exposições Temporárias, como nas Reservas.                                                    2TEN TSN-HIS
leções de museus, permite a gestão integrada       Atualmente, o Museu tem capacidade para, em                    Serviço do Património / Departamento de Museologia
das restantes coleções do Museu (Centro de         todos os seus espaços, efetuar a monitorização                                                      Museu de Marinha
Documentação, Arquivo Histórico de Imagens         ambiental, com recurso a equipamentos pró-
da Marinha e Arquivo de Desenhos e Planos)         prios - dataloggers, luxímetros, etc. O controlo   Notas
bem como a gestão de aspetos relacionados          ambiental apresenta, contudo, mais obstáculos,     1 UNESCO/ICOM – Código de Ética para os Museus.
com o espólio museológico: inventário, em-         dado o local de implantação e dimensão do Mu-      2 A gestão de coleções do Museu de Marinha é asse-
préstimos, movimentos, restauros, exposi-          seu. Até ao momento, este controlo é efetuado      gurada pelo Serviço do Património, na dependência do
ções, etc. Ao contrário do sistema anterior,       sobretudo de forma pontual através de equipa-      Departamento de Museologia, e implica a incorporação
utiliza campos controlados, que evitam erros       mentos móveis (desumidificadores, aquecedo-        de peças, a manutenção de inventários e sistemas de in-
de introdução e permitem uma normalização          res, etc.). No entanto, para as “Reservas Novas”   formação devidamente atualizados, do tratamento das
do processo de registo. Para tal, foi necessário   foi já adquirido um sistema de climatização que    cedências e depósitos de bens culturais, a organização
que o Museu definisse listas de linguagem nor-     permitirá um melhor controlo ambiental daque-      das reservas museológicas, a monitorização e controlo
malizadas (Thesauri), a ser utilizadas na descri-  le espaço, e cuja instalação se prevê esteja con-  ambiental de todos os espaços museológicos, a conser-
ção de determinados campos (designações de         cluída em 2014. Estão em estudo formas para        vação preventiva, a conservação e restauro de peças e o
peças, materiais, autores, etc.).                  melhorar o controlo ambiental nos restantes        acesso às coleções.
                                                   espaços.                                           3 Projeto P34, da Diretiva Setorial da Cultura.
 Embora já tenha sido efetuada a migração                                                             4 Lei-Quadro dos Museus Portugueses, Lei n.º 47/2004,
de todos os registos da base de dados anterior      Foram, igualmente, dados os primeiros pas-        de 19 de Agosto de 2004.
para o atual sistema e sendo já possível traba-    sos para a implementação de um Plano de            5 Idem.
lhar com o sistema novo, está ainda em curso       Conservação Preventiva, um documento que           6 Projeto P35, da Diretiva Setorial da Cultura.
a verificação e correção dos cerca de 18.000       caracteriza a instituição museológica, efetua a    7 “Plano de Conservação Preventiva. Bases orientadoras,
registos.                                          avaliação dos riscos e descreve normas e pro-      normas e procedimentos”, IMC, 2007.
                                                   cedimentos destinados a “garantir a preserva-
 O novo sistema de informação não se destina       ção e proteção do património cultural”7, englo-
apenas à inventariação das peças pertencentes      bando aspetos de segurança, monitorização
ao Museu de Marinha. De facto, e na sequên-        ambiental, materiais expositivos, circulação de
cia do determinado no Despacho do Almirante        bens culturais, públicos, etc.
Chefe do Estado-Maior da Armada n.º 51/89,
de 14 de Dezembro, as Unidades devem enviar         Para além dos passos dados na implemen-
listagens/fichas de inventário com descrição do    tação de procedimentos de conservação pre-
património histórico à sua carga ao Museu e é      ventiva, o Museu tem realizado algumas ações
responsabilidade deste manter atualizado o in-     de conservação e restauro. Embora nalguns
ventário da totalidade do património histórico     casos, tenha sido possível efetuar restauros
da Marinha. O conhecimento e registo desta         pontuais, através das Oficinas do Museu, so-
informação na base de dados do Museu não           bretudo ao nível de modelos e mobiliário, na
implicam a transferência da propriedade das        maioria dos casos, por falta de pessoal espe-
peças, mas possibilitam um conhecimento mais       cializado em Conservação e Restauro, torna-se
abrangente do património histórico da Marinha.     necessário recorrer a contratação externa. Nos
                                                   últimos anos, os trabalhos de restauro mais
 A gestão das coleções de um museu implica,        importantes envolveram o Programa de Res-
obrigatoriamente, a produção e manutenção          tauro da Coleção de Galeotas Reais.
de documentação associada às peças. Esta do-
cumentação, que inclui fichas de inventário, pro-

                                                                                                      JANEIRO 2014 25
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