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REVISTA DA ARMADA | 494
COMANDO NAVAL
QUE FUTURO?
As operações, no presente, são uma nova arte no mundo CEMA de uma Marinha pronta e credível na defesa dos interes-
global em que estamos inseridos, para a qual é necessário ses de Portugal no mar:
contribuir, através de soluções passíveis de liderar os processos
de mudança, garantir a vanguarda da doutrina, promover a − Incrementar a vigilância e o controlo dos espaços marítimos
supremacia na informação e assegurar a eficácia no desempenho sob jurisdição e soberania nacional;
no domínio marítimo.
− Incrementar a prontidão das forças e meios operacionais;
As velhas ameaças rejuvenesceram e transformaram-se em − Melhorar a estrutura organizacional e os processos do setor.
novas realidades, sinalizando a sua aparição em teatros de ope- Para este efeito, concorrem ainda, o fortalecimento dos valores
ração que apresentam características totalmente diferentes referência da Marinha, a Disciplina, a Lealdade, a Honra, a Integri-
das existentes num passado recente, arrastando para o domí- dade e a Coragem, que conduzem à edificação de um espírito de
nio marítimo contornos de incerteza e imprevisibilidade assina- equipa fundamental para a coesão na ação, no reforço da responsa-
láveis, constituindo-se como ameaças à defesa e segurança do bilidade indispensável para atingir a confiança e a credibilidade de-
Estado e dos seus cidadãos, bem como à estabilidade da comu- sejável na cooperação, bem como no desenvolvimento dos proces-
nidade internacional. sos de inovação com vista à materialização dos objetivos propostos.
Os constrangimentos são geradores de oportunidades. Neste
A participação em operações, cujo ambiente circundante é a contexto, em que a dificuldade de acesso aos recursos é trans-
população, o cidadão comum (“The war amongst the people”), versal, resulta uma oportunidade para promover uma atitude
bem como os teatros com ameaça assimétrica constituem, no significativamente mais colaborativa, entre todas as entidades e
presente, uma realidade complexa. Em resposta, os conceitos organizações com competências no espaço marítimo de respon-
evoluem, procurando balizar, controlar e extinguir as novas for- sabilidade nacional, fomentando o relacionamento e a partilha de
mas de conflito e contribuir para a segurança das populações e conhecimento, explorando conceitos de natureza militar de “co-
da comunidade internacional. mando apoiante/comando apoiado”, no sentido de gerar sinergias
potenciadoras de uma maior eficácia da ação do Estado no mar.
Na sequência da implementação do programa da “Reforma Acresce que a nova Estratégia para o Mar fomenta a capacidade
2020” que representa reajustamentos e alterações muito signifi- de ação centrada na multidisciplinaridade e na cooperação intera-
cativas nas Forças Armadas, num ambiente de fortes restrições de gência, conduzindo naturalmente a melhores práticas no uso do mar.
recursos financeiros, humanos e materiais, o período que se avizi- Por outro lado, as relações bilaterais e a participação de Por-
nha afigura-se como uma oportunidade para uma mudança de cul- tugal nas alianças e organizações internacionais, através do in-
tura, cimentada no que de melhor fomos capazes de construir no cremento da cooperação, constituem-se como elemento multi-
passado e que traduza um novo alento para as gerações vindouras. plicador para a segurança global, permitindo contribuir para a
atualização da doutrina e dos procedimentos, e para a manuten-
Neste cenário em permanente mudança torna-se indispensá- ção, aferição e certificação das capacidades da Marinha para em-
vel proceder à revisão dos mecanismos e das modalidades de pregar nos diversos teatros.
atuação, bem como assumir a necessidade de participar em ope-
rações com meios e capacidades ágeis, flexíveis, facilmente pro-
jetáveis e prontos para integrarem ambientes multidisciplinares.
É assim que o Comando Naval do presente deverá estar foca-
lizado no produto operacional da Marinha, preparado para en-
frentar os desafios do futuro, através da maximização do empre-
go operacional e da sustentação, para assegurar o cumprimento
da missão com eficácia, através de:
− Uma resposta adequada, e de forma autónoma, aos re-
quisitos exigidos nos diferentes teatros de operações, num
contexto de soberania ou em cumprimento de compromissos
assumidos internacionalmente;
- Padrões de desempenho que permitam o emprego de meios
e forças de forma credível e sustentável;
− Estruturas de funcionamento mais ágeis, de forma a concen-
trar o esforço, e os recursos, na componente operacional.
Nesta medida, com o intuito de assegurar o aprontamento
de forças e meios, e garantir a capacidade de comando e con-
trolo, em apoio ao exercício do comando do Almirante CEMA,
foram estabelecidos três grandes objetivos, concorrentes para
a satisfação dos estabelecidos na Diretiva de Planeamento da
Marinha 2014, e que contribuem decisivamente para a visão do
10 MARÇO 2015