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cas. O seu orçamento em 2015 teve um aumento de quase 30%, sobretudo de uma clara e precisa compreensão do contexto polí-
sugerindo que o Kremlin aprecia bem a relevância do seu papel. tico em que se está a operar.
A aplicação destas táticas, obviamente negadas mas politicamen- A Rússia venceu a “guerra militar” e a “guerra das informações”
te impulsionadas na Ucrânia, provou o seu verdadeiro potencial, para apoiar as suas operações de combate e minar o entusias-
mas também fez emergir alguns riscos que não haviam sido calcu- mo ocidental para um eventual envolvimento direto. Contudo,
lados. De muitas formas, a Crimeia foi o contexto perfeito onde os a essência da “guerra híbrida” obriga a sincronizar, sequenciar
russos poderiam testar a sua nova abordagem. A península já tinha e combinar, de forma eficaz, os diversos instrumentos do Esta-
instalações russas da Frota do Mar Negro, incluindo a 810ª Brigada do (PMESI) no sentido de ganhar a subjacente “guerra política”,
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Naval de Infantaria Independente, onde, entre as quais, operacio- esforço sem o qual não se alcança o desejado estado final. Aqui,
nais do KSO foram sendo tranquilamente infiltrados ao abrigo de há muitas reservas se o Kremlin ganhou. Interrogo-me se o incó-
rotações regulares de tropas. As forças militares locais, que, em modo criado em Kiev é, de facto, um incómodo para Moscovo.
qualquer caso, nunca iriam receber ordens de Kiev, eram essencial-
mente técnicos e mecânicos, e não tropas de combate da linha da
frente. A população local, alienada por força de mais de 20 anos de Amaral Mota
CMG
negligência e má administração por parte de Kiev, estava em grande Inspeção-Geral da Defesa Nacional (IGDN)
parte disposta a juntar-se aos mais ricos da Rússia e ansiosa para se
tornar agente de uma nova ordem moscovita.
A 27 de fevereiro, o KSO e a 810ª Brigada Naval de Infantaria
Independente cercaram e tomaram o edifício do parlamento da
Crimeia e começaram a bloquear as bases ucranianas na penín-
sula. Apesar das suas fardas e modernas armas russas, a falta
de insígnias nestes “pequenos homens verdes” sustentava o dis-
curso de Moscovo garantindo que eles não eram tropas russas.
Esta “manobra política” foi o suficiente para criar incerteza nas
mentes de Kiev e da NATO. Eram mercenários, vigilantes da Cri-
meia, ou uma aventura que não havia sido sancionada por um
comandante local. Esta deliberada deceção militar (maskirovka)
permitiu dar tempo aos russos e seus aliados locais para assumir
posições de comando em toda a Crimeia.
A Rússia está de volta e agora sabemos do que é capaz. A pró-
pria desordem em Kiev, apesar de ter trabalhado a favor da agenda Foto David Mdzinarishvili
moscovita, também provou ser um problema sério, pois ninguém
está disposto a fazer concessões politicamente ruinosas. A curta e
pequena guerra vitoriosa abriu uma ferida que ainda sangra.
Se militarmente a operação foi um sucesso, politicamente não
terá sido, pois este novo estilo de guerra, que procura contar com 1 Notas
PMESI – Da doutina NATO – Political, Military, Economic, Social and Intelligence
múltiplos choques militares e não-militares, para paralisar o ini- ou Informational
migo e quebrar a sua vontade de resistir, depende, sem surpresa,

JANEIRO 2017 17