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REVISTA DA ARMADA | 526
VIGIA DA HISTÓRIA 98
A CONSTRUÇÃO
DO FAROL
uem anda, ou já andou, no mar conhece perfeitamente a importância
Qdos faróis no que à segurança da navegação diz respeito .
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Dada a sua repercussão nas acƟ vidades económicas, não é de estranhar
que os privados, com negócios relacionados com a acƟ vidade maríƟ ma, fos-
sem dos mais interessados na existência de faróis, chegando mesmo, como
aparenta ser o caso que hoje se indica, a fi nanciar a respecƟ va construção .
2
Em 24 de Setembro de 1845 o Governador Geral de Angola ofi ciou ao
Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar solicitando infor-
mação quanto à posse pelo Estado do farol existente no Morro das Lagos-
tas, em Luanda, e isto porque esse farol constava no inventário do anterior
Governador, D. José Xavier Bressane Leite, que havia entretanto falecido.
A resposta do Secretário de Estado, datada de 14 de Janeiro do ano seguinte,
referia que a única noơ cia conhecida naquele departamento governamental
acerca do farol em causa era a que constava num oİ cio do Governador Bres-
sane Leite, datado de 11 de Setembro de 1843, no qual informava que alguns
comerciantes de Luanda se haviam compromeƟ do a parƟ cipar na construção
de um farol no Morro das Lagostas.
O facto de nada constar, quer no Governo de Angola, quer no Governo
em Lisboa, sobre a construção e posse do farol em causa, leva a admi-
Ɵ r como muito provável que a sua construção Ɵ vesse sido efectuada sem
qualquer envolvimento das verbas do Estado.
Fosse quem fosse o proprietário, o que é um facto é que aquele farol
tem consƟ tuído, desde então, um precioso auxiliar para quem demanda o
porto de Luanda.
Cmdt. E. Gomes
N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfi co
Notas
1 Excepto, como é óbvio, qua ndo as suas caracterísƟ cas são, acidental ou propositadamente, altera-
das. Perdoar-me-á o eventual leitor esta pequena interrupção no assunto para relatar um episódio
ocorrido no arquipélago de Cabo Verde que, contado por quem foi, não duvido da sua autenƟ ci-
dade. No tempo em que os faróis funcionavam a petróleo, numa das ilhas daquele arquipélago,
sempre que o abastecimento não ocorria na data programada, e temendo fi car sem petróleo para
o funcionamento do farol, o respecƟ vo faroleiro racionava o seu consumo reduzindo consideravel-
mente a intensidade da luz.
2 Tal como, aliás, os pescadores, conforme sucedeu em Viana do Castelo em 1785.
Fonte: Angolana vol. II
28 FEVEREIRO 2018