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REVISTA DA ARMADA | 489

NRP JOÃO COUTINHO

44 ANOS AO SERVIÇO DE PORTUGAL

INTRODUÇÃO                                                          A partir de 1976, com o desiderato de adequar o navio a novas
                                                                  missões de atuação não militar, foram sendo retirados equipa-
ONRP João Coutinho foi lançado à água na Alemanha em 1969,        mentos do CIC, que mais tarde seria definitivamente desativado.
     sendo o primeiro de uma série de seis navios, os três pri-
meiros construidos nos estaleiros Blohm & Voss, na Alemanha, e      Das várias missões que o navio realizou destacam-se as seguintes:
os restantes, nos estaleiros navais de Bazám, em Espanha. A sua
construção foi realizada sob um projeto de conceção nacional de     • Transporte para São Diego, EUA, da nova estátua do navega-
1965, da autoria do Contra-almirante Engenheiro Construtor Na-    dor e explorador João Rodrigues Cabrilho, em 1988;
val Rogério d’Oliveira.
                                                                    • Participação na Operação Crocodilo, de evacuação de cida-
   No dia 7 de março de 1970, foi aumentado ao efetivo dos na-    dãos nacionais e de países amigos da Guiné-Bissau, em 1998;
vios da Armada Portuguesa.
                                                                    • Recuperação de corpos que resultaram da queda da ponte
   Após chegada a Lisboa, efetuou um período de treino, partici-  Hintze Ribeiro, em 2001;
pou nas comemorações do dia da Marinha de 1970, no Porto, e
foi empenhado nas cerimónias fúnebres do Dr. Oliveira Salazar,      • Combate à poluição que resultou do acidente com o navio
tendo sido incumbido da realização das respetivas salvas.         petroleiro Prestige na Costa da Galiza, em 2002.

   A 19 de agosto de 1970 largou com destino a Moçambique,          Nos anos mais recentes o navio esteve empenhado em missões
tendo efetuado paragens logísticas em Cabo Verde e Angola. Per-   de atuação não militar nos espaços marítimos sob soberania e ju-
maneceu em Moçambique até 1975. Foi empenhado em diver-           risdição nacional adjacentes ao território de Portugal Continental e
sas missões, particularmente de fiscalização e patrulha das nos-   na Região Autónoma dos Açores, principalmente de fiscalização e
sas águas, apoio às operações dos fuzileiros (sobretudo através   proteção de recursos e de busca e salvamento marítimo.
do transporte de botes e demais material necessário) e transpor-
te de militares do Exército, de nativos e de população em geral.  O PATRONO
Durante o longo período de tempo em que esteve empenhado
em Moçambique, o navio permanecia ora na Beira (cerca de 1          João António de Azevedo Cou-
mês), ora em Porto Amélia (cerca de 2 meses).                     tinho Fragoso de Sequeira nasceu
                                                                  em Alter do Chão em 3 de Fevereiro
   Largou de Lourenço Marques em 18 de junho de 1975, fez es-     de 1865. Entrou na Escola Naval em
cala em Angola (Luanda), S.Tomé e Las Palmas. Chegou a Lisboa     1882 e foi promovido a Guarda-Ma-
em 13 de Julho desse ano.                                         rinha em 1884.

   Nos últimos 50 anos da história da Marinha foi o navio que       Entre 1885 e 1902 Azevedo Cou-
mais tempo esteve em missão fora do Porto de Lisboa.              tinho prestou serviço em Moçambi-
                                                                  que, pacificando, combatendo a es-
   Era um navio muito sofisticado para a época: tinha ativado o    cravatura e contribuindo para a pros-
Centro de Informações em Combate (CIC), com modernos siste-       peridade da região. Durante este pe-
mas associados; foi o primeiro navio da Marinha Portuguesa a ter  ríodo comandou os iates "Tungué" e
montado um sistema de ar condicionado que permitia fazer che-     "Lúrio", o vapor "Auxiliar" e a lancha
gar ar fresco a praticamente todo o navio; possuia uma guarnição  canhoneira "Cherim".
de 92 elementos e tinha boas condições para alojar elementos
extra-guarnição.                                                    Foi tão brilhante a sua ação que foi nomeado sucessivamente
                                                                  Governador Militar do Chire e Governador da Zambézia. Aos 24

20 OUTUBRO 2014
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