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REVISTA DA ARMADA | 515
SNMG1 – A 2ª PARTE Nesta fase foram conduzidos diversos exercícios do tipo seriado
ao largo da Escócia, no mar das Hébridas e no Minches, permitindo
No último artigo, o navio encontrava-se no porto holandês de Ro- à força chegar ao seu potencial máximo de combate. A quantidade
terdão. Nesse porto ocorreu um dos momentos importantes para de meios disponíveis, tanto navais como aéreos, permitiram a ope-
o comando da força, a troca do Navio-Almirante. A partir do dia 26 ração num ambiente complexo, em tudo similar ao que seria uma
de setembro, passou a ser o ESPS ALM Juan de Borbon a arvorar o operação militar contra um oponente equivalente. A fase seguinte
distintivo do COMSNMG1. Foi o momento da despedida do ESPS seria a fase tática do exercício, que iniciaria dia 15 de outubro, con-
Mendez Nunez, navio com o qual navegámos durante dois meses, tudo uma missão do mundo real (real-world) nos aguardava.
e constituiu connosco o núcleo da SNMG1 durante esse período.
O ACOMPANHAMENTO AO GRUPO-TAREFA
Seguiu-se o trânsito para Glasgow, onde foram realizados diver- KUZNETSOV
sos exercícios com o objetivo de integrar o novo Navio-Almirante
na restante força que já se encontrava a operar em conjunto há Ainda durante o desenvolvimento do exercício JW162, começa-
cerca de um mês. Esse trânsito teve três momentos altos: a pas- va-se a desenhar uma operação real, com a informação de que um
sagem pelas águas do nosso conhecido FOST a sul de Plymouth, grupo-tarefa Russo (KTG), de escolta ao seu porta-aviões Kuznet-
Reino Unido, com a realização da típica guerra de quinta-feira, a sov, iria largar da base de Murmansk em meados de outubro em
Weekly War; a navegação pelo fiorde norueguês de Sognefjor- direção à Síria, no mediterrâneo Este. Com a largada dessa força no
den, com uma beleza ímpar, ficando marcado na memória de to- dia 15 de outubro, constituída pelo Kuznetsov, pelo cruzador Petr
dos, culminando com a observação de uma aurora boreal ao final Veliky, pelos destroyers Severomorsk e Vice-Admiral Kulakov, e por
do dia; e finalizou-se com um passex (exercício de oportunidade cinco navios de apoio (dois rebocadores e três reabastecedores),
com outra Marinha) de três dias, com o submarino norueguês os navios da SNMG1 e da SNMG2 que se encontravam a participar
HNOMS Utsira, que permitiu reforçar a proficiência dos navios no exercício foram mandados iniciar trânsito e atracar no porto de
da Força relativamente à guerra anti-submarina (ASW), da qual o Bergen, na Noruega, para uma visita logística a fim de garantir a
nosso navio era o Comandante designado (ASWC). sustentabilidade durante o próximo período.
A visita ao porto de Glasgow tinha o objetivo de preparar a par- O KTG estava a ser monitorizado por unidades aliadas, em trânsi-
ticipação no exercício Joint Warrior 162 (JW162), que se revestia to para sul, onde era expectável passar nas águas de influência e in-
de importância acrescida pois integrava dois grandes exercícios teresse de países NATO. Esta atividade de monitorização a unidades
no âmbito da NATO, o Noble Mariner para a componente naval e navais não-NATO, nomeadamente da Federação Russa, é efetuada
o Noble Arrow para a componente aérea. O Noble Mariner 2016 regularmente, geralmente com meios dos países mais próximos do
seria também um exercício com contornos especiais pois iria cer- local onde eles se encontram a navegar, sendo coordenada pelo
tificar-se o estado-maior da NATO Response Force (NRF), constituí- Comando Marítimo da NATO, o MARCOM. Para esta situação espe-
do pelo staff da STRIKEFORNATO, o comando de resposta imediata cífica, tendo em conta a tipologia da força a acompanhar e destino,
da NATO sediado em Oeiras, que embarcou no navio francês FS foram acionados pelo MARCOM os grupos navais permanentes da
Tonerre. Paralelamente, mas de forma integrada na JW162, a in- NATO (SNMG1 e SNMG2) para a realização dessa tarefa, passando
dústria de defesa inglesa iria exercitar e demonstrar a capacidade a constituir uma força naval única, demonstrando a capacidade de
de diversos meios não tripulados (vulgo drones) em apoio às ope- resposta imediata da NATO para atuar na sua área de influência.
rações militares, designando-se por exercício Unmaned Warrior.
O acompanhamento iniciou-se no mar do Norte, ao largo da
O exercício iniciou-se com o “Briefing and Orders Day”, dia 8 Noruega, passando pelo canal da Mancha, golfo da Biscaia, cos-
de outubro na HMNB Clyde, em Faslane, tendo os navios largado ta Portuguesa e estreito de Gibraltar. Com a chegada ao Medi-
do porto em 9 de outubro. Iniciou-se a fase de CET-FIT1, com os terrâneo, as unidades da SNMG2, que se encontravam na força,
navios que integravam a nossa força, constituída pelos navios da continuaram a tarefa de monitorização na área do mediterrâneo,
SNMG1 (o nosso navio, o ESPS ALM Juan de Borbon, o FGS Ludwi- voltando as unidades da SNMG1 para a sua área de operação,
gshafen am Rhein, o BNS Leopold 1 e o FGS Rhoen), alguns dos o Atlântico Norte. Entre as forças envolvidas existiu sempre um
navios da SNMG2 (o HMCS Charlottetown, o HDMS Absalon e o comportamento extremamente profissional e cordial.
ESPS Cantabria), e o navio finlandês FNS Uusimaa. Contávamos
também com os nossos conhecidos navios da SNMCMG1, que Durante esta tarefa participaram igualmente outras unidades
haviam participado no exercício Northern Coasts 2016, no mar navais e aéreas dos países aliados, quando em operação nas
Báltico, três submarinos, incluindo o HNOMS Utsira, e diversos áreas de influência nacionais, como da Noruega, Holanda, Reino
outros meios em apoio, incluindo os já referidos drones.
SNMG1
Foto Luís Sanchez
FEVEREIRO 2017 7