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REVISTA DA ARMADA | 517






          ACADEMIA DE MARINHA




          COMEMORAÇÃO

          DOS 700 ANOS DO DIPLOMA RÉGIO


          EM QUE D. DINIS OUTORGOU O TÍTULO

          DE ALMIRANTE A MANUEL PESSANHA





                                                                   Diploma régio  ção crítica, em que Nemésio, apoiado em
                                                                               documentação pertinente, analisa o âmbi-
                                                                               to da jurisdição do Almirante e os cuidados
                                                                               da casa Real em não permitir que essa ju-
                                                                               risdição se estendesse ao pessoal de terra”.
                                                                                 Por último, o Dr. Silvestre Lacerda salien-
                                                                               tou  a  importância  do  Arquivo  Nacional,
                                                                               local escolhido, onde se conservam e guar-
                                                                               dam as mais relevantes peças da nossa His-
                                                                               tória, designadamente o Contrato de Vassa-
                                                                               lagem em comemoração.
                                                                                 Para a intervenção principal foi convida-
                                                                               do o Professor Filipe Themudo Barata, reco-
                                                                              Foto ZANTSILVA  nhecido medievalista português, com a co-
                                                                               municação “Manuel Pessanha e um outro
                                                                               olhar sobre o mar. A construção de novas
                                                                               linhas  da  política  externa  de  Portugal”.  O
            ob  a  presidência  do  Chefe  do  Estado-  ter acolhido o evento nas magníficas insta-  orador salientou a importância da assinatu-
         S-Maior  da  Armada  e  Autoridade  Ma-  lações de que é Diretor. Nas suas palavras   ra do contrato, celebrado em 1 de fevereiro
          rítima  Nacional,  Almirante  António  Silva   lembrou que “Portugal não ia ter mais um   de 1317, entre D. Dinis e o genovês Manuel
          Ribeiro,  teve  lugar  em  1  de  fevereiro,  no   Almirante,  mas  sim  um  Comandante  das   Pessanha.  A  primeira  pergunta  que  nos
          auditório  do  Arquivo  Nacional  Torre  do   forças  navais,  conhecedor  das  coisas  do   pode surgir – disse – é a de saber porque o
          Tombo, uma sessão cultural comemorativa   mar, um perito na organização da flotilha,   fazemos e se tem sentido essa celebração.
          dos “700 anos do diploma régio em que D.   em estratégia da guerra por mar, que daria   “Julgo que estaremos de acordo que, mes-
          Dinis outorgou o título de Almirante a Ma-  corpo ao ofício do Almirantado, para o qual   mo que de forma difusa, a perceção geral é
          nuel  Pessanha”.  Tratou-se  de  uma  sessão   recebeu meios e poder jurisdicional sobre   que estamos a assinalar, na História de Por-
          conjunta  em  que,  além  da  Academia  de   as questões do mar”.    tugal, o momento em que se definiu uma
          Marinha  participaram  a  Academia  Portu-  A Professora Manuela Mendonça na sua   política externa que passou a ter no mar, de
          guesa da História, a Academia das Ciências   intervenção referiu que no Oficio do Almi-  forma assumida, um dos seus pilares fun-
          de Lisboa e o Arquivo Nacional da Torre do   rantado, o almirante “tornou-se uma digni-  damentais. Muitos até perguntam se não é
          Tombo, numa manifestação clara de solida-  dade, uma verdadeira instituição transmis-  justo considerar este 1 de Fevereiro como o
          riedade académica.                sível por via hereditária e dotada de poder
           Após agradecer a presença do Almirante   jurisdicional sobre a gente de mar. Era pois
          CEMA e AMN, o Presidente da Academia   um título bem diverso do ‘Almirante de di-
          de  Marinha  saudou  a  Professora  Manue-  reito e costume’ que existira no passado,
          la Mendonça – a qual tinha considerado a   que o mesmo é dizer, aquele que terá cor-
          sessão como pertencendo ao calendário e   respondido  ao  cargo  assumido  por  Nuno
          programação da Academia Portuguesa da   Fernandes Cogominho”.
          História, a que preside –, o Professor Artur   O  Professor  Artur  Anselmo  lembrou  a
          Anselmo, Presidente da Academia das Ci-  obra Almirantado e portos de Quatrocen-
          ências de Lisboa – pela sua pronta adesão   tos, de Vitorino Nemésio, tendo referindo   Foto ZANTSILVA
          a este projeto – e o Dr. Silvestre Lacerda por   tratar-se de “um texto de invulgar penetra-



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