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REVISTA DA ARMADA | 494

NRP ÁLVARES CABRAL

MISSÃO A CABO VERDE

INTRODUÇÃO                                                          sa de uma antiga parede vulcânica e a Leste pelo Pico do Fogo, é
                                                                    conhecida por ser especialmente fértil, nomeadamente na pro-
  Após um silencioso sono de 19 anos, no passado dia 23 de          dução de viticultura, o que levou à fixação de diversas popula-
novembro o imponente vulcão da Ilha do Fogo, uma formidá-           ções locais ao longo do tempo.
vel ilha-montanha com 2829 metros de altitude situada em
pleno Atlântico, despertou. Para o olhar de quem vem de lon-          A erupção de 24 de novembro em pouco tempo ameaçou
ge, facilmente se constata que a Ilha do Fogo, toda ela, é um       diretamente as populações locais da Chã das Caldeiras. As lo-
enorme registo material da génese vulcânica do arquipélago          calidades mais afetadas foram a Portela e Bangaeira, primei-
cabo-verdiano.                                                      ro uma depois a outra, viram-se forçadas a ser abandonadas
                                                                    face ao movimento da lava. As populações foram rapidamen-
  Camada após camada, o tempo histórico e a cor da paisagem         te recolocadas para povoados vizinhos, tendo, no entanto,
facilmente nos transportam a imaginação muito para além da          de deixar todos os seus pertences para trás. Na semana se-
memória humana, recordando que as pontuais erupções da his-         guinte o avanço contínuo da lava viria a consumir dezenas
tória do Fogo, representam a contínua, porém frágil, relação en-    de casas, edifícios municipais, igrejas e instalações de saúde
tre o Homem e a Natureza que o rodeia.                              e ensino.

  Na manhã do passado dia 23 de novembro, com o suspeito            RESPOSTA AO PEDIDO DE AJUDA INTERNACIONAL
prenúncio de atividade sísmica, uma das câmaras secundá-
rias do sistema vulcânico da montanha do Pico do Fogo gerou           Com o agravamento da situação no Fogo, o Governo de Cabo
uma erupção de magma às 09h45 na face oeste do cone prin-           Verde emitiu um pedido internacional de apoio. Portugal respon-
cipal. O fluxo de lava irrompeu desde então, mantendo-se en-        deu prontamente com o envio de uma unidade naval para o terri-
quanto o navio permaneceu na área, de uma forma contínua,           tório de Cabo Verde (28 de novembro a 14 de dezembro).
embora a diversas velocidades, causando dois caudais de lava
principais, um para sul e outro para noroeste. Nos dias que           A fragata NRP Álvares Cabral, que se encontrava na fase final
se seguiram à erupção inicial, a descarga de material vulcâni-      do seu Plano de Treino Operacional, foi o navio empenhado para
co variou entre violentas explosões piroclásticas e emissões        a operação DJARFOGO.
de gases, em paralelo com o fluxo de lava que desde então
se mantém.                                                            Em pouco menos de 48 horas, o navio preparou-se para a
                                                                    missão embarcando diverso material e equipamento de apoio
  A região da caldeira, protegida a Oeste pela alta escarpa rocho-  às autoridades locais, proveniente de diversas instituições na-

6 MARÇO 2015
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