Page 26 - Revista da Armada
P. 26

REVISTA DA ARMADA | 517



          BANDA DA ARMADA



          2º ENCONTRO ANUAL







            oi  no  passado  dia  5  de  fevereiro  que   um ginásio tivessem acabado de sair.
         Fteve lugar o 2º Encontro Anual de Atu-  Terminámos  a  parte  musical  com  a
          ais  e  Ex-Músicos  da  Banda  da  Armada.   “Marcha dos Marinheiros”, que sem qual-
          Este evento, tal como o do ano passado,   quer  sombra  de  dúvidas  veio  trazer  de
          teve lugar na Sala da Banda da Armada si-  novo a nostalgia e, em muitos casos, lá-
          tuada na UAICM de Alcântara, onde todos   grimas de saudade e ao mesmo tempo de
          os  músicos  das  mais  variadas  gerações   felicidade!
          foram acolhidos pelos atuais músicos, do   Após  isto,  passámos  ao  almoço-conví-
          mais antigo ao mais moderno.      vio. Este foi brindado com a entrega por
           Este  ano,  para  que  todos  continuem   parte da chefia da Banda aos antigos ele-
          a sentir que ser músico é um estado de   mentos do respetivo diploma de partici-
          alma que nos acompanha até ao fim, deci-  pação no evento, bem como um CD gra-
          diu fazer-se algo inédito e convidar todos   vado pela Banda em 2016 para a editora
          os ex-elementos a voltar a integrar a Ban-  italiana  Scomenga.  Em  complemento,
          da, e assim “matar saudades” dos muitos   tivemos várias intervenções sempre bem
          anos passados ao serviço da Marinha Por-  humoradas e emocionadas do nosso ca-
          tuguesa.                          marada 2 SAR B 180240 Manuel Taborda,
           Para começar, foi tocada a obra “Aida”,   que do alto dos seus 97 anos, cheios de                     Fotos 1SAR Pereira da Silva
          de  Giuseppe  Verdi.  Todos  se  renderam   jovialidade e boa disposição, é atualmen-
          com  nostalgia  pois  na  sua  época  todos   te o músico da Banda mais idoso.
          tocaram esta obra. Depois, o Comandan-  Fomos também brindados com a ofer-
          te  Délio  Gonçalves,  atual  Chefe  da  Ban-  ta de um livro escrito pelo CAB B 94368   de um tempo irreversível, que já não volta
          da propôs a execução de uma das obras   Adérito  Silveira,  em  que  aborda  uma   para trás, mas que não se quer perder (…)
          que a Banda toca atualmente, e que ser-  pesquisa sua sobre os costumes do povo   Sentiu-se a saudade da ausência de músi-
          ve para mostrar a todos estes elementos   no  que  tem  a  ver  com  a  proximidade  à   cos já falecidos, como se a lembrança da
          mais antigos, o alto nível em que a Ban-  música, através das Bandas. Teve ainda a   ternura  fosse  densa  e  dolorosa,  ficando
          da se encontra, em grande parte devido   gentileza, este camarada, de através das   deles  a  permanência  da  memória  (…)  O
          à  ajuda  que  todos  eles  deram,  sempre   redes sociais exprimir a sua opinião sobre   ponto mais alto surgiu quando a emble-
          oferecendo o melhor de si e fazendo esse   o evento, com palavras tocantes, que nos   mática  Marcha  dos  Marinheiros  se  fez
          nível subir em contínuo. A obra foi “O Jar-  deixaram a todos mais motivados e muito   ouvir…  marcha  apelativa  à  fraternidade
                                            emocionados.                       de toda a família da Marinha, que quando
                                              No seu longo texto, entre muito, dizia   se ouve, sente-se a grandeza da alma do
                                            o  seguinte:  “Aconteceu  no  dia  5  deste   marinheiro, na sua energia mobilizadora e
                                            mês  (…)  (n)um  espaço  onde  continua  a   patriótica das grandes conquistas maríti-
                                            proliferar  uma  escola  de  formação  de   mas, ouve-se o toque da alma na sua dor
                                            homens  de  corpo  inteiro,  uma  espécie   ou no seu espanto crepuscular (…) A Ban-
                                            de catedral da música onde o milagre da   da  da  Armada,  sempre  integrou  dentro
                                            arte  se  repete  como  o  pulsar  constante   das  suas  fileiras  gente  simples,  pessoas
                                            da Criação (…) Olhar para a imagem gran-  elevadas de nobreza e simplicidade. Não
                                            diosa reflectida no tempo em que tantos   admira,  pois,  que  a  sua  qualidade  artís-
                                            dos presentes o fizeram, tornaram aquele   tica seja um fenómeno de revelação que
                                            convívio  eloquente  e  inesquecível.  Para   se eleva e transfigura no conjunto das de-
                                            alguns, marcados por um véu de melan-  mais congéneres (…)”.
          dim  das  Hespérides”,  de  Oscar  Navarro.   colia nos olhos, assaltaram-lhe um senti-  Aos  poucos,  todos  foram  regressando
          Temos de confessar que a execução des-  mento estranho de desejo de voltarem a   a suas casas, tendo os últimos elementos
          ta obra trouxe à tona algumas “artroses e   tocar numa sala mágica onde os sons se   saído da Unidade por volta das 20h, tendo
          nós” nos dedos daqueles que há já algum   transformam em cada momento em arte   o evento iniciado às 10h30.
          tempo  não  tocam.  Ainda  assim,  todos   sublime e universal… para outros, a von-
          sem  exceção  chegaram  ao  fim.  Embora   tade  misturada  de  uma  nostalgia  cujas        João Pereira
          muitos deles bastante suados como se de   lágrimas facilmente desencadeiam sinais                 SAJ B



         26   ABRIL 2017
   21   22   23   24   25   26   27   28   29   30   31