Page 27 - Revista da Armada
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ESTÓRIAS                                                                                                              REVISTA DA ARMADA | 489

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PERGUNTA INCÓMODA

CASO QUE, NÃO PARECENDO, FOI REAL

Foi há mais de 45 anos que teve lugar o que passo a narrar.           Houve então que proceder a trabalho de beneficiação das
   Estava em Moçambique, embarcado na draga “Búzi”, da qual         tranquetas da porta de visita do colector da casa das máquinas,
era o 2º maquinista. Abro aqui um parêntesis para dizer que, na     e dos parafusos e porcas da válvula de entrada de água na proa,
Direcção dos Serviços de Marinha de Moçambique, do pessoal          de forma a serem desmontadas com o mínimo esforço e o mais
embarcado nos reboques e dragas, só os maquinistas eram mi-         rapidamente possível.
litares, e já nem todos, por haver também maquinistas civis do
quadro do pessoal da Direcção dos Serviços de Marinha.                E foi assim que, durante um período de quinze dias, eu e o
                                                                    1º de máquinas estivemos, alternadamente, 36 horas a bordo e
   Como ia dizendo, e para ser mais concreto, estávamos no ano de   12 em casa. Dormíamos junto ao aparelho de fonia, na ponte da
1966, quando um dia os maquinistas das dragas “Búzi” e “Adolfo      draga, aguardando o momento de dar cumprimento à ordem de
Loureiro” (havia mais dragas em Moçambique) foram chamados          meter no fundo, caso ela viesse a acontecer, emanada do Direc-
à presença do Comandante, Director dos Serviços de Dragagens.       tor dos Serviços de Dragagens e confirmada através de um proto-
Colocou-nos, então, uma pergunta bastante embaraçosa e para a       colo de Santo e Senha.
qual nunca havíamos pensado que fosse pedida resposta. Trata-
va-se de saber quanto tempo é que seria necessário para meter         Nesses dias, após os trabalhos de dragagem, fundeavam as
a “Búzi” no fundo.                                                  duas dragas, paralelas uma à outra, entre o canal, mas com um
                                                                    cabo de aço já passado pela popa de uma à outra, e com gran-
   Entreolhámo-nos, eu e o 1º de máquinas, e ficámos sem responder!  de seio, de forma a que toda a navegação passasse sobre o dito
   Pedimos algum tempo para podermos dar resposta a tal pergunta.   cabo sem problemas.
   Depois de estudarmos o problema, pensámos que a solução
para o mesmo passaria por ter de abrir uma porta de visita colo-      No caso da dita ordem ter que ser cumprida, a “Búzi” meteria
cada no colector (encanamento) de aspiração da bomba de dra-        o cabo dentro, de modo a aproximar as popas de ambas as dra-
gados, o que resultaria numa entrada de água com um caudal          gas, a fim de obstruir o canal e então proceder ao afundamento
bastante elevado. Para tal acontecer, a lança de aspiração teria    das mesmas.
que estar mergulhada na água e a válvula interruptora do tipo
cunha, situada na casa das máquinas, totalmente aberta. Isto na       Na “Búzi” havia ainda o cuidado de ter uma baleeira a motor
parte de ré, pois o alagamento abrangeria toda a casa das máqui-    arriada junto á água, para levar todo o pessoal para terra após o
nas e das caldeiras desde que a comunicação entre as duas casas     trabalho executado. Escusado será dizer que o motor dessa em-
estivesse também aberta. Na parte de vante tiraríamos a tampa       barcação tinha que estar devidamente operacional. Havia ainda
da válvula da refrigeração do condensador, que assim alagaria       que rebocar uma baleeira da outra draga, ou levar o pessoal na
toda a região da proa.                                              nossa embarcação.
   Depois de acordarmos quanto aos processos a seguir e termos
tudo pronto para cumprir a tal ordem, concluímos que em vinte         Felizmente que a dita ordem nunca foi transmitida e a opera-
minutos poríamos a draga no fundo.                                  ção não se concretizou...

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                                                                                                                                                1TEN OTT REF

CONVÍVIO

CURSO HERMENEGILDO CAPELO 50º ANIVERSÁRIO

11SET – Cumprimentos ao ALM CEMA por representantes do              Cerimónia de descerramento de placa, em Palmela.
           Curso (AM)

18SET – Homenagem a Hermenegildo Capelo. Descerramen-
           to de placa em Palmela

           “Moscatel de Honra” na Casa Mãe Rota dos Vinhos
           Abertura oficial da exposição “HC.ARTCOLEX” e apre-
           sentação da edição especial da Revista da Escola Na-
           val “Tridente”

09OUT – Visita à Escola Naval

02OUT – Apresentação de cumprimentos ao VALM COMNAV
           Visita à Sagres e almoço

23OUT – Visita ao CITAN, ES, submarino e fragata (AM)

           Visita ao CCF (PM)

25OUT – Jantar e Baile de Encerramento na Messe da Guia

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