Page 31 - Revista da Armada
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NOVAS HISTÓRIAS DA BOTICA                                           REVISTA DA ARMADA | 503

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O DOC DAS HISTÓRIAS...

Estou outra vez atrasado                                            seu pai, que acabou num grande centro de distribuição, lucrativo
    no envio da história. Se-                                       e internacional. As histórias do DOC, essas são naturalmente so-
rei certamente o “autor”                                            bre as pessoas. Ora as pessoas são o centro das organizações e
menos disciplinado da nos-                                          foi nos navios que essa realidade se tornou evidente.Tudo o res-
sa Revista da Armada. Não                                           to, os trabalhos, as apresentações, os pavões, as gaivotas, tudo
tenho desculpas, exceto a                                           isso fará parte de uma memória que será fonte de muitas outras
grande quantidade de ta-                                            histórias, muitas sensações, muitas emoções…a escrever poste-
refas que o meu dia com-                                            riormente.
porta.
                                                                      Quase me sinto outra vez na Marinha, uma vez que até o pastel
   Estou, presentemente,                                            de nata já é sobremesa às quintas-feiras,certamente uma grande
a escrever na própria car-                                          e benéfica influência naval. O “intervalo da bolacha“permanece
teira de uma instituição                                            um standard, um oásis a preservar. Não é bom ter carros pretos,
cada vez mais importante,                                           sobretudo se limpos. Aparecem misteriosamente riscados, por
o IESM (Instituto de Estu-                                          fantasmas de outros tempos, que certamente ainda habitam o
dos Superiores Militares),                                          lugar. Curiosamente, acredito que em lugares como este, cada
agora IUM (Instituto Uni-                                           um deixará uma pequena parte de si, muito para além das fotos
versitário Militar, que cons-                                       a que o protocolo obriga. De resto, o médico faz sempre aquilo
titui uma instituição mais                                          para que está mais habilitado: passa receitas. Agora arte digital
abrangente). Voltei a uma                                           de grande valia no meio académico e a que o DOC das histórias
academia muito diferente                                            não se tem furtado.
daquela a que estou habi-
tuado. Já cá tinha estado,                                            Serve, por fim, este escrito para explicar aos muitos marinhei-
no então conhecido como Curso Complementar Naval de Guerra.         ros que “não me encontram”, que ainda estou na Marinha, só
O curso atual é diferente. Desde logo é diferente pela presença     que noutro contexto. A todos um grande, grande abraço, com
de militares dos três ramos das Forças Armadas. Este facto, acen-   votos de Boas Festas e um melhor 2016.
tuado pela partilha de tarefas, já criou um sentimento de união
entre os auditores que só é reprodutível entre militares.                                                                                                    Doc

   A simples presença deste humilde autor neste distinto grupo é
uma honra que não se pode tomar de ânimo leve, ao contrário,é
fonte de orgulho. Os temas são muito atuais e apesar de muito
longe da área técnica onde me movimento mais à vontade, são
de grande interesse e apresentados por conferencistas de grande
nível, geralmente personalidades conhecidas da televisão, apre-
sentando análises económicas e políticas da maior pertinência –
que apelam a leituras novas e a sentimentos noutras áreas.

   Gosto especialmente do facto de mesmo o preletor mais fa-
moso se sujeitar a cerca de uma hora de perguntas, algumas
difíceis, por parte dos senhores auditores. Grande parte deles,
acredito, não aceitaria este tipo de desafio noutro contexto. Este
autor também se tem aventurado nas perguntas. Contudo, tem
evidenciado o péssimo hábito de contar uma história (obviamen-
te sumária), antes da pergunta, tendo já atingido o “desiderato”
do “DOC das histórias”.

   Este “paradigma”, o das histórias, também é usado por alguns
preletores, que para exemplificar verdades da economia, do di-
reito ou da análise política, contam histórias a propósito da bar-
bie doll, que representa um potentado económico, cuja compre-
ensão é inacessível ao mais comum mortal, ou da mercearia do

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