Page 11 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 494
As constantes evoluções tecnológicas permitem também de- − Na obtenção e na gestão criteriosa de recursos, que no âmbito
senvolver novas abordagens sustentadas no processamento, ges- do recrutamento e na esfera orçamental, constituem-se como o
tão e análise de informação, assim como a implementação dos maior desafio, em que servir nas unidades operacionais terá de
adequados sistemas de apoio à decisão com vista ao empenha- representar um campo de ação atrativo e aliciante, preenchendo
mento eficiente das forças e meios. por completo a vocação de ser marinheiro;
− Na adoção de modelos mais versáteis, sendo por isso impera-
A renovação da esquadra impõe soluções que conduzam à re- tivo repensar a atual estrutura organizativa das unidades, entida-
visão do conceito do modelo de emprego de capacidades e à des e órgãos dependentes, tornando-a mais flexível e adequada,
adoção de novos procedimentos e metodologias para o empe- orientada no princípio da concentração do esforço.
nhamento dos limitados recursos disponíveis.
● Para este efeito, considera-se prioritário:
A crescente relevância do mar reforça ainda a necessidade de − A transferência do Comando Naval para a BNL, numa lógica de
garantir o seu uso na justa medida dos interesses de Portugal, exercício do comando de proximidade, bem como a alteração da
salvaguardando as dimensões de defesa e de segurança, promo- sua orgânica, decorrente da eliminação de comandos adminis-
vendo a investigação e o conhecimento científico, o desenvolvi- trativos intermédios, em particular a integração da Flotilha e a
mento da atividade económica, o progresso e o estabelecimento edificação de uma nova Esquadrilha de Superfície;
de um clima de confiança entre os vários intervenientes. − A atualização do COMAR, numa perspetiva de desenvolvimen-
to das capacidades indispensáveis à condução das operações no
É com esta atitude que diariamente, no campo da honra, no mar, se domínio marítimo, no combate às ameaças e riscos existentes,
consolidará a visão expressa de «Maximizar o emprego operacional e materializando um esforço na melhoria do conhecimento situa-
a sustentação para assegurar o cumprimento da missão, com eficácia». cional marítimo, na obtenção da superioridade da informação e
no incremento da rapidez no apoio à decisão;
Dos objetivos definidos decorrem três pilares estratégicos para − A reestruturação do Corpo de Fuzileiros, sustentada numa ló-
o cumprimento da missão do CN: gica de integração dos elementos de força em unidades de ele-
vada prontidão, sem contudo descurar a capacidade de gerar as
● Empenhamento operacional, que se consubstancia: valências necessárias para edificar e projetar uma capacidade an-
− No incremento da disponibilidade das forças e meios operacio- fíbia de forma autónoma, que, concorrendo para a própria coe-
nais de modo a garantir o cumprimento das missões que decor- rência do sistema de forças da Marinha, seja capaz de contribuir
rem dos compromissos nacionais e internacionais; para a materialização do conceito de força expedicionária.
− Na necessidade de mitigar a obsolescência tecnológica regis-
tada e que impõe a procura de novas e inovadoras soluções que A velocidade crescente da mudança e a mutação vertiginosa dos
permitam a sustentação das capacidades; riscos associados constituem motivo suficiente para que nenhum
− No esforço para assegurar a manutenção de capacidades edi- Estado negligencie a vigilância e a segurança dos seus espaços ma-
ficadas só possíveis de justificar pela evidência da sua valia estra- rítimos, nem a dissuasão de atos ilícitos neles praticados, razão
tégica, e pelo reconhecimento da excelência de desempenho dos pela qual a componente naval representa um instrumento indis-
nossos marinheiros. A experiência e a capacidade demonstradas pensável à afirmação da determinação e à expressão da vontade
são prova de competência, profissionalismo, dedicação, e vonta- em defender direitos e preservar o património nacional.
de de bem servir, predicados das melhores tradições navais.
− Na exploração de uma componente operacional edificada com O quadro de valores dos que servem a Marinha, a bordo, no
o objetivo de potenciar uma utilização versátil dos meios, com mar, a partir do mar ou em terra, gera um sentimento de partilha,
capacidade de atuação «multirole/multipurpose» em diferentes constrói o espírito de corpo e cimenta a coesão. A lealdade, a ca-
cenários, alargando o respetivo espectro de opções de emprego, maradagem, o sentido de responsabilidade e o espírito de missão
privilegiando uma lógica de economia de esforço, por partilha de são aqui consolidados de forma ímpar, o que confere uma vanta-
conhecimento e de recursos. gem competitiva, amplamente reconhecida e que devemos pre-
servar e incrementar. Neste âmbito, importa relevar o contributo e
● Conhecimento situacional, que se materializa: o esforço de todos os setores para o produto operacional da Mari-
− No incremento da vigilância e o controlo dos espaços maríti- nha a fim de ser minimizado o impacto das várias restrições que se
mos sob jurisdição e soberania nacional, promovendo a partilha fazem sentir, e continuar a cumprir a missão.
de informação e do conhecimento;
− Na unidade de comando, sustentada numa sólida estrutura de rede É neste entendimento que se pretende consolidar o presente e
e de comunicações, atributo reconhecido ao nível nacional e interna- preparar o futuro, numa perspetiva (inter)setorial, devidamente
cional, e que representa uma via para a excelência da ação no mar; alinhada com a DPM em vigor.
− Na necessidade de edificar a capacidade de cyber defesa, no
sentido de estar preparado para uma nova dimensão da guerra. Pereira da Cunha
VALM
● Restruturação organizacional, que se promove:
− Na melhoria da estrutura organizacional e dos processos do se- Comandante Naval
tor, permitindo uma gestão racional e equilibrada dos recursos dis-
poníveis, como suporte ao cumprimento da missão com eficácia;
MARÇO 2015 11