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REVISTA DA ARMADA | 516
ACADEMIA DE MARINHA
PRÉMIO "ALMIRANTE TEIXEIRA DA MOTA" – 2016
m 24 de janeiro teve lugar a cerimónia de entrega do Prémio ginada, nem quem a tinha pintado. Depois de uma longa pesquisa
E“Almirante Teixeira da Mota” – 2016, e a apresentação da obra chegaram à conclusão de que se tratava de uma rua bem portu-
premiada, The Global City – On the Streets of Renaissance Lisbon, guesa que foi palco do comércio de mercadorias de todo o mun-
pelas professoras Annemarie Jordan Gschwend e Kate Lowe, co- do, a Rua Nova dos Mercadores, na baixa da Lisboa manuelina.
ordenadoras do trabalho. Situava-se onde agora passa a Rua da Alfândega, e era o percurso
Após agradecer a presença do Almirante CEMA e AMN, o Pre- mais cosmopolita numa cidade onde se negociavam mercadorias
sidente da Academia salientou que “o patrono deste prémio – Al- de todo o mundo. Além de algumas descrições da sua opulência,
mirante Teixeira da Mota – foi um insigne oficial da Armada, deno- apenas existem poucas gravuras da cidade inteira, sem pormeno-
dado investigador da história e ciências marítimas, tendo prestado res das ruas. Destruída pelo terramoto de 1755, a Rua Nova dos
altos serviços à Marinha e à Nação e alcançado visível notoriedade Mercadores nunca mais voltou ao esplendor da Era das Descober-
além-fronteiras nos referidos campos de investigação, designada- tas. O que resta hoje é a fachada manuelina da Conceição Velha,
mente nas áreas de navegação, cartografia e etnografia”. reconstruída com um interior já pombalino.
Relativamente ao prémio “Almirante Teixeira da Mota”, de âmbi- O grande centro europeu – Lisboa do século XVI – resultou do
to internacional e atribuído nos anos pares, o Presidente lembrou sucesso mundial do império comercial marítimo de Portugal, que
que se destina a incentivar e a dinamizar a pesquisa e a investiga- se estendia da África Ocidental e do Brasil até à Índia Portuguesa
ção científica na área das Artes, Letras e Ciências ligadas ao Mar e e ao Sul da China, provocando uma afluência de bens e povos es-
às Marinhas, podendo a ele concorrer cidadãos nacionais e estran- trangeiros na Lisboa metropolitana sem precedentes num país eu-
geiros que apresentem trabalhos originais nos referidos domínios. ropeu. Este império comercial marítimo criou um forte impacto na
O Presidente agradeceu aos membros do júri do prémio o apoio produção, no transporte, na distribuição e no consumo de cargas
dado à Academia de Marinha, pelo trabalho de análise e avaliação exóticas em toda a Europa.
das 22 obras concorrentes.
Para além do prémio já referido, foram atribuídas menções
honrosas às obras A baleação e o Estado Novo. Industrialização e
Organização Corporativa (1937-1958), de Francisco Maia Pereira
Henriques, e Políticas Régias de Logística Naval (1481-1640), de
Liliana Cristina Magalhães Oliveira.
Terminada a cerimónia de entrega dos diplomas, as coorde-
nadoras da obra premiada usaram da palavra, tendo destacado
que tudo começou quando, ao visitarem uma mansão perto de
Oxford, aí encontraram um quadro do século XVI que retrata-
va uma rua renascentista. Não se sabia se era uma rua real ou ima-
24 MARÇO 2017