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REVISTA DA ARMADA | 489
ACADEMIA DE MARINHA
A MARINHA EM ÁFRICA
As Campanhas Portuguesas em Águas Interiores de 1961 a 1974
Na sessão cultural de 29 de Abril decorreu na Academia de Ma- Company Ltd. Generosamen-
rinha a apresentação do livro A Marinha em África – As cam- te, John Cann cedeu à Aca-
panhas portuguesas em águas interiores de 1961 a 1974, do aca- demia de Marinha todos os
démico John P. Cann. direitos de edição em língua
portuguesa, contra o paga-
O Presidente da Academia salientou o trabalho de investigação mento simbólico de um Euro,
“profundo, competente, inteligente e isento” levado a cabo pelo permitindo-lhe assim editar o
prof. John Cann ao longo de duas décadas, sobre o papel da Mari- livro agora apresentado.
nha Portuguesa no contexto das campanhas das Forças Armadas
portuguesas em África. Tendo conhecido John Cann em 1994, Aos académicos e oficiais
quando este se encontrava em Lisboa para recolher elementos que deram o seu contributo
para a sua tese de doutoramento sobre as últimas campanhas para esta edição melhora-
portuguesas em África, o almirante Vieira Matias aproveitou a da, o Presidente Vieira Ma-
oportunidade para lhe falar da acção dos navios e fuzileiros no tias endereçou um agrade-
âmbito das operações de contra-subversão na Guiné, em Angola cimento reconhecido, ten-
e Moçambique, e comprometeu-se a enviar-lhe mais elementos. do destacado as importan-
tes sugestões e os contactos
Três anos depois a Greenwood Press editou Counterinsurgen- facilitados pelo almirante
cy in Africa – The portuguese Way of War 1961-1974, a tese de Leiria Pinto ao Autor, bem
doutoramento de John Cann no King’s College London. A obra foi como a qualidade do tra-
editada em Português no ano seguinte, com o título Contra-in- balho de tradução levado a
surreição em África – o modo português de fazer a guerra, 1961- cabo pelo comandante José
1974, pela editora Atena. Teixeira de Aguilar.
Em 1998, sendo então Chefe do Estado-Maior da Armada, o Depois de a todos agrade-
Almirante Vieira Matias desafiou John Cann a prosseguir o seu cer, e em especial ao professor John Cann, o Presidente passou
estudo – que até aí visara essencialmente as acções terrestres a palavra ao académico José Luís Leiria Pinto.
– com maior enfoque sobre o papel da Marinha nas três frentes
africanas, disponibilizando-lhe todas as facilidades de acesso aos Na sua apresentação da obra, o contra-almirante Leiria Pinto
arquivos e apoio do pessoal da Marinha. Aceite o repto, após exi- referiu a dimensão naval da guerra que Portugal travou em África
gente e laboriosa investigação o professor Cann viria a publicar de 1961 a 1974, descrevendo o modo como a Marinha Portugue-
nos Estados Unidos, em 2007, Brown Waters of Africa: Portugue- sa percepcionou com antecipação o conflito, como se apresen-
se Riverine Warfare 1961-1974, em edição da Hailer Publishing. tou para o enfrentar e, principalmente, como o combateu em
A versão portuguesa, editada em 2009 pela Prefácio com o título águas costeiras e interiores nos três diferentes teatros de opera-
A Marinha em África – Angola, Guiné e Moçambique: campanhas ções em que esteve envolvida.
Fluviais 1961-1974, suscitou forte procura entre os que combate-
ram em África, sobretudo no pessoal da Marinha. O professor John Cann usou então da palavra para agradecer
toda a colaboração que lhe foi concedida na preparação da sua
Na sequência desse interesse, a Academia de Marinha decidiu obra, fez numerosas referências de gratidão, e historiou em tra-
estimular a análise da participação da Armada na guerra colonial, ços gerais o longo processo de pesquisa e escrita em que esteve
procurando obter mais relatos testemunhais e sugestões com- empenhado ao longo de quase duas décadas.
plementares. John Cann, eleito membro da Academia em 2005,
trabalhou os novos elementos de investigação, enriquecendo a A cerimónia terminou com a oferta ao académico John P. Cann,
sua obra, e promoveu nova edição em Londres, pela Helion & pelo almirante Vieira Matias, de um modelo reduzido de uma
LDM, fabricado pelas Oficinas Navais de Bissau em 1970.
Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA
OUTUBRO 2014 25