Page 28 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 485

VIGIA DA HISTÓRIA 		                                                                                                    63

CAPITÃES DE MAR E GUERRA

Aexistência de Capitães de Mar e Guerra decorreu da necessi-          índios Tamoios, ocorrido a 19 de Janeiro e no qual morreu “um
     dade sentida de que, tanto a “gente de mar”, como a “gente       Gaspar Barbosa capitão de mar e guerra... homem de grandes
de guerra” que seguiam embarcadas no mesmo navio, ficassem            partes e muito esforço”; acrescente-se que a tropa portuguesa
subordinados a um único comando o que, até então, não se veri-        estava ordenada em dois batalhões, tirados “da fina flor da Infan-
ficava e dava origem a problemas de coesão, eficácia e disciplina.    taria da Armada”.

  Embora existindo desde muito antes, quase sempre com ca-              Esta notícia é igualmente referida, talvez originada pela mes-
rácter temporário e para a execução de determinada missão, o          ma fonte, na Crónica de D. Sebastião da autoria de Manuel de
posto de CMG só foi regulamentado através do respectivo Regi-         Meneses e nas Memórias para a História de Portugal, de Barbosa
mento de 1722.                                                        Machado.

  É geralmente aceite, como dado adquirido, que a nomeação              Também Veríssimo Serrão, no vol. IV da História de Portugal,
de CMG em Portugal terá ocorrido, pela primeira vez, no reinado       refere a existência documental acerca da nomeação, em 1579,
de D. João IV aquando, em 1641, das nomeações para a armada           de Frutuoso Barbosa como capitão de mar e guerra da expedição
de António Teles de Meneses, isto apesar do Coronel Valdez dos        ao Paraíba.
Santos já ter feito recuar até Novembro de 1617 a referência do-
cumental acerca dos CMG.                                                Embora não resolvam o problema quanto à data da criação do
                                                                      posto de CMG os elementos apresentados contribuem, no míni-
  Durante muito tempo foi meu convencimento que a existên-            mo, para corrigir um erro que tem subsistido entre nós.
cia do posto seria mais um dos muitos contributos, em prol da
Marinha, levados a cabo durante o reinado dos Filipes o que, sei                                                                                 Com. E. Gomes
agora, não foi o caso pois as referências ao posto são anteriores
ao ano de 1580.                                                       N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico
                                                                      Fontes
  A notícia mais antiga que recolhi encontra-se na Crónica da Com-    Apontamentos para a História da Marinha Portuguesa por Nuno Valdez dos Santos.
panhia de Jesus do Estado do Brasil da autoria de Simão de Vascon-
celos que, no relato dos acontecimentos ocorridos em 1567, refere
um combate, entre as forças do Capitão Mor Estácio de Sá e os

ESTÓRIAS											 2

TEMPO DE NÓS

No final da linha, julgo que todos procuramos, mas poucos             resultado e, finalmente, com o carinho que poucas vezes tive
     têm o privilégio de conseguir, um equilíbrio que sempre nos      oportunidade de emprestar às coisas que fazia.
faltou ao longo da nossa vida activa profissional, familiar, social.
                                                                        Já que estamos em época de orçamentos, nunca tinha atribuí-
   As razões para que tal acontecesse terão sido muitas e variadas,   do uma dotação tão elevada de tempo para a família.
mas provavelmente estariam ligadas à velocidade a que vivíamos
esses dias, sem tempo para olhar para trás como agora fazemos,          Como tem sido bom descobrir, debaixo das rugas que a idade
com uma lista infindável de coisas para fazer e prazos a cumprir.     nos vai esculpindo, os recantos dantes descurados do carinho e
                                                                      da ternura.
   Lembro-me de desejar viver tão depressa o tempo de comis-
são na Guiné que, se fosse possível, tê-lo-ia riscado do meu ca-        A redescoberta da nossa irreverência juvenil, nos desvarios dos
lendário vital, isto é, desejava ter envelhecido a toda a brida, sem  mais novos, na sua insatisfação, na sua busca permanente de so-
que disso na altura me tivesse dado conta.                            luções mais ou menos loucas, mais ou menos difíceis de por nós
                                                                      serem entendidas.
   Hoje, gostaria de poder recuperar esse tempo retardando-o
o mais possível, porque continuo com a minha agenda muito               É tempo de reconciliação connosco e com os outros.
preenchida e com muito pouco tempo para executar todas as ta-           Não é decididamente o nosso tempo, mas é o tempo de nós!
refas nela inscritas.
                                                                      N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico  Ferreira Júnior
   Só existe uma pequena diferença entre os assuntos agenda-                                                                       CMG
dos: estes, foram-no por mim. São para tentar realizar com o
tempo que eu lhes disponibilizar, com a prioridade que lhes atri-     Nota
buir, com os meios que eu puder afectar, com a coragem que            Extraído do livro TERRA-MAR-E-GUERRA, Cogitações de um Marinheiro Alentejano.
eu conseguir reunir, depois de alguma esbanjada sem grande

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